Brasileiro dribla inspeção com cartaz "eu amo cerveja" e faz fama no Qatar
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Um cartaz solitário roubou a cena no meio do setor onde estava a parte mais barulhenta da torcida brasileira em Doha nesta segunda-feira. Durante a vitória por 1 a 0 contra a Suíça, um torcedor erguia, com orgulho, uma mensagem a cada lance de ataque ou perigo da Seleção. Mas não era um recado para algum jogador, parente ou amigo. E, sim, uma declaração de amor... À cerveja.
"Eu amo cerveja". Assim, simples, escrito à mão em letras garrafais e coloridas de verde e amarelo, tanto na língua portuguesa de um lado quanto em inglês do outro. Essa foi a forma que o coordenador comercial paulistano Clélio Pereira, 36 anos, encontrou de expressar ao mundo seu amor pela bebida que está proibida nas partidas da Copa do Mundo do Qatar.
O torcedor virou uma celebridade nos jogos do Brasil, com pessoas pedindo fotos, celulares filmando, compartilhamentos nas redes sociais e até aparição na transmissão oficial da partida. Mas ele jura que não é nenhum protesto pelo impedimento às bebidas alcoólicas no país durante a competição.
"A ideia foi bem antes de proibirem a cerveja, pois sou muito fã de cerveja e sou conhecido pelos meus amigos como bebedor de cerveja. Eu amo cerveja e bebo toda vez que eu posso. É uma carta de amor à cerveja", disse Clélio ao UOL.
No primeiro jogo, contra a Sérvia, inclusive, ele precisou driblar a inspeção para ingressar no estádio. "Embaçaram um pouco, mas enrolei para o "I love beer" ficar escondido, aí me perguntaram o que significava 'cerveja' e eu dei um 'migué' e disse que era o nome do meu cachorro, aí deixaram entrar", contou o brasileiro.
Ele reconheceu que a proibição à bebida potencializou a mensagem, já que os torcedores que viajaram ao Qatar ficaram na bronca com a decisão do governo local, tomada dois dias antes de a Copa do Mundo começar. "Virou uma carta de protesto. Aí, virou zoeira, virou meme. No jogo de ontem, viralizou absurdo, estão me marcando, até a Gina Indelicada postou e virou aquele negócio, brasileiro no Qatar é f..., posta de cerveja onde não pode", brincou Clélio.
O torcedor chegou no Qatar há uma semana, em companhia do pai, irmão e cunhada, e vai assistir também à partida contra Camarões, marcada para a próxima sexta, no estádio Lusail. Ele vem conseguindo beber cerveja nos locais permitidos com o dinheiro que economizou nos últimos 4 anos.
"Fui na Fan Fest o máximo que eu pude, em bar o máximo que eu pude também. A ideia é ir sempre em todas as Copas, economizar dinheiro por 4 anos para ir de novo e curtindo ao máximo possível", disse Clélio.
Ele assistiu ao jogo contra a Suíça no meio do setor onde estavam as organizadas brasileiras Movimento Verde Amarelo (MVA) Torcida Canarinho, que vêm movimentando as arquibancadas do Brasil no Qatar com músicas, tambores, pandeiros e bandeiras.
Ao longo do Mundial, o país sede só vem liberando bebidas alcoólicas em poucos locais autorizados, como hotéis internacionais e na área da Fan Fest - onde um copo de cerveja custa R$ 75. Isso está diminuindo bastante a empolgação de torcedores ao longo dos jogos - os ingleses, que estão acostumados a beber, por exemplo, são os mais desanimados.
As torcidas brasileiras vêm tentando driblar a restrição com festas que promovem bebida liberada antes dos jogos. Nesta segunda, por exemplo, o UOL compareceu ao encontro da MVA, ocorrido no estacionamento de um hotel, com cerveja à venda por cerca de R$ 50 o copo. Cerca de 2 mil pessoas compareceram, o que gerou uma enorme festa.
A exemplo do que aconteceu contra a Sérvia, as arquibancadas do estádio 974 estavam tomadas por camisas amarelas, graças à grande presença de torcedores brasileiros e também estrangeiros que apoiam a Seleção. O Brasil volta a campo contra Camarões, na sexta, às 16h (de Brasília), no Lusail.
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