Topo

Ojigi: japoneses se curvam em cumprimento na Copa, e cada inclinação conta

Hajime Moriyasu, técnico do Japão, faz saudação a torcida na Copa - DYLAN MARTINEZ/REUTERS
Hajime Moriyasu, técnico do Japão, faz saudação a torcida na Copa Imagem: DYLAN MARTINEZ/REUTERS

Colaboração para o UOL

06/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

Eles não dão beijos, nem o tradicional aperto de mão e, muito menos, o abraço apertado, como em muitos países ocidentais. A reverência que diferencia os japoneses das demais comunidades é o ojigi, que na tradução da palavra significa arco ou curvar-se. Gesto que, de acordo com o portal Made in Japan, vai além de um "olá", pode ser até mesmo agradecimento ou pedido de desculpas, por exemplo.

Segundo o Brasil Escola, a inclinação pode significar diferentes coisas:

  • dogeza, que é usada para pedir perdão quando há um erro grave;
  • saikeirei é uma das mais formais e a menos utilizada - geralmente é reservada para pessoas do alto escalão -, sendo que também pode demonstrar sério arrependimento;
  • eshaku, usada apenas para cordialidade
  • keirei é a forma padrão para saudar amigos e familiares. No entanto, todos os atos são acompanhados de uma saudação verbal.

O Japan House São Paulo detalha que no dia a dia, o mais simples e que pode ser usado é curvar-se cerca de 15 graus (eshaku).

"Curvar-se cerca de 30 graus (keirei) é comum para demonstrar respeito a alguém mais velho ou com cargo superior ao seu. Já a forma mais respeitosa é a reverência de 45 a 70 graus (saikeirei), que demonstra profundo respeito ou arrependimento". A posição deve ser mantida ao realizar a reverência, e "evitar curvar-se enquanto fala ou caminha, demonstrando total atenção para a realização desse ato".

Em todas elas, o corpo deve se dobrar a partir da cintura, mantendo a cabeça ereta. No caso das mulheres, as mãos devem estar juntas, com as palmas sobre as coxas. Homens deixam os braços ao longo do corpo. E, sempre, os olhos devem acompanhar a curvatura, já que para a cultura, encarar seria uma séria agressão à intimidade alheia.

Conforme o site Japão em Foco, não há uma data exata de quando o cumprimento começou a ser utilizado. A principal hipótese é a de que tenha surgido nos períodos Asuka e Nara, entre 538-794 dC, com a introdução do budismo chinês. "A reverência era um reflexo de status - por exemplo, diante de uma pessoa de posição social mais elevada, fazer o arco seria uma forma de demonstrar gentileza ou de se colocar em uma posição mais 'submissa' ou 'vulnerável'", como explica o conteúdo divulgado.

O arco não é feito apenas em pé, chamado de seiritsu, mas também sentado, o seiza. Esse último é a forma que a pessoa deve se sentar quando há alguma situação formal, entre elas a cerimônia do chá. A reverência, como detalha o site, é da mesma forma que quando em pé, exceto pelo fato de que as mãos devem se deslocar para frente dos joelhos durante a inclinação. Os polegares permanecem unidos e as pontas dos dedos das mãos tocam de leve o chão.

Vale lembrar que os orientais têm outra característica que os fazem ser conhecidos em todos os continentes. A cordialidade. Um exemplo disso é a tradição de os torcedores limparem os estádios de seu país e, também, no exterior. Recentemente, na partida de abertura entre Qatar e Equador, realizada no Estádio Al Bayt, por exemplo, a tradição se repetiu. Os japoneses recolheram o lixo deixado nas arquibancadas pelos visitantes.