Repórter relata caso de assédio no Qatar: 'Perguntaram se sou atriz pornô'

A jornalista carioca Isabelle Costa, que está no Qatar cobrindo a seleção brasileira na Copa do Mundo, foi perseguida e assediada por dois homens no metrô de Doha, a caminho do Estádio Lusail — onde o Brasil perdeu para Camarões, pela última rodada do Grupo G. Ela foi questionada se era uma atriz pornô.

"Eu percebi uma movimentação diferente desses dois homens, desses rapazes que estavam no metrô. Eles começaram a me gravar, sem a minha autorização, nem os conhecia, não são brasileiros. Eles estavam gravando, rindo. Eu pensei: 'Deve ser mais uma vez que serei observada de uma forma diferente aqui'. Até que um deles me aborda, me mostrando uma foto de uma atriz. Perguntando se eu era a atriz pornô, ele começou a rir. Minha reação foi falar que não era e sair de perto, com muita raiva. Depois meu deu um estalo, eu comecei a correr atrás dele e gravei. Eles perceberam que eu estava gravando e saíram correndo", disse Isabelle ao UOL (veja a entrevista acima).

A jornalista carioca disse que percebeu a movimentação estranha dos rapazes porque eles estavam olhando sem parar para ela.

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"Eu estava vindo de metrô para o estádio [Lusail]. Eles estavam me observando muito, muito fora do normal. Nós mulheres sentimos quando tem alguma coisa a mais. Desta vez foi muito ruim. Aqui a gente é muito mais observada, a impressão que dá é que eles nunca viram, nunca tiveram esse contato tão forte com outras mulheres, de fora do Qatar", afirmou.

Isabelle, que ficou conhecida nas redes sociais na cobertura do Flamengo, está no Qatar há 10 dias. Ela disse que já foi assediada pelo menos sete vezes. "Não foi a primeira, nem foi a segunda, terceira, quarta. Sei lá, deve ter sido a sétima vez que acontece isso comigo aqui, eu estou há 10 dias. É muito chato, foi a minha reação [filmar e denunciar o assédio] também."

"No Brasil é diferente"

Acostumada a cobrir jogos no Brasil, principalmente do Flamengo, Isabelle Costa falou que a situação é diferente no Qatar. A impressão da brasileira é que, no país em que não podem abordar as mulheres, os homens estão "loucos" e aproveitando a Copa para atacar estrangeiras.

Ela disse que só tem usado calças e que está cuidando para não mostrar os ombros, até para respeitar a cultura local.

"É muito diferente do Brasil. E olha que o Brasil é um país muito mais livre, é um país em que as mulheres têm total liberdade. A impressão que eu tenho é que eles estão simplesmente loucos. 'Meu Deus, nunca vi, vou em cima', entendeu?", afirmou.

"Quando eu estava vindo, eu estava observando outras meninas brasileiras que já estavam aqui e vendo como elas estavam se portando. Eu não troquei totalmente meu vestuário, com roupas que eu uso no Brasil. Mas eu estou sempre com casaco por cima, com alguma coisa. Até por uma questão de respeito à cultura deles. Eu sempre estou com calça, porque não pode mostrar a perna. E, quando eu estou com uma blusa que pode aparecer um pouco da minha barriga, eu coloco algo por cima", explicou.

Atualmente, a jornalista tem mais de 80 mil seguidores nas redes sociais.