Carrascos do Brasil nas duas últimas Copas caem na primeira fase no Qatar
Classificação e Jogos
Se a torcida contra a Argentina não surtiu muito efeito, ao menos essa quinta-feira (1) foi um bom dia para o brasileiro que guarda rancor das últimas Copas do Mundo. A Bélgica, que tirou o Brasil em 2018, e a Alemanha, aquela do 7 a 1, foram eliminadas do Mundial no Qatar. E, de brinde, Thierry Henry, algoz de 2006, também volta para casa — ele é auxiliar da seleção belga.
Ambos os eliminados eram bem cotados para chegar longe no mata-mata, e deixam a competição ainda na fase de grupos, ficando atrás de equipes bem menos badaladas. No grupo da Bélgica, o primeiro lugar ficou com Marrocos. No da Alemanha, com o Japão.
E por muito pouco a lista de favoritos a voltarem para casa não ficou ainda maior. A Espanha perdeu por 2 a 1 para o Japão, resultado que acabou sendo positivo por tirar a equipe do caminho da Croácia e desclassificar a Alemanha. Já os alemães até venceram a Costa Rica, por 4 a 2, resultado que não passou nem perto do saldo de gols necessário para avançar.
Se a Alemanha tivesse perdido, levava a Espanha no mesmo voo de volta para a Europa. Para ela, não faria diferença. Com ou sem vitória na última rodada, o vexame estava decretado pela segunda vez seguida. Se até conquistar o tetra em 2014, no Maracanã, a Alemanha nunca havia sido eliminada na primeira fase de uma Copa do Mundo, agora são duas desclassificações seguidas.
Somando os dois Mundiais depois do 7 a 1, a Alemanha conquistou meros sete pontos. Perdeu de México, Coreia do Sul (em 2018) e Japão (em 2022), empatou com a Espanha (em 2022) e venceu Suécia (2018) e Costa Rica (2022). É um desempenho do mesmo nível da Tunísia e da Polônia. Até a Arábia Saudita ganhou dois jogos nessas duas Copas.
A eliminação alemã é surpreendente quando se analisa o histórico dela em Copas do Mundo e o desempenho quase perfeito nas Eliminatórias, com nove vitórias e só uma derrota — em casa, para a Macedônia do Norte. Mas corresponde com a campanha na fase de grupos da Liga da Nações. Os alemães empataram quatro de seis jogos, só venceram uma partida (contra a Itália) e perderam da Hungria em casa. Nada que empolgasse.
Tanto que o time chegou na Copa sem a confiança da torcida. O técnico Hansi Flick não encontrou um lateral-direito em três jogos, passando quatro jogadores pela posição, e tinha como opção de "9" no banco o pesadão Fullkrug. Considerado um dos melhores de sua geração, Kai Havertz esquentou o banco — e, quando saiu de lá, fez dois gols e mostrou que talvez seu lugar fosse no campo.
A geração belga
Por anos o torcedor brasileiro mais acostumado ao dia a dia do futebol ouviu falar da primeiro "promissora", depois "ótima geração belga". Era a turma de Courtois, Kevin De Bruyne, Witsel, Eden Hazard, Lukaku e Carrasco, que poderia tirar a Bélgica do patamar de seleção mediana para colocá-la na briga por títulos.
Eles não venceram, mas o país fez ótima campanha em 2018, eliminando o Brasil nas quartas de final. Terminaram o Mundial em terceiro, com derrota para a França e vitória sobre a Inglaterra. Ainda não era o que a Bélgica queria, mas ao menos era melhor do que qualquer outra campanha.
No Qatar, o objetivo era ir ainda mais adiante, mas a equipe encontrou (e criou) obstáculos. O maior: o subaproveitamento de Lukaku, que chegou à Copa com uma lesão muscular e, sem estar 100%, ficou no banco. Quando entrou no segundo tempo contra a Croácia, perdeu gols que um Lukaku em forma não perderia.
Além disso, a idade pesou para o que um dia foi uma geração promissora. Kompany encerrou seu ciclo na seleção, e Vertonghen (35 anos) e Alderweireld (33) já não têm o pique de antigamente. Isso nunca foi segredo para ninguém, mas Hazard e De Bruyne, duas das estrelas do elenco, resolveram falar disso publicamente. Vertonghen reclamou com eles no vestiário, e, segundo a imprensa francesa, os três quase chegaram às vias de fato.
No campo, a verdade é que nenhum deles rendeu. Hazard quase não jogou e De Bruyne não passou perto do craque do Manchester City. Pela idade, é possível que nenhum dos dois vá até a próxima Copa. No máximo uma Eurocopa dois anos antes, em 2024. Por enquanto, o próximo passo é pegar o avião de volta para casa.
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