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Muro da Copa, holandês 'fumava como chaminé' e foi roubado pela máfia

Andries Noppert em ação pela Holanda em partida contra os EUA na Copa -  Visionhaus/Getty Images
Andries Noppert em ação pela Holanda em partida contra os EUA na Copa Imagem: Visionhaus/Getty Images

Colunista do UOL, em Doha (Qatar)

09/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

No meio de Messi, Mbappé, Neymar e Cristiano Ronaldo, os jogadores mais famosos do mundo, está nas quartas de final um cidadão que nunca imaginaria nem mesmo estar em uma Copa. O "muro holandês", de 2,03 m de estatura, é Andries Noppert. Ele já tem 28 anos e a carreira praticamente começou nesta temporada, com bons jogos pelo Heerenveen — tem apenas 55 partidas oficiais em toda a vida profissional.

"Certamente, só um cara como Louis Van Gaal teria coragem de fazer isso", falou Noppert, após a vitória da Holanda sobre os Estados Unidos. Ele foi a grande surpresa da lista holandesa, barrando Cillessen. Mas não foi só isso. Van Gaal não revelou quem jogaria até a hora da partida e surpreendeu a todos ao escalar Noppert como titular contra Senegal. "Só fiquei sabendo no dia do jogo", contou o goleiro, que já foi o destaque da estreia e não olhou mais para trás.

"Quando você é criança, sonha em jogar uma Copa do Mundo. Eu já nem pensava mais nesse sonho. Espero que possa ser uma inspiração, não só no futebol, mas para caras que tenham tido um pouco de falta de sorte no começo. O mais importante é acreditar em si mesmo e trabalhar duro."

Quando tinha 23 anos, em 2018, Noppert, sem muitas chances no NAC Breda, partiu para uma aventura italiana e foi defender o Foggia, na Série B. Lá, teve o carro roubado pela máfia e jogava pouco. Quem conta a história é um ex-companheiro, o francês Mathieu Duhamel, ao site "So Foot". "Ele era muito melhor que os outros goleiros, mas só italianos eram escalados". O irmão de Noppert admitiu em uma entrevista que o goleiro "comia massa todos os dias na Itália e isso não ajudou". E tem mais.

"Ele fumava muito, era uma chaminé", disse o ex-treinador de goleiros do Foggia, Nicolas Dibontono. Questionado após a classificação para as quartas de final se continua sendo um fumante inveterado, Noppert despistou. "Já li muitas histórias, as pessoas contam o que elas veem. Não é um problema para mim".

O UOL perguntou ao goleiro holandês quem era seu ídolo quando começou na profissão, mas ele disse não ter nenhum. "Nunca me inspirei em ninguém. Gostava de ver bons goleiros, mas não há um que tenha sido o melhor para mim."

Com inglês perfeito e muita maturidade, Noppert sempre conversa com jornalistas da Holanda e de outros países após as partidas. Já riu da própria situação — é o salário mais baixo da seleção holandesa e ganha 300 vezes menos do que Messi. Apesar de estar vivendo um sonho quase surreal, se comporta como se jogar a Copa do Mundo fosse a coisa mais normal do mundo.

"Meus pais me dizem para curtir. Mas é difícil curtir quando você está tentando ganhar jogos. Meu foco está aqui e não consigo pensar em outra coisa, talvez eu me dê conta de tudo isso quando voltar para a Holanda. Na minha opinião, podemos ganhar a Copa. Se não pensasse assim, poderíamos ir embora para casa. Temos um grande time, com grandes caras, e isso me dá confiança para jogar. Cada jogo para mim é único, cada jogo para mim é uma final", encerrou.

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