Goleiro do Qatar tem irmão que emocionou o mundo em Olimpíada
Classificação e Jogos
Meshaal Barsham tem como função não deixar que nada passe por debaixo do travessão. Mutaz Essa Barshim sonha em se tornar o segundo homem do planeta a passar por cima de um. Um é goleiro da seleção do Qatar. O outro, o maior ídolo do esporte olímpico do país da Copa do Mundo.
Mesmo se você não entender quase nada de atletismo, é provável que você conheça o mais famoso dos seis irmãos Barshim/Barsham. Mutaz protagonizou uma das cenas mais bonitas e emblemáticas não apenas da Olimpíada de Tóquio como da história dos Jogos Olímpicos de forma geral.
Barshim e o italiano Gianmarco Tamberi estavam empatados em primeiro lugar na competição de salto em altura da Olimpíada, tendo ambos passado o sarrafo a 2,37m, mas falhado em dois centímetros a mais, 2,39m. Pelas regras da modalidade, no desempate, os árbitros devem decidir uma altura que eles devem tentar passar, até que um vá melhor e leve o ouro, deixando o outro com a prata.
Quando a opção foi anunciada por um árbitro, o italiano perguntou se a prova poderia ter dois ouros. Quando a resposta foi sim, os dois se entreolharam e se entenderam sem dizer uma palavra. Os dois seriam campeões olímpicos. "Ele é um dos meus melhores amigos, não só na prova, mas fora da competição também. Trabalhamos juntos. É um sonho virando realidade. Esse é o espírito, o espírito esportivo, e a gente está aqui para passar essa mensagem". comentou Barshim na ocasião.
O saltador é o maior atleta olímpico da história do Qatar, e um dos maiores da história da sua prova em todo o mundo. O recorde mundial pertence ao cubano Javier Sotomayor, um fenômeno do esporte, que passou o sarrafo a 2,45m em 1993. Barshim é o segundo da lista, com 2,43m. Isso é um centímetro a menos do que a altura do travessão de um gol de futebol.
Qatar no mapa do esporte
O Qatar é um jovem país de 3 milhões de habitantes que, a despeito do seu enorme poderio financeiro, impulsionado pelo petróleo, tem pouca tradição no esporte. Participou da primeira Olimpíada em 1984, ganhou três bronzes em 30 anos, e só foi se tornar protagonista de uma prova com Barshim.
E justamente em uma prova que estava adormecida no programa do atletismo. Sotomayor, o maior de todos, estabeleceu o recorde mundial em 1993, e depois disso foram 20 anos sem ninguém passando o sarrafo nem a 2,41m. Até que o ucraniano Bohdan Bondarenko e Barshim voltaram a puxar o nível da prova, com o qatari chegando a 2,43m e, o rival, a 2,42m.
Sempre favorito ao ouro, Barshim foi prata em Londres-2012 e depois novamente na Rio-2016, alcançando o ouro pelo empate de Tóquio. Em Mundiais, é o único tricampeão consecutivo da prova. Graças a seus feitos, o Qatar passou a frequentar o noticiário esportivo não apenas pelo poderio financeiro ou pelos atletas contratados de outros países.
Afinal, Barshim é nascido, criado e treinado no Qatar, ainda que tenha origem sudanesa. Seu pai foi corredor de meia distância que se mudou para o Qatar para treinar e competir e, ali, criou os filhos frequentando a Aspire, uma academia ligada ao governo local que tem como objetivo formar atletas de diversas modalidades, inclusive atletismo e futebol.
De lá saíram três irmãos atletas. Dois deles, do salto em altura. Quando Mutaz já era apontado como grande revelação do esporte do Qatar, seu irmão Muamer também passou a competir internacionalmente pelo país, na mesma prova. Em 2014, eles chegaram a dividir o pódio dos Jogos Asiáticos. Mas Muamer, três anos mais novo, nunca teve sucesso sequer parecido do mais velho. Na carreira, encerrada em 2017, teve 2,25m como melhor salto.
Enquanto Muamer se encaminhava para aposentar as sapatilhas e Mutaz ganhava sua segunda medalha olímpica, Meshaal fazia sua estreia como jogador profissional de futebol. O goleiro, oito anos mais novo que o irmão mais famoso, defende o Al Sadd desde 2017.
Na equipe, costuma revezar com Saad Al Sheeb, que foi o goleiro titular do Qatar na Copa América de 2019, no Brasil. Mas, mesmo jogando relativamente pouco pelo clube, ganhou chance na seleção principal depois de se sair bem com o time sub-23 do Qatar. Foi titular na Copa Ouro, outro torneio para o qual o Qatar foi convidado, e ali garantiu a convocação para a Copa.
No Mundial, estreou na reserva, com Saad Al Sheeb sendo escalado para a abertura. Depois de tomar dois gols na derrota para o Equador, com um desempenho bastante criticado, o mais velho perdeu a vaga na equipe, e Meshaal fez sua estreia. Não fez feio, mas também não evitou a derrota por 3 a 1 para Senegal.
Agora, a seleção do Qatar vai se despedir da Copa do Mundo em casa contra a Holanda, na terça-feira. Caso Meshaal esteja novamente em campo, ele sabe que contará com a torcida do irmão famoso.
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