Copa: evento de cervejaria no Rio tem pautas feministas e público pró-Lula
Classificação e Jogos
Uma das patrocinadoras oficiais da Copa do Mundo no Qatar, a Budweiser realiza eventos em sete cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, a festa foi na Fábrica de Espetáculos, local propício para a melhor atuação da seleção no Mundial. Enquanto o Brasil goleava a Coreia do Sul por 4 a 1, a festa foi marcada por um público plural, com muitas mulheres e símbolos políticos, mas poucas camisas amarelas.
Com Gabriel, o Pensador como atração principal nesta segunda (5), o BudX reuniu cerca de 2 mil pessoas no antigo depósito do Theatro Municipal, no Centro do Rio. No amplo galpão, a cervejaria e suas parceiras montaram uma estrutura com ativação de marcas, estúdios de tatuagem, stand de fotografias especiais e cinco telões.
Uma das propostas do evento, de acordo com a organização, era justamente reunir um público plural. Pessoas pretas, gays, trans e até que nem acompanham futebol se fizeram presentes.
"Na Copa todo mundo gosta de futebol", disse a estudante Júlia Alencar, para prosseguir: "Eu nem tenho time, torço só pela seleção. Esse ano quase não torci nem por eles por causa de política, mas na verdade temos que torcer ainda mais para não deixar que tomem nossos símbolos", opinou.
As mulheres eram larga maioria na BudX. Em uma ação da própria cervejaria, tatuagens autocolantes com frases voltadas para o público feminino eram distribuídas. Vestidas com uma camisa com os dizeres "Aqui, o respeito é inegociável", mulheres distribuíam as flash tattoos pela festa como parte da campanha "Livre de Assédio".
Nas paredes, cartazes expunham um QR code que leva a pessoa para um número de WhatsApp que recebe denúncias de assédio.
"Em todo o entorno do evento e aqui dentro tem cartazes perguntando se você está seguro. É uma campanha contra o assédio. Meu recado é sempre rápido e claro: você não está sozinha", disse a advogada Dani Freitas, do Carnaval de Rua.
Em um espaço de amplo eleitorado de esquerda, a camisa azul dividia as atenções com as amarelas, muito ligadas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições de 2022.
Havia muitas pessoas com adesivos do petistas, e alguns até tentaram o coro de "Lula lá", mesmo sem muita força.
"Importante reforçar esses símbolos e também ressignificar outros", disse o engenheiro Felipe Freitas, que vestia uma camisa amarela que a seleção brasileira usou na Copa de 2010 com um adesivo de Lula.
Outras pessoas usavam símbolos em referência ao presidente, como a médica Luiza, que preferiu não gravar entrevistas.
Mesmo assim, muita gente nem sequer vestia peças em referência à seleção, em dose bem maior do que em outros eventos visitados pelo UOL na Copa do Mundo. A reportagem conversou com 42 pessoas no local para entender o motivo.
"O uso político ainda está muito marcado", resumiu Hugo Franco, para prosseguir: "Não à toa, embora a amarelinha seja linda, muita gente nem sequer quer usar qualquer camisa da seleção".
Modelos alternativos da camisa da seleção em azul, verde, preto e branco também estavam muito representados.
"A camisa amarela está associada a uma vertente política que eu não sigo. Mesmo após a eleição, prefiro usar uma camisa que não seja a amarela porque ainda existe uma resistência e receio da minha parte de me associarem ao bolsonarismo", afirmou Hugo Franco, que vestia um modelo em preto.
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