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Argentino abre faixa pró-maconha na Copa e usa erva misteriosa com xeque

Faixa da Confederação Cannábica no jogo entre Argentina e México na Copa do Qatar - Adriano Wilkson/UOL
Faixa da Confederação Cannábica no jogo entre Argentina e México na Copa do Qatar Imagem: Adriano Wilkson/UOL

Do UOL, em Doha (Qatar)

09/12/2022 04h00Atualizada em 09/12/2022 13h28

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O argentino Leandro Ayala achou melhor contar a história a seguir só depois de deixar o Qatar. Após uma estadia de 14 dias em Doha, onde assistiu a trêss jogos da seleção argentina, o empresário deixou o país da Copa e já está em Buenos Aires, onde vive com a família.

A cautela se justifica: as ações de Ayala, embora inofensivas a muitos olhos ocidentais, seriam consideradas transgressoras no conservadorismo do Oriente Médio. Em Argentina 2 x 0 México, na segunda rodada da Copa, o torcedor do River Plate conseguiu entrar no estádio Lusail com uma faixa de oito metros que trazia o nome da organização que ele preside: a Confederação Cannábica. Era a maior bandeira na torcida, bem atrás de um dos gols. Isso em um país que, obviamente, proíbe o consumo e a venda de maconha.

Em contato com a reportagem no estádio, Ayala afirmou que não teve problemas com a segurança: a faixa entrou em pedaços para ser montada dentro da arquibancada, e os funcionários pareceram não se atentar ao conteúdo dela. A ação faz parte de um esforço para fomentar o negócio de produtos derivados da maconha na Argentina.

Quatro dias antes, Ayala estava passeando na praia de Katara, em Doha, quando foi convidado por um homem qatari que se reunia com amigos em umas das tendas espalhadas pela orla. O homem vestia thobe, a tradicional veste masculina árabe, e se apresentou como xeque — no Qatar, se consideram xeques aqueles que fazem parte da família real. Quando soube que o argentino representava um grupo de ativistas canábicos, o homem lhe ofereceu uma erva misteriosa.

Xeque - Reprodução - Reprodução
Leandro Ayala cumprimenta homem que se apresentou como xeque no Qatar
Imagem: Reprodução

"Era uma mistura de ervas muito parecida com o khat, que te dá um efeito eufórico, mas não tenho certeza se era", lembra Ayala. Khat é uma erva popular na África e no Golfo Árabe conhecida pelo seu efeito alucinógeno. Embora o empresário não tivesse certeza sobre a natureza da droga, ele mascou a erva a convite do qatari.

Naquela mesma noite, o argentino e alguns amigos que o acompanhavam posaram pra fotos e gravaram vídeos com o xeque. Ayala assistiu a dois jogos da seleção de Messi, a derrota para a Arábia Saudita na estreia e a vitória sobre o México, quando estendeu a faixa. Deixou o Oriente Médio para um passeio no Rio de Janeiro, com a família, antes de voltar a Buenos Aires.

O ativismo pró-maconha de Ayala não encontrou resistência durante a Copa do Mundo, mas outros turistas não tiveram a mesma sorte em um passado recente. Em 2020, o engenheiro escocês Conor Howard foi detido após a polícia do Qatar encontrar um dichavador em sua bagagem no aeroporto de Doha. Um dichavador é um pequeno equipamento usado para triturar folhas de ervas. Liberado para seguir viagem, o escocês acabou preso na Grécia pela Interpol a pedido das autoridades qataris. Ele ficou um mês na cadeia antes da Justiça grega liberá-lo pra voltar pra casa.