Ex-assistente de Guardiola critica futebol atual e Copa do Qatar: 'Acabou'

O treinador Juan Manuel Lillo, do Al-Sadd (Qatar), pode ser o caso perfeito do criador que se rebela contra a criatura. Mentor de Pep Guardiola, o espanhol de 57 anos publicou no jornal inglês "The Athletic" que se diz insatisfeito com os rumos que o futebol tomou nos últimos anos.

Lillo diz que "o futebol acabou" e que se sente "um pai arrependido" por ter apostado em um estilo consagrado por Guardiola que criou uma tendência na maneira de jogar futebol, inclusive na atual edição da Copa do Mundo.

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"O futebol acabou e agora, seja lá o que for, surgiu [outro] que não ouso nomear. O objetivo do jogo foi subvertido - agora eles estão procurando mais consumidores do que fãs, a indústria precisa do dinheiro da TV", inicia o comandante, em artigo chamado "Uma análise alternativa da Copa do Mundo".

"E digo isso como um grande expoente de muitos desses métodos e formas de pensar! Eu sou como um pai arrependido [...] O cacto cresceu e junto com ele seus espinhos. Isso é o que temos agora", acrescenta.

Ex-assistente técnico de Guardiola no Manchester City, Lillo dispara contra a metodologia dos treinadores, do vocabulário "tatiquês", e sai em defesa da liberdade dos jogadores em campo.

"Os melhores jogadores se reúnem para o futebol de seleções, e, graças a Deus, não estão presos à onipotência do treinador, porque não há tempo para treinar. É maravilhoso o fato de que os treinadores não podem mudar tanto o jogo em uma Copa do Mundo para aqueles que realmente importam - os jogadores", explica Juanma Lillo, que também soma passagens por Sevilla e Real Sociedad.

"É engraçado como todo mundo agora fala em bloco alto, bloco baixo... O único bloco que eu conheço é de um prédio. Com garagem? Sem garagem? Essa ânsia de encontrar um vocabulário para tornar o futebol mais difícil me irrita", pontuou.

Ao analisar a partida entre Brasil e Camarões, na 3ª rodada da fase de grupos do Mundial, o experiente técnico também deixou sua crítica à semelhança apresentada pelas duas equipes.

"Globalizamos uma metodologia a ponto de se infiltrar nas Copas do Mundo: se você fizesse os camaroneses e os jogadores do Brasil trocarem de camisa no intervalo, você nem perceberia. Talvez com as tatuagens ou o cabelo amarelo, mas não com a performance", aponta.