Amistosos criticados em preparação dão o caminho da Copa para o Brasil
Classificação e Jogos
Os últimos quatro anos de preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo foram marcados por críticas ao nível dos adversários nos amistosos. Por que não enfrentar os europeus? Do que adianta jogar contra asiáticos e africanos? No final, o que era apontado como problema virou solução para o início de mata-mata no Qatar.
O Brasil enfrenta amanhã, às 16h (de Brasília), a Coreia do Sul nas oitavas de final, mesmo adversário de um amistoso realizado há seis meses em Seul. Se avançar, pode encarar justamente o Japão, que tem sido uma das surpresas da Copa, ganhou da Alemanha e da Espanha e agora encara a Croácia.
Há seis meses, o Brasil fazia o Tour Asiático que foi bastante contestado sobre qual seria a real utilidade dessas partidas. Os adversários? Coreia do Sul e Japão.
Aqueles jogos serviram não só para que a comissão técnica ampliasse seu repertório de observação, mas também para que os jogadores tivessem ideia do que teriam pela frente. Todos os jogadores que começaram aquele amistoso foram convocados para a lista final de Tite. Entre os seis que saíram do banco, apenas Philippe Coutinho e Matheus Cunha não estão no Qatar.
O entendimento da seleção é que houve mudanças no adversário de lá para cá, mas a bagagem do Tour Asiático ajuda —ainda mais em uma partida tão importante quanto as oitavas de final de Copa. Houve mudanças na equipe titular dos coreanos e na formação tática, mas não no estilo de jogo, com velocidade na hora de atacar e com certa dificuldade na hora de marcar.
Naquele jogo, a Coreia fez algo que Suíça e Sérvia não conseguiram nessa Copa: acertar a meta brasileira. Na ocasião, Weverton foi quem começou a partida. O palmeirense fez seis defesas no jogo em sete finalizações do adversário.
Alisson, goleiro nos dois primeiros jogos do Mundial, ainda não precisou defender uma bola. A primeira vez em que um rival acertou o gol do Brasil em toda a Copa foi justamente na última partida, contra Camarões. Antes de ser vazado, Ederson fez uma bela defesa em uma cabeçada na pequena área. Foi a primeira intervenção de um goleiro brasileiro em mais de 200 minutos de competição.
Voltando ao jogo em Seul, uma das maiores dificuldades da seleção foi proteger o lado direito, quando Daniel Alves foi o titular. Naquele jogo, Raphinha ainda não tinha tantas funções defensivas e ficou claro que o experiente lateral não estava no melhor do seu físico. Não à toa, perderia meses depois os amistosos contra Gana e Tunísia por estar fora de forma. Hoje, o atacante está sempre na linha defensiva quando o time está sem a bola e, apesar de não viver seu melhor momento ofensivo, ainda agrada muito à comissão.
A Copa chegou e a seleção não teve nenhum problema ao enfrentar os europeus, apesar de todo o receio na preparação. Lembrando que há uma impossibilidade de confrontos contra eles por causa do calendário que inclui partidas da Liga das Nações em todas as Datas Fifa.
Em contrapartida, o time de Tite sofreu muito mais, tanto nos amistosos quanto na Copa, quando enfrentou adversários que não eram europeus. Suíça e Sérvia não estão no primeiro escalão do continente, mas ficaram à frente de times como Itália e Portugal nas Eliminatórias, por exemplo. Camarões, por sua vez, impôs a primeira derrota da história da seleção brasileira em uma Copa. E quem foram os últimos dois adversários antes da estreia? Gana e Tunísia, duas seleções africanas, sendo que a primeira delas era outro dos possíveis adversários para as oitavas, mas acabou eliminada na primeira fase.
No Brasil, o discurso é que esse Mundial do Qatar tem mostrado que as seleções estão mais iguais do que nunca. As derrotas de Argentina para a Arábia Saudita, as de Alemanha e Espanha para o Japão, a da Bélgica para Marrocos e a da França para a Tunísia são os exemplos concretos que Tite pode usar no vestiário para que os atletas entrem em campo sem pensar na diferença da Amarelinha, líder do ranking da Fifa, para o uniforme rosa da Coreia do Sul, 28º colocado dessa lista.
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