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Herói de Senegal é francês, filho de faxineira e nasceu 'junto' com esposa

Kalidou Koulibaly, do Senegal, comemora após marcar o segundo gol de sua equipe contra o Equador na Copa - Ryan Pierse/Getty Images
Kalidou Koulibaly, do Senegal, comemora após marcar o segundo gol de sua equipe contra o Equador na Copa Imagem: Ryan Pierse/Getty Images
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O herói da volta de Senegal às oitavas de final de uma Copa do Mundo tem nome, sobrenome e apelido: Kalidou Koulibaly, o K2, é considerado uma lenda em Nápoles, onde defendeu o Napoli por 8 anos, em mais de 314 partidas. E tem uma história curiosa de vida até chegar ao gol histórico desta terça-feira, na vitória por 2 a 1 contra o Equador.

Comprado por 40 milhões de euros pelo Chelsea na última janela de transferências, Kalidou Koulibaly nasceu na cidade de Saint-Dié-des-Vosges, na França, há 31 anos, no dia 20 de junho de 1991. Curiosamente, no mesmo dia e hospital, nasceu sua mulher, Charline Oudenot, que está com o jogador há 11 anos. Apesar de nascer francês, contudo, o jogador decidiu defender o país de origem de seus pais, Senegal. A escolha foi tomada ainda no início da carreira profissional, já que o zagueiro chegou a defender seleções de base francesas, e teve influência da mulher.

O pai dele trabalhava em uma fábrica de roupas no Senegal e, segundo consta em reportagens da imprensa local, trabalhou por cinco anos sem folgar nos finais de semana para guardar dinheiro até conseguir ir para a França com a esposa, futuramente mãe de Kalidou. Ela completava a renda da família fazendo serviços de faxineira.

"Na hora do gol veio tudo isso na cabeça", disse Koulibaly ao UOL, após a vitória de Senegal. "Pensei em tudo. Mas hoje queremos dedicar a vitória a Papa Bouba Diop. Ele nos fez sonhar quando éramos crianças. Hoje eu que fiz o gol, estou contente, mas queremos dedicar à família dele, que nos deu muita força. E também às vítimas das enchentes na Ischia (Sul da Itália), tenho amigos, sinto muitíssimo pelo que está acontecendo lá."

Diop foi o autor do primeiro gol de Senegal em Copas, no dia 31 de maio de 2002, em uma vitória sobre a França que chocou o mundo. Ele morreu aos 42 anos de idade devido a uma doença degenerativa, e o aniversário de dois anos da morte coincidiu justamente com a partida decisiva para os senegaleses. "Tínhamos de vencer por Diop, uma lenda em nosso país, e queríamos fazê-lo feliz", disse também o goleiro Mendy.

Senegal saiu ganhando com um gol de pênalti de Sarr, no primeiro tempo. Na etapa final, o Equador empatou com Caicedo, aos 22 minutos — resultado que daria a classificação aos sul-americanos. Mas aí veio o herói da noite, Koulibaly, para fazer o gol da vitória, aos 25 minutos.

"Ele (Koulibaly) é um exemplo para todos nós, assim como Mané. É profissional, um grande jogador e temos que segui-lo", disse o volante N'Diayé, que atua no Reading, da Inglaterra.