Pai preso, espancado e perseguido: a dramática história do capitão da Suíça
Classificação e Jogos
O meia de campo e capitão da seleção suíça Granit Xhaka, de 30 anos, um dos principais jogadores no duelo contra o Brasil na Copa do Mundo, tem uma história de vida marcada pelos conflitos geopolíticos e, no passado, já usou o campo de futebol como espaço para se posicionar. Após a derrota para o Brasil, Xhaka elogiou a seleção de Tite.
O jogador suíço nasceu em 1992, dois anos após seus pais deixarem a Iugoslávia. Sua família foi perseguida e expatriada.
Quando os pais de Xhaka saíram da Iugoslávia, o país vivia um colapso econômico e o nacionalismo sérvio ganhava força em oposição ao independentismo de Croácia e Eslovênia. O território era um barril de pólvora no qual a Sérvia, centro do poder iugoslavo, já não conseguia mais manter o bloco de nações de forma coesa.
A mãe Elmaze e o pai Ragip tinham se conhecido e se apaixonado em 1985, mas Ragip acabou preso três meses depois por participar de manifestações contra o governo comunista em Belgrado. Demandava maior autonomia à província de Kosovo, cuja população tinha (e tem) ampla maioria de albaneses, a sua etnia.
Condenado sumariamente a seis anos de prisão, o pai de Granit Xhaka foi espancado com frequência até ser liberado — sem razão aparente — após cumprir pouco mais da metade da pena. "Era tudo puramente político", lamentou o jogador durante entrevista ao jornal inglês Guardian, em 2017. "Como filho, esta história me toca no coração. É muito trágico."
A decisão de deixar a Iugoslávia foi tomada com urgência pela família Xhaka, em 1990, assim que Ragip Xhaka foi posto em liberdade. O casal emigrou para a Suíça, onde no ano seguinte nasceu Taulant; dezoito meses depois veio Granit. O mais novo é um dos pilares da seleção suíça.
Águia com as mãos
Na Copa passada, mostrou sua posição política anotar gol contra a Sérvia. Em 2018, o suíço aproveitou os holofotes para apoiar a causa kosovar: comemorou fazendo com as mãos a águia negra de duas cabeças, símbolo presente na bandeira da Albânia. Os albaneses compõem 92% da população do Kosovo, que não tem sua independência reconhecida pela Sérvia apesar de tê-la declarado em 2008.
'Pode montar três times'
No jogo desta segunda-feira contra o Brasil, a Suíça acabou derrotada por 1 a 0. A Suíça quase conseguiu segurar o ataque da seleção brasileira, mas acabou levando um golaço de Casemiro na reta final da partida e terminou derrotada na segunda rodada do Grupo G. Após a partida, o capitão Granit Xhaka enalteceu a qualidade técnica da equipe comandada por Tite dizendo que o Brasil pode "montar três times" com seus jogadores.
"O Brasil tem uma qualidade muito grande, sabe jogar pelo chão. É diferente da Sérvia, que joga mais em cruzamentos, com Mitrovic. O Brasil tem muita qualidade. Até conseguimos fazer algumas coisas boas hoje, mas eles são muito bons. Podem montar três times", afirmou o camisa 10 suíço, na zona mista.
Na sequência, Xhaka elogiou o autor do gol que garantiu a classificação antecipada às oitavas de final do torneio para a seleção pentacampeã do mundo.
"Casemiro jogou muito bem no Real Madrid, agora está indo muito bem no Manchester United. É sempre bom assisti-lo e jogar contra. Uma pena que ele fez gol contra a gente hoje", completou o meio-campista de 30 anos, que defende o Arsenal.
Apesar da derrota, a Suíça segue na segunda colocação da chave, com três pontos. Camarões e Sérvia, que empataram mais cedo em um jogo de seis gols, possuem apenas um ponto, ficando fora da zona de classificação, mas seguem na disputa pela segunda vaga para o mata-mata na rodada final da fase de grupos.
As partidas decisivas do Grupo G serão disputadas na próxima sexta (2), às 16h (de Brasília). Os duelos serão Sérvia x Suíça e Brasil x Camarões.
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