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Copa do Mundo agita líderes mundiais, mas Bolsonaro ignora seleção no Qatar

Personalidades assistindo ao jogo entre Japão e Espanha na área vip do estádio Khalifa - Giuseppe Cacace/AFP
Personalidades assistindo ao jogo entre Japão e Espanha na área vip do estádio Khalifa Imagem: Giuseppe Cacace/AFP

Demétrio Vecchioli

Colunista do UOL, em São Paulo (SP)

04/12/2022 16h40

Classificação e Jogos

O primeiro-ministro da Holanda comemorou a vitória da sua seleção sobre os Estados Unidos na Copa do Mundo zombando o presidente Joe Biden: "O futebol venceu". Alberto Fernández agradeceu à seleção argentina pelos momentos de "encher a alma". Para não desagradar a ninguém, o novo primeiro-ministro britânico Rishi Sunak viu o duelo Inglaterra x País de Gales entre uma menina inglesa e uma garota galesa.

Líderes do mundo todo estão mandando energias positivas para suas seleções e comemorando os resultados alcançados até aqui. Com uma única exceção: Jair Bolsonaro (PL). O nacionalista presidente brasileiro, que criou uma imagem de torcedor de futebol, com dezenas de aparições públicas com camisas de times, segue sem tecer nenhum comentário a respeito do Mundial no Qatar.

Bolsonaro nem sequer retribuiu o apoio recebido, durante a eleição, de alguns dos principais jogadores da seleção brasileira, incluindo o craque Neymar, que se machucou na partida de estreia e ficou fora dos jogos contra Suíça e Camarões. Neymar, que declarou voto em Bolsonaro em momento difícil da campanha, às vésperas do primeiro turno, não recebeu incentivo público do presidente.

A postura contrasta, por exemplo, com a da Copa América do ano passado, disputada no Brasil. Quando a seleção enfrentou a Venezuela, Bolsonaro postou foto assistindo ao jogo pela televisão. Em 2019, quando o torneio também aconteceu no Brasil, ele chegou a entrar no gramado do Maracanã e posar com a taça em meio aos jogadores.

Curiosamente, sua última aparição pública antes da derrota eleitoral de outubro foi recepcionando a delegação do Flamengo na volta ao Rio com a taça da Libertadores. Em pleno dia de eleição, ele foi ao aeroporto para receber os jogadores e posar com o troféu. Depois, só foi visto em público novamente no último dia 26, em um evento militar, no qual não discursou.

Festa estrangeira

Tradicionalmente os grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo são utilizados por líderes políticos para se aproximar da população, em momento de união nacional na torcida pela mesma equipe ou delegação.

Foi o que fez, por exemplo, o presidente da Argentina Alberto Fernández, ontem. "Obrigado, [seleção da] Argentina por esta imensa alegria. [Agradeço] aos jogadores e a toda a equipa técnica pelo esforço, camaradagem e pelo grande futebol que estão a nos proporcionar. Para nós que amamos este esporte e nosso país, esses momentos enchem nossas almas", escreveu no Twitter.

Joe Biden, presidente dos EUA, gravou vídeo interagindo com jogadores da seleção, desejando boa sorte à equipe antes do jogo contra a Holanda e avisando que o esporte se chama "soccer". Levou uma invertida do primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte: "Desculpa, Joe, mas o futebol venceu", festejou o político europeu.

Emmanuel Macron, presidente da França, comemorou a vitória de hoje sobre a Polônia com foto de Mbappé e Giroud e a mensagem direta: "nas quartas". Derrotado, o primeiro-ministro da Polônia Mateusz Morawiecki parabenizou o time. "Todos nós vimos a grande seleção que temos. Muito obrigado a toda a equipe, ao treinador e à comissão técnica", escreveu.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, também agradeceu ao time. "Vocês deixaram a Austrália orgulhosa no maior palco do mundo", escreveu, antes de compartilhar fotos da torcida australiana.

O silêncio de Bolsonaro sobre a Copa do Mundo contrasta com os comentários de Lula (PT), presidente eleito e que assumirá o cargo novamente a partir de 2023. Nas suas redes sociais ele tem mostrado sua torcida pelo Brasil e até vestiu a camisa amarela da seleção, que ficou marcada por ser usada por bolsonaristas nos últimos anos.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado, a Copa América realizada no Brasil foi em 2019 e não em 2018. O erro já foi corrigido.