No primeiro dia das oitavas, futebol volta a ter lógica
Classificação e Jogos
Na Copa do Mundo das zebras, o primeiro dia das oitavas de final foi marcado pela lógica. Holanda e Argentina, duas favoritas do sábado --pelo ranking da Fifa, pelo histórico em Mundiais e pelas casas de apostas-- venceram seus duelos contra Estados Unidos e Austrália. As duas seleções se enfrentam nas quartas de final, na sexta-feira (9), às 16h (horário de Brasília).
O Mundial do Qatar teve uma fase de grupos marcada por resultados improváveis, inéditos, ou ambos. A própria seleção argentina foi quem inaugurou a temporada de surpresas, com derrota por 2 a 1 contra a Arábia Saudita, na primeira rodada do Grupo C. Todas as outras campeãs mundiais foram surpreendidas, à exceção da Inglaterra.
No Grupo E, Alemanha e Espanha foram derrotadas pelo Japão, pelo mesmo placar: 2 a 1. Os resultados acabaram eliminando os alemães e empurraram os espanhóis para o segundo lugar da chave.
Embora em outro contexto, França e Brasil também foram surpreendidas, ambas por rivais africanos. A França escalou um time irreconhecível, com dois laterais improvisados e perdeu pela primeira vez para a Tunísia (1 a 0) em jogos oficiais.
Já a seleção brasileira, com 9 mudanças com relação à vitória sobre a Suíça, caiu diante de Camarões, também por 1 a 0. O gol de Vincent Aboubakar foi histórico porque deu aos camaroneses a primeira vitória de uma seleção do continente africano contra o Brasil em Copas do Mundo.
Diante desta coletânea de surpresas, as oitavas de final se apresentavam como chance de novos resultados pouco habituais. Segunda colocada no Grupo B, com uma vitória e dois empates, a seleção dos Estados Unidos (16ª no ranking da Fifa) tentava surpreender a Holanda (8ª), mas caiu por 3 a 1.
Na outra partida do dia, a Austrália (38ª colocada) jogava o segundo jogo de oitavas de final de sua história em Copas do Mundo, mas não resistiu à Argentina (3ª), no jogo número 1.000 de Lionel Messi, mas também não conseguiu: foi superada por 2 a 1.
Holanda finalmente desencanta
Depois de uma fase de grupos pouco empolgante, a Holanda fez seu primeiro jogo de alto nível na Copa do Mundo. A vitória sobre os Estados Unidos teve como boas notícias as atuações de Memphis Depay, que marcou o primeiro gol e foi uma referência no ataque, e de Denzel Dumfries.
O ala-direito, que brilhou na Eurocopa de 2021, mas desde então esteve apagado na Inter de Milão, foi uma das forças ofensivas do time, dando a profundidade ofensiva que faltou nas vitórias sobre Senegal (2 a 0) e Qatar (2 a 0) e no empate diante do Equador (1 a 1).
Após a partida, Dumfries revelou que ele e Daley Blind, o ala-esquerdo, levaram uma bronca do técnico Louis van Gaal. "Sim, o técnico (Van Gaal) foi crítico conosco. Ele disse que poderíamos colocar um pouco mais de pressão na bola. Às vezes éramos muito passivos nisso", disse.
Pela primeira vez na Copa do Mundo, quem passou em branco foi Cody Gakpo, um dos artilheiros da competição, que havia marcado em todas as partidas. O jogador do PSV tem sido muito cobiçado pelos grandes clubes europeus, mas tem evitado falar do futuro. "Vou pensar nisso quando formos campeões", disse.
Messi sendo Messi
No exato milésimo jogo da sua estupenda carreira, o gênio argentino Lionel Messi teve uma atuação "nota mil", segundo a definição mais repetida nas rádios de Buenos Aires, uma capital que segue girando em torno do dial como se fosse um século atrás.
O camisa 10 abriu o placar contra a Austrália naquele que foi o seu primeiro gol em um mata-mata em Copas. A seca impressiona. Esta é sua quinta participação em Mundiais. E até aqui, todos os seus 8 tentos haviam sido marcados em jogos de primeira fase.
