Com motorzinho fumante, Croácia abusa nos passes e não se limita a Modric
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Há certa tédio nos jogos da Croácia: a bola vai girando de um lado para o outro, sem grandes penetrações ou emoções. As estatísticas confirmam que o time dos Bálcãs usa a posse de bola para controlar jogos e conclui pouco a gol. É esse adversário que cozinha partidas que o Brasil enfrentará nas quartas de final da Copa do Mundo do Qatar, amanhã (9), às 12h (de Brasília).
Pelas estatísticas da Fifa, a Croácia troca 610,5 passes por partida em média, mais do que a seleção brasileira, com média de 578,5. Ressalte-se que jogou 30 minutos a mais com a prorrogação das oitavas diante do Japão.
Só que longe de ser um time super ofensivo: a posse é concentrada em jogadores de meio e defesa. O time tem apenas 11 conclusões a gol, metade da média brasileira. Fez cinco gols, sendo quatro contra o Canadá. E também apela excessivamente a cruzamento para o atacante Ivan Perisic.
Assim, defensivamente, a maior atenção para a linha de trás brasileira será evitar a entrada em diagonal de Perisic para conclusão em chute ou cabeçada depois de viradas de bola, em geral de Modric. Danilo e Marquinhos, portanto, terão de fechar os espaços. Diante do Japão, Perisic fez um gol e teve outra conclusão perigosa.
Brozovic, o motorzinho fumante
A concentração do jogo croata no meio e na defesa tem um protagonista e não é Modric. O jogador que mais toca e corre no time é o volante Marcelo Brozovic. Jogador da Inter de Milão, e que já apareceu em fotos fumando, ele bateu o recorde de corrida diante do Japão com 16,6 km, além de possuir o maior número de passes na equipe.
"Nós mostramos que estamos em grande forma física. Temos mostrado fôlego durante as partidas. Temos Brozovic que sempre aumenta a nossa parte fase física", disse Mateo Kovacic, jogador do Chelsea, que completa o trio de meio de campo.
Para romper esse ciclo croata, de tornar o jogo morno, o Brasil terá de subir a marcação pressão, principalmente sobre o volante e os zagueiros. Quando o Japão conseguiu adotar essa postura, em poucos momentos do jogo, criou dificuldades à Croácia, assim como a Marrocos e Bélgica.
É provável que os croatas tenham menos posse de bola do que nos outros jogos, já que o Brasil é mais técnico. Neste caso, costuma marcar com um bloco baixo ou médio, isto é, mais atrás. Não pressionam tanto a saída de bola. Mas Kovacic diz que um bom exemplo de como enfrentar o Brasil foi a vitória — por 1 a 0, em junho — sobre a França pela Liga das Nações. Na época, quase igualaram a posse francesa.
"Sim, foi um jogo bom [contra os franceses) que pode servir como exemplo. Tivemos posse. O gol que fizemos cedo ajudou. Mas esse é o Brasil. É fácil dizer que é um exemplo, vamos ver que ver o jogo", disse o meia do Chelsea.
Defesa cobiçada na Europa
Quando atacar, a seleção terá um obstáculo no zagueiro Josko Gvardiol, do Red Bull Leipzig. Embora com menos nome do que Dejan Lovren, ex-Liverpool, ele é o pilar da defesa croata, sendo o atleta com mais roubadas de bola do time. O próprio Lovren diz que ele está a sua frente quando tinham a mesma ideia. "Não por acaso vários grandes times do mundo o querem", contou.
A fórmula para parar o Brasil não é simples, segundo Lovren. "Nosso objetivo é tentar parar o time. O Brasil tem bastante qualidade individual fantástica, estamos prontos para para a luta", analisou.
"Ah, mas não vai falar nada de Modric?
O meia do Real Madrid, com 37 anos, já não centraliza tanto o jogo croata, assim como na Copa da Rússia, em 2018. Mas é, sim, o principal toque de talento para viradas, passe chave, assistência e conclusões de fora da área. Kovacic considera que o meia ainda é a referência técnica da seleção croata. "É um orgulho jogar com ele", completou.
É como se o time da Croácia quisesse anular todos 89 minutos de um jogo à espera de uma lance brilhante do seu camisa 10 ou de um arremate de Perisic.
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