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Indianos vão a hospital em SP para confirmar que Pelé está vivo

Vysakh e Santos Thomas em frente ao hospital Albert Einstein durante vigília pela saúde de Pelé - André Martins/UOL Esporte
Vysakh e Santos Thomas em frente ao hospital Albert Einstein durante vigília pela saúde de Pelé Imagem: André Martins/UOL Esporte

André Martins

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

05/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

O interesse por informações sobre o estado de saúde de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, ultrapassa qualquer fronteira internacional. Preocupados com o que estava sendo repercutido pela mídia de seu país, dois indianos foram até o hospital Albert Einstein, em São Paulo, na tarde de ontem (4), para confirmar que o maior jogador de todos os tempos está vivo.

Santos Thomas e Vysakh marcaram presença na portaria principal do hospital com equipamentos de gravação. O primeiro está visitando o país para presenciar como torcedores brasileiros apoiam a seleção durante a Copa do Mundo do Qatar. O segundo vive no Brasil há sete anos e está acompanhando o amigo. Assim que chegaram, Thomas deu início à gravação de um vídeo para informar que, ao contrário do que viu sendo veiculado na Índia, Pelé não morreu.

"Em nosso país, alguns jornais afirmaram que Pelé estava morto. Quis mostrar que isso é falso e que ele não morreu", contou Thomas, ao UOL. "Queria saber o que estava acontecendo aqui e ver Pelé. Felizmente, ele está bem. Falei que Pelé estava bem e que não tem notícias ruins", acrescentou.

O Rei está internado no hospital em questão desde a última terça-feira (29). Ele faz tratamento de um câncer no cólon, diagnosticado em setembro do ano passado, e está com uma infecção respiratória.

O que preocupou a legião de fãs de futebol foi a notícia de que o corpo de Pelé não responde mais à quimioterapia e ele está recebendo cuidados paliativos — que visa oferecer qualidade de vida e alívio a pacientes com doenças incuráveis. A informação foi divulgada inicialmente pela Folha e confirmada pelo UOL. Ao mesmo tempo, os últimos boletins médicos e o próprio ídolo tranquilizaram sobre a sua situação.

Destino: Brasil

O Brasil é o 45° país que Santos Thomas já visitou. O indiano de 33 anos viaja o mundo e compartilha a experiência em seu canal no YouTube e em seu perfil no Instagram.

Enquanto milhares de torcedores embarcaram para o Qatar para assistir ao torneio mundial, ele optou por um destino diferente. "Quis vir para o Brasil para ver como os brasileiros são loucos por assistir futebol", revelou.

O viajante, apesar de viver no outro lado do mundo, torce pela seleção brasileira e é mais um com esperança pelo hexa. Ele, inclusive, assistiu à conquista do pentacampeonato mundial, há 20 anos. "Quando tinha 13 anos, vi o Brasil ser campeão em 2002. Desde aquela época, sonhava em visitar o Brasil", comentou.

Tal sonho se tornou realidade há duas semanas, quando desembarcou em São Paulo. Thomas, então, deu início à sua saga de acompanhar in loco os brasileiros torcendo pelo escrete canarinho durante uma Copa. Ele assistiu aos jogos do Brasil na fase de grupos em três favelas paulistanas diferentes e ainda quer conhecer o Rio de Janeiro e o Amazonas.

Na véspera do duelo do Brasil contra a Coreia do Sul, pelas oitavas de final da Copa do Qatar, o indiano foi tentar visitar Pelé.

"Ver Pelé seria um sonho. Queremos dedicar o título da Copa ao Pelé", destacou Thomas.

Os dois indianos são de Kerala, estado do sul do país asiático. Mesmo distante, a paixão futebolística sul-americana vibra na região. "Quase todos lá torcem por Brasil ou Argentina, Maradona ou Pelé", contou Vysakh — o que explica a "invasão" de indianos no Qatar para torcer pela seleção pentacampeã.

"Pelé em especial na nossa cidade", continuou, listando outros ídolos brasileiros que são exaltados por lá: "Ronaldo Fenômeno, Rivaldo, Cafu, Ronaldinho Gaúcho."

A presença dos fãs estrangeiros do ídolo mundial quase passou despercebida no cenário agitado do Albert Einstein. Além da rotina movimentada do hospital, profissionais da imprensa nacional se somavam à agitação usual do domingo. Mas tanto os dois indianos quanto os jornalistas brasileiros presentes compartilhavam um mesmo desejo: anunciar que o Rei continua vivo.

"Rezamos para que ele fique bem", ressaltou Thomas. "Não queremos notícias ruins de Pelé. Ele é o Rei", finalizou Vysakh.

Eles, aliás, não foram os únicos que quiseram prestar sua solidariedade ontem. Durante a manhã, cerca de 100 torcedores compareceram ao local para uma vigília por Pelé. Como homenagem, o grupo estendeu um bandeirão com o rosto do Rei, acendeu velas e fez um cordão humano de oração. Esses apoios são uma forma de retribuição, da única maneira possível, ao que Edson Arantes do Nascimento fez pelo futebol, pelo Brasil e pelos amantes da bola.