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Jornalista morto era crítico do Qatar e dizia que Fifa não mandava na Copa

Do UOL, em São Paulo

10/12/2022 04h00Atualizada em 10/12/2022 15h31

Classificação e Jogos

Dias após ser barrado em estádio na Copa do Mundo do Qatar, o jornalista esportivo norte-americano Grant Wahl, 48, morreu ontem (10), após passar mal nas tribunas do estádio Lusail durante o jogo entre Holanda e Argentina, pelas quartas de final do Mundial.

Em sua oitava cobertura de Copa do Mundo, Wahl trabalhou como redator sênior na revista Sports Illustraded, foi correspondente da Fox Sports e é autor do livro 'The Beckham Experiment', que narra a mudança de David Beckham para a MLS. E, nos últimos dias, recheou seu perfil com críticas ao Mundial do Qatar.

Em seu site, chamado "Futebol com Grant Wahl, o jornalista compartilhou um boletim diário de suas experiências no Qatar, e sobraram críticas à Fifa e ao país-sede da principal competição de futebol do planeta.

Dias antes do início da Copa, por exemplo, Grant criticou a postura da entidade máxima do futebol diante do "veto" do governo qatari à venda de bebidas alcoólicas no país.

"O que eu sei é que a grande sacada não é cerveja. É que a Fifa não está no controle desta Copa do Mundo. E isso faz com que tudo o que ouvimos sobre, por exemplo, como as forças de segurança do Qatar tratarão os visitantes LGBTQ deve ser considerado insignificante", escreveu em postagem no dia 18 de novembro.

Já no 25º dia de seu "boletim", Wahl criticou o governo qatari por "não se importar" com a morte de um trabalhador em meio à fase de grupos da Copa: "O Comitê Supremo não se importa que um trabalhador imigrante filipino tenha morrido no local de treinamento da Arábia Saudita", publicou o norte-americano.

A passagem do jornalista pelo Qatar ainda contou com um encontro com o pentacampeão Ronaldo Fenômeno. A última postagem de Wahl no Instagram —que conta com 15,7 milhões de seguidores— mostra o jornalista recebendo uma homenagem da Fifa pela cobertura de oito Copas do Mundo.

Segundo "The New York Times", Wahl sofreu um mal súbito na tribuna da imprensa, nos minutos finais do jogo, foi atendido e levado ao hospital. Não se sabe se o jornalista morreu a caminho ou já no hospital.

Nos últimos dias, Wahl compartilhou mensagens reclamando das poucas horas de sono e do estresse pela cobertura do Mundial. Além disso, no início de dezembro, ele relatou que seu resfriado "se transformou em algo mais grave". O jornalista fez teste para covid-19, que deu resultado negativo.

Wahl deixa a esposa, Dra. Céline Gounder, especialista em doenças infecciosas e integrante da equipe de transição de covid-19 do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.