Lionel ofereceu ainda passes preciosos para os ataques argentinos. No fim, quando a Austrália pressionou, ele deu um pique "como um garoto de 15 anos", na exagerada análise dos vizinhos, e mostrou que "sabe sofrer como um bom argentino".
"Afinal, nesta nossa história nada é fácil", berrava o narrador Leonardo Gentili, da Rádio La Red, um sucesso entre os torcedores no país.
A presença de Messi entre as oito melhores seleções da Copa é a primeira oportunidade do astro neste estágio desde a Copa de 2014, quando ele enfrentou também a Holanda na semifinal e converteu a sua cobrança na decisão por pênaltis da Neo Química Arena.
A famosa raça argentina
Uma das sentenças mais famosas do tango argentino fala do homem que "soube sofrer para depois de alegrar", o que a seleção argentina reproduziu hoje no Qatar. A equipe do técnico Lionel Scaloni dominou todas as estatísticas, mas sofreu com a eficácia para definir o placar e acabou sofrendo pressão da Austrália no final.
Os minutos derradeiros foram eletrizantes, com os jogadores argentinos pondo em campo a famosa raça que apaixona o seu torcedor, combatendo e contando com uma defesa milagrosa do goleiro Emiliano "Dibu" Martínez, que já gerou uma cena para a história das Copas na Argentina ao comemorar a classificação enlouquecido e abraçado ao zagueiro Nicolás Otamendi, outro destaque positivo da azul e branca até aqui.
As entrevistas dos jogadores depois da partida foram repletas de alívio e palavrões, expressando o drama que devorou os nervos do fanático argentino, que iniciaram uma furiosa festa que deve durar até a próxima sexta-feira, quando a azul e branca encara a Holanda.
Confronto pesado
O Argentina x Holanda das quartas de final será o primeiro confronto realizado na Copa do Mundo do Qatar que já decidiu uma Copa do Mundo. Foi em 1978, no Monumental de Núñez, quando a Argentina empatou com a Holanda por 1 a 1 no tempo normal e soltou o grito de campeão com uma vitória por 2 a 0 na prorrogação, com gols do "Matador" Mario Kempes e e de Daniel Bertoni..
Os dois países tinham se enfrentado na Copa anterior, em 1974, na segunda fase, com uma goleada da Holanda por 4 a 0.
Em 1998, também nas quartas de final, a Holanda despachou a Argentina com uma dramática vitória por 2 a 1, com gol histórico de Bergkamp aos 45 do segundo tempo.
Houve dois outros confrontos depois disso, ambos sem gols: pela primeira fase em 2006 e pela semifinal da Copa do Mundo de 2014. Messi esteve em campo naquela decisão. Os outros dois veteranos da atual seleção, não. Otamendi não foi convocado, e Di María estava machucado.
Próximos jogos
Os seis jogos restantes das oitavas de final mostrarão se a lógica, de fato, voltou a prevalecer. Os duelos de domingo (4) têm duas seleções campeãs mundiais envolvidas e apontadas como favoritas.
Às 12h, a atual campeã França (4ª colocada no ranking) enfrentará a Polônia (26ª) de olho em uma vaga nas quartas de final. A seleção de Mbappé e Griezmann voltará a ter o time completo; quando jogou com seus principais jogadores a equipe de Didier Deschamps venceu a Austrália (4 a 1) e a Dinamarca (2 a 1). Os poloneses somaram 4 pontos na primeira fase: empataram com o México (0 a 0), ganharam da Arábia Saudita (2 a 0) e perderam para a Argentina (2 a 0)
Às 16h é a hora da Inglaterra (5ª no ranking da Fifa) encarar Senegal (18ª). Os ingleses foram os únicos campeões mundiais que não perderam na fase de grupos, com vitórias sobre o Irã (6 a 2) e o País de Gales (3 a 0) e um empate sem gols com os Estados Unidos. Senegal estreou com derrota contra a Holanda (2 a 0), e depois venceu o Qatar (3 a 1) e o Equador (2 a 1).
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