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Casemiro e os pilares invisíveis: quem sustenta os sobreviventes da Copa

Casemiro, da seleção brasileira, em jogo contra a Suíça pela Copa do Mundo do Qatar - Matteo Ciambelli/DeFodi Images via Getty Images
Casemiro, da seleção brasileira, em jogo contra a Suíça pela Copa do Mundo do Qatar Imagem: Matteo Ciambelli/DeFodi Images via Getty Images

Thiago Arantes

Colaboração para o UOL, em Barcelona

09/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

As quartas de final da Copa do Mundo começam hoje (9), e os olhos do planeta estão voltados para Messi, Neymar, Mbappé e Cristiano Ronaldo (mesmo no banco de reservas). Mas, para além de suas maiores estrelas, as oito equipes sobreviventes têm um elemento comum e que pode fazer tanta diferença quanto os craques: o pilar invisível.

Eles aparecem menos nas manchetes, raramente fazem gols e passam longe dos prêmios individuais. O objetivo não é ser o destaque, mas sofrer em silêncio para que os companheiros apareçam.

Na Copa em que até os atacantes marcam pressão e a luta por espaços é intensa, o jogo passa cada vez mais por jogadores como Casemiro, Brozovic, Enzo Fernández, Frenkie De Jong, Amrabat, William Pereira, Tchouameni e Declan Rice.

O futebol europeu da última década praticamente extinguiu a figura do cabeça-de-área especializado em destruir jogadas. Em seu lugar, apareceu outro perfil: o do primeiro volante que sabe sair jogando, aparece como opção no ataque, faz passes longos e, se tiver espaço, até marca seus gols — Casemiro contra a Suíça e Enzo Fernández, diante do México, mostram isso.

O brasileiro é um dos principais expoentes deste novo perfil e, desde antes da Copa de 2018, é peça fundamental no esquema tático de Tite. Sua ausência contra a Bélgica é apontada até hoje como um dos motivos para a derrota. Quatro anos depois, Casemiro é ainda mais importante: com o sistema tático mais ofensivo, ele é o único volante do time, e lidera as estatísticas de tentativas de passes entre linhas (80) e no número de vezes de deslocamentos para receber a bola (232).

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Frenkie de Jong em ação pela Holanda na Copa do Qatar 2022
Imagem: Chris Brunskill/Fantasista/Getty Images

Tão importante e titular quanto Casemiro no Brasil é Frenkie de Jong na seleção holandesa. O volante do Barcelona é quem vai até os zagueiros pegar a bola para sair jogando, dá ritmo ao meio-campo e também lidera algumas das estatísticas oficiais da Fifa para a sua seleção. Ele é quem mais consegue quebrar linhas defensivas (73 vezes), quem mais se desloca para receber (299) e encabeça a lista de distância percorrida, com 45,1 km em quatro partidas.

Falar em quilometragem na Copa do Mundo é falar em Marcelo Brozovic. O volante croata é o nome menos badalado que os colegas Luka Modric e Mateo Kovacic, mas é ele quem sofre para que os dois possam aparecer. Contra o Japão, Brozovic percorreu 16,9 km em campo, novo recorde para um jogador em Mundiais; o recorde anterior (16,3 km) também pertencia a ele, diante da Inglaterra, na semifinal de 2018. Ele também é quem mais distribui passes na equipe (363, em 4 jogos).

Outro que mostra sua importância liderando a equipe em passes (314) e distância percorrida (40,3 km em 3 jogos) é Aurélien Tchouameni. O francês do Real Madrid era um desconhecido do grande público há um ano, quando já chamava a atenção dos grandes clubes defendendo o Monaco. Os primeiros meses no Real Madrid colocaram o jovem de 22 anos na vitrine mundial. Com as lesões de N'golo Kanté e Paul Pogba, ele se tornou titular, e não vem sentindo a pressão.

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Enzo Fernández fez o segundo da Argentina contra o México
Imagem: Dean Mouhtaropoulos/Getty Images

Outro jovem que vem se mostrando para o mundo na Copa é Enzo Fernández, 21. O argentino foi convocado após um bom início de temporada no Benfica, mas estava longe de uma vaga no time titular. Até que ganhou uma chance no segundo tempo contra o México. Marcou o segundo gol, mudou a cara do time e não saiu mais. A Argentina chega às quartas de final com Messi, Enzo e mais nove.

Quem também ganhou a posição durante o Mundial foi William Carvalho. O volante do Bétis começou o torneio no banco, mas ganhou uma chance já contra o Uruguai, na segunda partida. Diante da Suíça, ele foi quem mais distribuiu passes na goleada por 6 a 1. Apesar da maior imposição física, Carvalho também tem a capacidade de armar o jogo para os companheiros da linha de frente, conectando a defesa com a criatividade de Bruno Fernandes e Bernardo Silva.

Na seleção inglesa, o meio-campista estrela é Jude Bellingham, 19, candidato a melhor jogador jovem da Copa do Mundo. Mas para que o prodígio do Borussia Dortmund possa brilhar, existe Declan Rice. O volante do West Ham é quem mais corre no English Team (44,6 km no total) e é um pilar invisível de um setor em que seus dois companheiros — Bellingham e Jordan Henderson — já marcaram gols neste Mundial. O brilho de Rice está mais distante do gol.

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Amrabat em ação pelo Marrocos contra a Espanha
Imagem: Marvin Ibo Guengoer - GES Sportfoto/Getty Images

Por fim, mas não menos importante, talvez o jogador menos conhecido entre os oito pilares das equipes que ainda sonham com o título: Sofyan Amrabat. O volante tem 26 anos, joga na Fiorentina e é considerado uma das revelações da Copa do Mundo. Como acontece com muitos de seus pares, ele é quem mais corre no time (48,1 km no total), mas sua importância vai além dos números. Após a classificação para as quartas, derrotando a Espanha nos pênaltis, Amrabat desabou: ele chorou nos ombros de um repórter ao revelar que tinha jogado com uma infiltração.

Sacrifício, trabalho e muitos quilômetros percorridos. Para que os craques brilhem, todo time precisa de alguém que se esforce um pouco mais. As oito seleções que disputam as quartas de final têm qualidade de sobra nesse sentido.

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