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Mais que Brasil x Argentina: Copa do Mundo alinha clássicos entre vizinhos

Harry Kane, da Inglaterra, e Kylian Mbappé, da França, em ação na Copa do Mundo do Qatar - Chris Brunskill e Alex Grimm/Getty Images
Harry Kane, da Inglaterra, e Kylian Mbappé, da França, em ação na Copa do Mundo do Qatar Imagem: Chris Brunskill e Alex Grimm/Getty Images

Colunista do UOL, em São Paulo

06/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

A Copa é do mundo todo, mas o mata-mata promete esquentar ainda mais com a rixa entre vizinhos. Países com fronteiras entre si já têm garantidos no Qatar um confronto válido pelas quartas de final: o França x Inglaterra que mexe com o fanático desde já. Ambos se enfrentam no sábado, às 16h (de Brasília), mas outros dois possíveis (e quentes) embates podem trazer o interessante cenário de se conferir, em pleno Oriente Médio, se a grama do vizinho é realmente mais verde.

As partidas que se perfilam são Portugal x Espanha, que podem se cruzar também pelas quartas de final, e Brasil x Argentina, um épico antes mesmo de começar, pelas semifinais.

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Mbappé aplaude torcida da França após classificação contra a Polônia na Copa do Mundo
Imagem: FRANCK FIFE / AFP

França x Inglaterra

O confronto que poderia ser, pelo alto nível, a final da Copa do Mundo, levará a campo as duas seleções frente a frente pela terceira vez na história dos Mundiais. As duas partidas anteriores foram pela fase de grupos, em 1966 e 1982, com a Inglaterra vencendo ambas.

Outro ponto que deixa o França x Inglaterra ainda mais interessante é a convergência entre os dois países e as duas seleções.

Competição modelo no esporte de alto nível, a liga inglesa recebe 341 jogadores estrangeiros, e a França responde pelo maior contingente, com 31 atletas (9,5% do total).

Até por isso, na seleção francesa há cinco jogadores do futebol inglês que enfrentam no sábado. Titulares fixos, dois: o goleiro Lloris, do Tottenham, e o zagueiro Varane, do Manchester United. Há também Saliba, do Arsenal, Konaté, do Liverpool, e Areola, do West Ham.

O contrário não ocorre. Não há jogadores da seleção inglesa em clubes da França. A predominância da Premier League é marcante no "English Team". A única exceção é o ótimo volante Bellingham, do Borussia Dortmund, da Alemanha.

A presença inglesa na liga francesa é irrisória no geral. Apenas oito jogadores ingleses atuam por lá, meros 2,7% do total de 291 estrangeiros.

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Cristiano Ronaldo na época em que defendia o Real Madrid
Imagem: GettyImages

Espanha x Portugal

Ambos saberão nesta terça-feira (6) se vão se enfrentar no Mundial. A Espanha encara Marrocos às 12h (de Brasília), enquanto Portugal pega a Suíça às 16h.

Os países que formam a Península Ibérica e nutrem a paixão por vinhos e frutos do mar carregam, porém, uma relação desigual nas seleções e atuações nas ligas vizinhas —em que pese a história do português Cristiano Ronaldo pelo espanhol Real Madrid.

Em Portugal, hoje, jogam 311 estrangeiros, e a Espanha é a segunda que mais abastece a competição, com 26 atletas (atrás só do Brasil, com impressionantes 111 nomes em atividade por lá).

O único jogador da seleção portuguesa a atuar no Campeonato Espanhol é o meio-campista William Carvalho, do Betis, que alterna no Qatar até aqui participações como titular e reserva.

Na Espanha, jogam apenas 11 portugueses (5,2% do total de 210 jogadores). E na "Fúria", como é conhecida a seleção treinada por Luis Enrique, não há nenhum jogador que atue na liga vizinha.

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Messi e Neymar se abraçam antes de duelo entre Brasil x Argentina pelas Eliminatória da Copa de 2018
Imagem: Buda Mendes/Getty Images Sport

Brasil x Argentina

O confronto histórico está a uma partida de ser efetivamente marcado. E será na sexta-feira à tarde que a confirmação pode ocorrer, pois pelas quartas de final o Brasil enfrenta a Croácia às 12h, e a Argentina encara a Holanda às 16h.

Seria simplesmente o Brasil x Argentina mais importante da história. O jogo mais agudo entre as duas potências da América do Sul em Copas ocorreu nas oitavas de final do Mundial de 1990, na Itália. Ganhou a Argentina, 1 a 0, gol de Caniggia, após passe genial de Maradona. Desde então, os países jamais se cruzaram em Mundiais.

Antes disso, o Brasil venceu por triangulares ou quadrangulares de segunda fase em 1974 (2 a 1) e 1982 (um 3 a 1 que está entre as maiores vitórias daquela seleção).

Houve também o amarrado 0 a 0 pela mesma fase na Copa do Mundo de 1978, na Argentina.

Condimentos de sobra colocariam fogo no "superclássico das Américas". É a última Copa do Mundo de Lionel Messi, que mantém longa amizade com Neymar, parceiro de Paris Saint-Germain, repetindo os tempos de Barcelona.

Os argentinos, também, vivem momento especial no território brasileiro, com maciça e elogiada presença de técnicos e jogadores no Brasileirão. De todo o contingente estrangeiro da Série A, a Argentina é a que responde com a maior presença. São 26 atletas em atividade no país vizinho, nada menos que 27,7% do total.

No último Campeonato Argentino, porém, nenhum brasileiro jogou por lá.

A torcida não se dividiria, claro, mas o apoio aos argentinos em território brasileiro seria numeroso.

No mês passado, uma pesquisa exclusiva do UOL mostrou que a seleção estrangeira que contava com o maior apoio entre os brasileiros era justamente a Argentina.