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A última Copa de Messi e CR7

As principais histórias do último mundial dos melhores jogadores do século

ANÁLISE

Torcida faz Copa do Mundo virar Libertadores e mantém sonho de Messi vivo

Jogadores da Argentina comemoram durante jogo contra a Austrália na Copa do Mundo - Molly Darlington/Reuters
Jogadores da Argentina comemoram durante jogo contra a Austrália na Copa do Mundo
Imagem: Molly Darlington/Reuters

Do UOL, em Doha (Qatar)

03/12/2022 19h12

Classificação e Jogos

O gramado do estádio Ahmad Bin Ali é separado das arquibancadas por muros de concreto de uns 30 centímetros de largura. É um espaço pequeno que serve para pendurar as bandeiras e não atrapalhar a visão de quem está sentado nas cadeiras, só isso. A menos que você seja argentino. Porque aí esse muro vira chão para pisar.

Com torcedores de pé em cima do muro de concreto, contrariando a recomendação de todos os voluntários da Fifa e funcionários do estádio, os argentinos fizeram a Copa do Mundo viver uma noite de Libertadores neste sábado, na partida contra a Austrália que garantiu a classificação da seleção sul-americana para as quartas de final.

É torcida de verdade, que você sente nos estádios da América do Sul. Se, em campo, a presença dos torneios sul-americanos é quase inexistente (Arrascaeta, do Flamengo, foi o autor dos únicos dois gols de um jogador que atua nas ligas do continente em todo o torneio), ao menos o calor dos hinchas argentinos compensa. Talvez sejam os únicos que deixaram a sua seleção 100% em casa na Copa até agora.

Torcedores da Argentina durante a partida contra a Austrália, na Copa do Mundo - Alex Grimm/Getty Images - Alex Grimm/Getty Images
Torcedores da Argentina durante a partida contra a Austrália, na Copa do Mundo
Imagem: Alex Grimm/Getty Images

A música eletrônica que os estádios do Qatar tocam para evitar, artificialmente, que o silêncio tome conta não tem vez nos jogos da Argentina. No lugar disso, versões à exaustão de "cada día te quiero más, soy argentino, és un sentimiento, no puedo parar", "ponga huevos, que ganamos" e "vamos, vamos, selección, hoy te vinimos a alentar, para ser campeón, hoy hay que ganar".

O volume é tão alto que nem mesmo um gol contra a abala. Aconteceu hoje. E os argentinos, aliás, cantaram mais alto justamente quando a Austrália diminuiu o placar no Ahmad Bin Ali. Seguindo o mais típico pensamento latino-americano, a hora de alentar é na parte mais dramática do jogo. A Argentina ainda não teve uma atuação consistente durante 90 minutos na Copa do Mundo, Lionel Scaloni continua mudando peças ao sabor do vento, mas a torcida não saiu do lado, sem tirar os pés do muro.

No apito final foi que o estádio balançou. A música não podia ser outra que não aquela criada depois da morte de Maradona e que dá uma zoada no Brasil por causa da Copa América de 2021. "Muchachos, ahora nos volvimos a ilusionar, quiero ganar la tercera, quiero ser campeón mundial", enquanto os jogadores pulavam, cantavam junto e jogavam água para cima.

Entre eles estava Messi, que mantém viva sua última Copa. Embalado pelo seu sonho e pelo de seus torcedores. E cantando sempre.

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