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A última Copa de Messi e CR7

As principais histórias do último mundial dos melhores jogadores do século

Sai Cristiano Ronaldo, brilha Gonçalo Ramos

e Bruno Andrade

Colunista do UOL, em Doha (Qatar)

06/12/2022 18h02

Classificação e Jogos

O maior jogador da história de Portugal. Dos melhores de todos os tempos. A sua quinta e provável última participação em Copas. Jogo decisivo. Eliminatório. E daí? Reserva nele.

Uma mistura complexa de perplexidade e concordância. O tipo de notícia bombástica que demora bons minutos para engolir e digerir. Houve, inclusive, quem não acreditasse. Eu demorei, sinceramente.

Não é todos os dias que Cristiano Ronaldo é anunciado como suplente. Muito menos na seleção, tampouco num Mundial. Um momento inédito, histórico e também controverso.

Não que o craque não merecesse a saída do time. Merecia, sim. Demorou bastante para ser sacado, aliás. Atrasada ou não, uma opção impactante. Altamente corajosa.

Fernando Santos bateu no peito e colocou a (decadente) estrela no banco logo nas oitavas da final diante da Suíça. Lançou sem medo o ascendente Gonçalo Ramos entre os titulares.

Abro parênteses aqui e peço perdão pela minha arrogância: é preciso conhecer profundamente as entranhas do futebol português para compreender a dimensão desta decisão. Dentro e fora de campo.

De 2004 a 2022, Ronaldo, hoje com 37 anos, foi indiscutível em Portugal. Intocável. Mandava e desmandava. Também liderava. Vencia. Conquistava. Uma Eurocopa e uma Liga das Nações.

O tempo voa. A idade chega. Pesa. Para todos. Até mesmo para aqueles que muitas vezes parecem ter vindo de outro planeta, não do Funchal, na Ilha da Madeira. É preciso abrir espaço a quem também quer e veio para brilhar.

Das grandes surpresas nos 26 convocados para o Qatar, Gonçalo Ramos surgiu quietinho. Tímido. Assim como na infância em Olhão, no Algarve. Da mesma forma também como fez no Benfica, ainda na temporada passada.

Principal artilheiro da atual edição da liga portuguesa, com nove gols, o jovem de 21 anos fez aquilo que o ídolo máximo nos habitou a ver: a rede balançando. Uma. Duas. Três vezes. Um hat-trick inesquecível.

Comandou com excelência um ataque mais móvel, intenso e predador. Justificou ter sido blindado recentemente pelo clube encarnado, onde foi revelado, com uma multa rescisória de 120 milhões de euros (R$ 662 milhões).

Foi o canivete suíço que fez Portugal golear por 6 a 1, jogar como não havia jogado na Copa de 2022 e, consequentemente, garantir a presença nas quartas de final. Uma estreia como titular digna dos gigantes,

Foi, acima de tudo, a sombra de Cristiano Ronaldo, que teve o nome gritado várias vezes no Lusail Stadium e entrou na partida apenas aos 27 minutos do segundo tempo.

Uma luz no fim do túnel. Um presente brilhante que caminha, ainda com o passado ao lado, para ser o futuro promissor.