Talento de Valverde e Núñez resiste a ciclo ruim de técnico no Uruguai
![Suárez após o Uruguai ser eliminado da Copa do Mundo do Qatar - Stu Forster/Getty Images](https://conteudo.imguol.com.br/c/esporte/6b/2022/12/02/suarez-apos-o-uruguai-ser-eliminado-da-copa-do-mundo-do-qatar-1670001211051_v2_900x506.jpg)
Classificação e Jogos
Um dia depois de a badalada "geração belga" dar adeus à Copa do Mundo do Qatar ainda na primeira fase, a sexta-feira (2) marcou outra eliminação precoce de jogadores com bagagem em Mundiais.
Na terceira posição no Grupo H, atrás de Portugal e Coreia do Sul, o Uruguai saiu de cena mesmo com uma vitória por 2 a 0 sobre Gana. Foi o ato final de Luis Suárez, Edinson Cavani, Diego Godín e Fernando Muslera, todos disputando um Mundial pela quarta vez. Sem eles, os uruguaios ainda refletem sobre o futuro da seleção do país que na última Copa do Mundo, em 2018, terminou como a melhor representante da América do Sul. Foi a quinta colocada, deixando para trás até mesmo o Brasil (sexto).
Dureza prevista
Uma verdadeira diferença de gerações acomodava os dois. Enquanto Tabárez está com 75 anos, Alonso, visto como alguém ainda mais próximo aos jogadores, tem apenas 47.
A terceira colocação nas Eliminatórias não foi tão preocupante, mas o desempenho, sim. Nesta semana decisiva no Qatar, jogadores de Colômbia e Chile falaram abertamente em seus países que poderiam participar deste Mundial, e que a ida de Equador e Uruguai, com seleções modestas, era uma imprevisibilidade normal do esporte. Em condições só um pouco diferentes, as duas equipes classificadas (uruguaios e equatorianos) ficariam de fora ainda nas Eliminatórias, na avaliação de chilenos e colombianos.
O trabalho de Alonso foi questionado durante o próprio Mundial, com Cavani atribuindo a ele a derrota para Portugal na segunda rodada. A sensação no Uruguai depois da derrota indica que o país deve voltar a cogitar a contratação de um técnico estrangeiro, possivelmente argentino.
Marcelo Gallardo, no River Plate, chegou a ser sondado antes do acerto com Alonso. Agora livre no mercado, ele deve voltar a ser alvo. A campanha no Qatar deixa Alonso sem clima para seguir, e seu contrato termina justamente agora.
Outro nome forte já especulado é o de Marcelo "Loco" Bielsa, histórico ex-treinador das seleções de Argentina e Chile.
Faltou coragem
Por mais que se fale do VAR e da verdadeiro fúria dos jogadores com a arbitragem na partida de hoje, a análise do "El País", o principal jornal uruguaio, foi de que a campanha nas primeiras rodadas (empate por 0 a 0 com Coreia do Sul e derrota para Portugal por 2 a 0) acabou sendo fraca demais.
"A Celeste encontrou adversárias que jogaram mais leves e de maneira mais ofensiva, sem o peso histórico que uma derrota poderia trazer", comentou ao jornal o técnico Pablo Repetto, que hoje dirige o Nacional, um dos grandes do país, ao lado do Peñarol.
A entressafra no país deve ser acentuada no próximos anos, no início do ciclo para a Copa de 2026, que será disputada no Canadá, México e nos Estados Unidos.
Embora não sejam nomes pesados como Suárez e Cavani, há jogadores já consolidados, como Darwin Núñez (Liverpool-ING, 23 anos), Federico Valverde (Real Madrid, 24), Nicolás De La Cruz (River Plate, 25), e Giorgian de Arrascaeta (Flamengo, 28, que iria para sua terceira Copa).
É de se esperar que eles sejam, a partir de agora, o que os veteranos representaram para as gerações anteriores.
E eles serão cobrados para isso, e dois motivos surgem no radar uruguaio. A primeira questão é o sonho de sediar, com a Argentina e com o Paraguai, a Copa de 2030, comemorando os 100 anos da edição inaugural dos Mundiais, em 1930.
O outro motivo é a forte concorrência na América do Sul. Além de Peru, Chile e Colômbia, seleções que tradicionalmente brigam por vaga com a Celeste, há a previsão de que a Venezuela em um futuro próximo também poderá fazer frente.
Comandada hoje pelo argentino José Pékerman, ex-técnico da própria Argentina e da Colômbia em Copas, a única seleção sul-americana que jamais participou de Copas fala abertamente que se sente preparada para enfim ir a um Mundial.
Para a Copa de 2026, com 48 países, a América do Sul terá "seis vagas e meia", segundo definiu Gianni Infantino, presidente da Fifa. O continente classificará os seis primeiros em suas Eliminatórias, e o sétimo vai para a repescagem mundial, cujo oponente neste 2022 foi a Austrália.
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