Por que capitão da Suíça fez gesto obsceno no jogo contra a Sérvia na Copa
Classificação e Jogos
O meio campista Granit Xhaka, capitão da Suíça, foi um dos destaques da partida de ontem contra a Sérvia, pela terceira e última rodada do Grupo G da Copa do Mundo do Qatar. Além do caráter decisivo da partida, que podia definir o segundo classificado da chave, o duelo contava com contornos geopolíticos que culminaram na confusão entre os jogadores em campo. E o camisa 10 foi o protagonista.
O duelo terminou com vitória dos suíços por 3 a 2 em um jogo frenético e classificação assegurada às oitavas de final. Só que, pouco antes do apito final, o jogo do Mundial quase teve cenas lamentáveis no gramado depois que Xhaka fez um gesto obsceno, levando a mão às partes íntimas, durante uma discussão com os sérvios. A atitude revoltou os adversários e os ânimos se exaltaram.
A provocação não foi um caso isolado, já que também aconteceu em 2018, e tem um contexto histórico, envolvendo a independência de Kosovo. Xhaka, de 30 anos, é filho de expatriados da Iugoslávia, antigo país da região dos Bálcãs que se fragmentou em diversas nações.
Antes de seu nascimento, a mãe e o pai do jogador do Arsenal deixaram a Iugoslávia em um cenário de colapso econômico e ascensão do nacionalismo sérvio, centro do poder iugoslavo, que se opunha ao independentismo de Croácia e Eslovênia. O pai de Xhaka tinha sido preso após participar de manifestações exigindo a autonomia de Kosovo e foi espancado na prisão, emigrando para a Suíça após ser liberado.
A história da família é um fator importante para o meio-campista. Na Copa passada, na Rússia, ele fez questão de manifestar sua posição política ao marcar no duelo contra a Sérvia, também pela fase de grupos. Após balançar a rede, Xhaka fez um gesto com as mãos simbolizando a águia negra de duas cabeças, símbolo da bandeira da Albânia.
Os albaneses compõem a ampla maioria da população de Kosovo, país que não tem sua independência reconhecida pela Sérvia, embora a tenha proclamado em 2008. Desde então, a região é afetada por episódios recorrentes de violência. A atitude, portanto, foi uma mensagem política.
O gesto da água com as mãos foi repetido na ocasião por Xherdan Shaqiri, nascido em Kosovo. No entanto, isso não se repetiu ontem (2). Shaqiri balançou as redes novamente contra a Sérvia, mas não voltou a fazer o gesto. Ele, entretanto, pediu silêncio à torcida sérvia, que o vaiava a cada toque na bola, depois de seu gol.
O gol do atacante suíço inaugurou o placar, mas a Sérvia conseguiu a virada com Mitrovic e Vlahovic. A Suíça empatou antes do final do primeiro tempo, com Embolo, e retomou a vantagem no início da etapa final, com Freuler. O resultado eliminava os sérvios da Copa e o confronto ficou ainda mais quente.
Xhaka não marcou na vitória por 3 a 2, mas foi peça fundamental em campo e chamou a responsabilidade, além de ter incendiado a partida. Os jogadores sérvios foram tirar satisfação com ele após o gesto obsceno, o que quase resultou em uma briga generalizada. O capitão, que foi protegido pelos companheiros, comandou a classificação da seleção suíça às oitavas de final e recebeu o prêmio de melhor jogador do jogo.
O adversário da Suíça no mata-mata será Portugal, que terminou em primeiro do Grupo H. O duelo será disputado na próxima terça (6), às 16h, no Estádio Lusail. Os suíços buscam chegar às quartas e pelo menos igualar sua melhor campanha em Copas até então.
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