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Em noite apoteótica, argentinos vão do silêncio às provocações ao Brasil

Jogadores da Argentina celebram classificação sobre a Holanda na Copa do Mundo - Molly Darlington/Reuters
Jogadores da Argentina celebram classificação sobre a Holanda na Copa do Mundo Imagem: Molly Darlington/Reuters

Colunista do UOL, em Doha (Qatar)

10/12/2022 12h35

Classificação e Jogos

As cenas de vitória são espetaculares, mostram uma torcida argentina ativa e participativa. Mas, quem acompanhou o jogo de ontem contra a Holanda, no Lusail, sabe que não foi bem assim.

Os argentinos, claro, eram maioria absoluta contra um punhado de holandeses. Antes do jogo, Van Gaal disse que seriam 1400 "laranjas" no estádio, mas provavelmente nem este número havia. Os argentinos estavam em dezenas de milhares e ainda tinham o apoio dos argentinos "internacionais", a legião de fãs de Messi que vêm dos quatro cantos do mundo.

Diferenciá-los é fácil. Basta olhar para o gestual das mãos e notar quem assiste ao jogo em pé, às vezes pulando.

Na primeira meia hora de partida, a torcida argentina fez pouca diferença. Os "barras" estavam atrás do gol oposto ao que foi palco da disputa de pênaltis e cantavam músicas longas demais, que raramente eram acompanhadas pelo resto do estádio.

O primeiro incêndio nas arquibancadas ocorreu quando Messi encontrou o passe genial para o primeiro gol, de Molina. A partir daí, a torcida cresceu. O mesmo aconteceu após o segundo gol. As canções eram festivas, com as famosas mãozinhas no ar e camisas sendo giradas.

Tudo mudou quando saiu o primeiro gol da Holanda. Silêncio absoluto. Não se ouvia mais nenhum argentino vivo. Alguns roíam as unhas, outros xingavam o árbitro espanhol (que, de fato, foi o grande responsável pela batalha campal que se formou), mãos nos rostos, não queriam nem ver. A torcida se fez ouvir só quando a plaquinha levantou mostrando 10 minutos de acréscimos.

O silêncio marcante fez pouco para ajudar o time, que levou o segundo gol e precisou jogar uma prorrogação. Durante o tempo extra, a coisa foi esquentando conforme o time foi melhorando. Foi a típica noite de time levando a torcida, não o contrário. Nos pênaltis, Emiliano Martínez defendeu a primeira e foi o responsável por incendiar o estádio de novo, com gestos espalhafatosos pedindo o apoio da hinchada.

O resto é a história. Depois da classificação, sim, a torcida argentina começou a dar um show de verdade. Ficaram por horas no Lusail e região do estádio, cantando todas as músicas que conhecemos, novas e velhas, girando camisetas, saltando, rindo e chorando.

Vieram, então, as básicas provocações ao Brasil.

"Já está saindo o avião, já está saindo o avião, brasileiro, já está saindo o avião", cantavam. Outra, principalmente quando chegava por perto uma câmera de TV, era o pedido de "minuto de silêncio". "Shhhhhhh... para Brasil, para Brasil, um minuto de silêncio pro Brasil".

De fato, o Brasil já foi embora de avião. E os argentinos seguem pelas ruas estádios do Qatar.