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Preço de custo assusta e tabelinha de papel da Copa some do comércio

Jornaleiro há 38 anos em BH não teve tabelinha da Copa disponível pela primeira vez  - Lohanna Lima/UOL Esporte
Jornaleiro há 38 anos em BH não teve tabelinha da Copa disponível pela primeira vez Imagem: Lohanna Lima/UOL Esporte

Lohanna Lima

Do UOL, em Belo Horizonte (MG)

01/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

Ao longo das últimas edições da Copa do Mundo, a boa e velha tabelinha de papel para anotar os resultados dos jogos era artigo quase obrigatório nos comércios e bancas de revista de Belo Horizonte. Porém, com o crescimento cada vez maior da tecnologia, os aplicativos e simuladores ganharam mais espaço e o tradicional papelzinho com os confrontos desapareceu na atual edição do Mundial, sendo o preço de custo uma das questões identificadas para a falta.

A reportagem do UOL visitou cerca de 20 comércios no centro da capital mineira, começando pela famosa avenida Afonso Pena e passando pelas ruas da Bahia e Augusto de Lima, mas nenhuma tabelinha foi encontrada. De acordo com orçamentos obtidos pela reportagem, a quantidade mínima de tabelinha era de 1 mil unidades com preços que variavam de R$ 550 a R$ 1 mil.

Entre farmácias, livrarias, bancas de revista, depósitos, lojas de roupa ou de artigos importados, as respostas eram quase sempre as mesmas: "não temos, mas ainda há pouco alguém perguntou se tínhamos". Nas redes sociais, diversos torcedores manifestaram o desejo de contar com as tabelinhas, mas sem sucesso na procura.

O empresário Bruno Faleciano é dono de uma autoescola em BH e fez o orçamento do material para oferecer aos clientes. Porém, desistiu devido ao preço.

"Quis fazer porque acho legal comercialmente e porque gosto muito de futebol também. Cheguei a fazer um orçamento que ficou em quase R$ 1 mil, então não fechei. Na recepção tem uma TV, então as pessoas procuram a tabelinha às vezes. Não cheguei a ver ninguém [outros comércios] que tenha feito", contou.

Gráfica passou em branco na Copa pela primeira vez

Uma gráfica de quase 20 anos de mercado em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, enviou diversos orçamentos aos clientes interessados, mas pela primeira vez não conseguiu fechar nenhuma tabelinha para a Copa do Mundo, como explicou a empresária Cláudia Silvia ao UOL.

"Eu tenho um cliente que em toda Copa faz as tabelinhas. Este ano mandei três orçamentos para ele diminuindo a quantidade a cada vez e ele não chegou a fechar o negócio. Creio que as pessoas estejam achando caro e não estão dando valor ao papel. Na última Copa, eu fechei muitas tabelinhas, mas este ano não saiu nenhuma", disse.

Bancas também não tiveram material

O jornaleiro Vanir Birro Moreiria possui uma banca no centro de BH há 38 anos. Esta foi a primeira Copa em que o tradicional artigo não está presente em seu comércio.

"A tabela da Copa era um item fundamental e hoje não tem mais, acabou. Jornais são poucos os que circulam na banca, assim como as revistas. Agora há pouco mesmo, um rapaz procurou pela tabela e não tinha nenhuma. Elas chegavam sempre com um mês de antecedência, mas até agora nada", contou.