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Modric foi dono da bola e Brasil perdeu controle no final, aponta Fifa

Modric quer parar o Brasil e aposta na Croácia para conseguir feito histórico - GettyImages
Modric quer parar o Brasil e aposta na Croácia para conseguir feito histórico Imagem: GettyImages

Rodrigo Mattos

Colunista do UOL em Doha

10/12/2022 15h09

Classificação e Jogos

A sensação ao se assistir à Brasil x Croácia é que a bola estava sempre no pé de Modric. Bem, não era apenas uma impressão: o meia croata foi o dono da bola com um total de 115 passes na partida. O principal motivo para a superioridade do meio-campo croata sobre o brasileiro durante a partida, que se acentuou justamente final da prorrogação.

Esse retrato é exposto no relatório da Fifa sobre o jogo com estatísticas detalhadas para os dois times e jogadores.

Um primeiro olhar nos números aponta uma posse de bola equilibrada entre os times, de 45% para cada time, com 10% de tempo em disputa. Mas os dados destrinchados da Fifa mostram que os três jogadores do meio da Croácia (Modric, Kovacic e Brozovic) deram 295 passes. Em contrapartida, Casemiro, Paquetá e Neymar só deram 181 passes, menos da metade.

Sim, isso é explicado pelo estilo de jogo das duas equipes. O Brasil só tem algum controle de bola na defesa ou em transição rápida para o ataque. Foi o modelo implantado por Tite de recuperação rápida da bola e ataque na sequência, o tal Rec 5.

Só que esse sistema impediu a seleção de tentar controlar a bola mesmo quando estava em vantagem no final da prorrogação. Se a posse é igual durante todo o jogo, o segundo tempo do tempo extra teve um quadro diferente. Por 18 minutos, incluídos acréscimos, o Brasil teve apenas 19% da posse de bola, e a Croácia, 55%.

Sem ter treinado para controlar o jogo, o Brasil se lançava para pressões de marcação no campo rival. Tanto que a estatística aponta que Pedro, Rodrygo, Antony, Fred e Casemiro foram os jogadores com mais pressões defensivas neste período do jogo.

Pode-se argumentar com razão que o sistema brasileiro produziu muito mais momentos ofensivos e chances de fazer o gol. Foram 19 arremates a gol, sendo 11 na direção do gol. Desse total, o Brasil mandou oito bolas na direção do gol de dentro da área, isto é, lances onde havia grande possibilidade de sair o tento. Mas só fez um.

Já a Croácia teve apenas nove conclusões a gol, sendo apenas com a direção certa do gol, a de Petkovic, que determinou o empate.

Também foi um jogador brasileiro, no caso Neymar, quem mais deu arrancadas com a bola, um total de 14 no total, bem à frente dos outros. Em compensação, o craque brasileiro só trocou 62 passes, um número ainda superior ao de Paquetá, com 56 passes. Dá para dizer que o Brasil não tem um meio-campista clássico mais.

Poderia ganhar sem ele. Esteve a cinco minutos de levar a vaga na semifinal sem precisar de jogo de meio-campo. Mas, nos minutos finais, ele era necessário. E, do outro lado, havia um meia de 37 anos que atuou durante 130 minutos, deu 115 passes, sendo 97 diretos e curtos e outros 17 longos.

Houve um momento no tempo normal em que o Brasil subiu a sua marcação e sufocou a defesa croata. Modric recuou, posicionou-se entre os dois zagueiros para a saída em três e achou um passe de virada para o outro lateral, Sosa, limpando o jogo. Não houve um jogador que fizesse isso pelo Brasil nos minutos finais.