Neuza Back será primeira brasileira a entrar em um jogo masculino de Copa
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O ano de 2022 ficará marcado na história do futebol pela presença de mulheres na arbitragem da Copa do Mundo pela primeira vez no torneio que está perto de se tornar centenário. Três árbitras e três assistentes de países espalhados pelos continentes estão Mundial, sendo uma delas a brasileira Neuza Inês Back, de 38 anos, e que fará sua estreia na partida entre Costa Rica e Alemanha, na quinta-feira (1), pela terceira rodada do Grupo E, às 16h (de Brasília). Ela será a assistente número 1, ao lado da mexicana Karen Diaz Medina. A arbitragem será da francesa Stéphaine Frappart.
Nascida no município de Saudades, no interior de Santa Catarina, Neuza viveu até a juventude no distrito de Juvêncio, que possui cerca de quatro mil habitantes apenas. Desde 2018, ela mora em São Paulo, onde divide apartamento com a árbitra Edina Alves Batista.
A decisão de se mudar para a capital paulista tinha como principal objetivo o crescimento e novas oportunidades na carreira. Por outro lado, a escolha trouxe à auxiliar uma saudade constante de seus familiares, sendo o convívio em casa, no interior de Santa Catarina, uma de suas principais renúncias em busca do sonho.
Interesse pela arbitragem começou com irmão
Formada em educação física, Neuza deu seus primeiros passos na arbitragem acompanhando seu irmão mais velho, André Back, que possui a mesma formação. O primogênito de três irmãos foi quem começou na arbitragem, trabalhando no futebol de campo, no interior, e passou a ter a companhia de Neuza, que foi tomando gosto pela ideia.
O início foi na Federação Catarinense de Futebol (FCF), após se formar na Escola Catarinense de Arbitragem Gilberto Nahas, em 2008. Ela permaneceu no quadro da FCF até 2018, quando se transferiu para a Federação Paulista de Futebol (FPF) e passou a a morar com a amiga Edina Alves - que foi quem precisou convencê-la a sair de Santa Catarina para São Paulo.
"Eu conheci a Neuza em 2008, em um jogo que fui apitar do feminino em Santa Catarina e ela foi minha auxiliar. Depois desse encontro, a gente começou a conversar por mensagem, coisas de cursos, arbitragem, trocar ideia mesmo. Atualmente, nós dividimos um apartamento em São Paulo, desde que saiu nosso nome na lista do Mundial de 2018. Mudamos nossa vida para representar o Brasil fora. Aqui, eu sou a família dela e ela a minha porque não temos mais ninguém em São Paulo. Então, quando as coisas às vezes não estão indo muito bem, uma sempre apoia a outra", contou ao UOL Esporte.
Distância da família é um grande desafio
Há quatro anos na capital paulista, a distância dos familiares é uma das principais dificuldades que Neuza enfrenta em busca do sonho de crescer cada vez mais na profissão. Em contato com o UOL, a irmã da auxiliar, Tânia Back, contou que pela rotina difícil de viagens da assistente, eles que tomam a iniciativa de visitá-la na maior parte das vezes para minimizar a situação desafiadora.
"É realmente difícil. Porque quando a pessoa sai da cidade é muito difícil fazer um circulo novo de amizades. O trabalho dela não permite tanto uma vida social, porque ela está a cada três dias em uma cidade diferente, tem a rotina de treinos, de alimentação. Ela sente muito falta realmente. A gente liga sempre que pode, mas também não é fácil, porque geralmente ela está em algum voo ou prova. Para ela vir é muito difícil pela logística, então a gente tenta ir mais do que ela vir", explicou.
Dedicação e busca pela excelência
De acordo com quem convive com Neuza, a dedicação e a busca constante pela excelência são as principais características que a cercam. Organizada e focada, a assistente está sempre com uma lista extensa de tarefas, que incluem treinos, alimentação, e estudos variados. Além do português, ela ainda fala inglês, espanhol e alemão - um grande diferencial entre outros profissionais.
"A Neuza é muito correta, verdadeira e sincera. Não gosta de mentiras. Se ela falar que vai estar em tal lugar em determinada hora, ela vai estar. Ela gosta que as pessoas cumpram com ela exatamente como falado. Ela é muito dedicada. Agora, no processo do Mundial, ela treinava duas vezes por dia. A Neuza faz uma lista de tarefas e cumpre todas. Às vezes eu olho e penso: como ela conseguiu fazer tudo isso?", disse Edina.
"Não gosto de ver os jogos dela"
A hostilidade comum aos árbitros de futebol é um ponto que faz com que a irmã Tânia evite de assistir aos jogos de Neuza nos estádios. Já há alguns anos, os familiares acompanham as partidas pela TV, mas evitam de prestigiar pessoalmente devido à questão.
"Eu não gosto de assistir jogo dela. Tem muito xingamento. Meus pais veem tudo pela TV, mas pessoalmente é delicado. Eu já fui ao campo e faz muitos anos por isso. Em uma das últimas vezes que fui, eu morava em Chapecó e ela foi trabalhar em um jogo da Chapecoense. Estavam xingando muito, foi muito ruim, porque ela é minha irmã. Quando a gente vai, ela sempre pede para a gente não se manifestar, só assistir ao jogo mesmo, mas é difícil".
- O Posse de Bola traz comentários de Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, José Trajano, Casagrande e Milly Lacombe sobre os destaques do dia da Copa do Mundo, confrontos das oitavas de final e mais. Assista:
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