Argentinos lamentam fim da semi dos sonhos contra Brasil: 'Cadê a dança?'
Classificação e Jogos
Derretendo sob um sol de 35 graus, Buenos Aires queria um refresco para amenizar a sufocante espera para o Argentina x Holanda das 16h (de Brasília).
O sofrido Brasil x Croácia serviu justamente para isso: passar o tempo e esquecer por momentos a apreensão argentina. "Estamos abrindo o show para vocês", repetia o narrador Pipi Novello na Rádio La Red, a mais ouvida do esporte na capital portenha.
Coco Ramón, comentarista da emissora, desde o começo chamava a atenção para as dificuldades do Brasil.
"Precisa sair deste 'modo Copacabana' e batalhar um pouco mais", analisou. "Aonde foram parar os quatro gols e a dança contra a Coreia? A Croácia está endurecendo o jogo. É uma surpresa para mim, que esperava o Brasil atropelando."
Quando o Brasil goleou a Coreia do Sul, a ideia geral na Argentina era a de que Neymar e companhia se classificariam com facilidade ante uma Croácia que vinha mais cansada, sobrevivendo à prorrogação e aos pênaltis contra o Japão.
Aconteceu o contrário.
O papel de Modric foi ressaltado: "É um craque de primeiríssimo nível, que transforma em fácil o difícil", falou o experiente comentarista Enrique Macaya Márquez, na TV Pública, que elogiou demais também o goleiro Livakovic: "É por ele que temos este 0 a 0, e é bem provável que ele seja acionado também nos pênaltis". Soou profético.
Neymar, por outro lado, foi bastante criticado: "Está andando em campo e tirando sarro. Parece sem energia e sem mudança de ritmo", falou Gabriel Anello, na Rádio Mitre, outro sucesso entre os portenhos.
No fim do tempo normal, uma falta dura de Danilo, que poderia lhe render o cartão vermelho, foi bastante criticado: "O árbitro amarelou", lembrou Pipi Novello na La Red, lembrando que o lateral seria desfalque numa possível semifinal contra a Argentina.
Logo na sequência, disparou. "Foi assim [com ajuda do árbitro] que o Brasil ganhou a vida inteira".
Medo deste Brasil?
O resultado final foi analisado com frieza e emoção.
Primeiro, a frieza: "Caso a Argentina passe pela Holanda, a Croácia será um adversário mais difícil na semifinal. Contra o Brasil, a pressão seria dividida. Contra a Croácia, toda a pressão estará em cima de Messi e seus soldados", sintetizou Rodolfo de Paoli, o narrador da TV TyC Sports.
"Além do mais, da última vez que encaramos os croatas, perdemos por 3 a 0, na Copa do Mundo da Rússia."
Depois, a emoção: "Não nos resta outra. O jogo dos sonhos já era. Ou alguém tinha medo deste Brasil depois do que se viu hoje?", perguntou Gustavo López, comentarista da La Red.
O drama na prorrogação e na disputa por pênaltis foi apimentada com as reações dos torcedores argentinos, que abertamente torciam para a Croácia nos arredores do Estádio Lusail, mas a opinião dos narradores e comentaristas não se alterou: a possível semifinal Brasil x Argentina na Copa do Mundo do Qatar seria "um acontecimento enorme, daqueles raros, para se contar para os netos", segundo o repórter Gustavo Yarroch, na La Red.
Depois do jogo, percebendo uma mudança no humor do que vinha sendo dito, o locutor Pipi Novello alertou na La Red: "Duas coisas: primeiro, que a Argentina deixe a vida em campo e não dê a moleza que o Brasil deu hoje. E segundo: quem sabe também os planetas não se alinhem de outra maneira a partir de agora?", soltou, sugerindo alívio com a cansada Croácia adiante, e não o Brasil e toda a carga do clássico sul-americano.
Soou mais como uma tentativa de rapidamente mudar o ânimo um pouco baqueado com o fim da "semifinal dos sonhos" para se concentrar para o jogo que "realmente vale" —o contra a Holanda.
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