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Auxiliar na Copa, filho de Tite tentará ser técnico; César Sampaio também

Tite e o filho e auxiliar Matheus Bachi em Brasil x Suíça, pela Copa do Mundo - Catherine Ivill/Getty Images
Tite e o filho e auxiliar Matheus Bachi em Brasil x Suíça, pela Copa do Mundo Imagem: Catherine Ivill/Getty Images
Gabriel Carneiro, Igor Siqueira, Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, em Doha (Qatar)

11/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

Dois dos três auxiliares de Tite na Copa do Mundo do Qatar planejam se lançar no mercado da bola como treinadores nos próximos meses, segundo apurou o UOL Esporte: César Sampaio, ex-jogador e que trabalha na comissão técnica da seleção brasileira desde 2019, e Matheus Bachi, filho de Tite e está na CBF há seis anos.

Matheus Bachi tem 33 anos e chegou na seleção junto com o pai, em junho de 2016, já como assistente técnico. A CBF precisou fazer até um ajuste em seu código de ética para permitir a contratação do profissional, pois antes as regras impediam parentes de funcionários de serem vinculados à entidade por possíveis "conflitos de interesse". As narrativas que mencionavam nepotismo acompanharam Tite e Matheus durante todo o período à frente da seleção.

A última vez que a relação virou assunto na seleção foi depois do jogo contra a Suíça, na segunda rodada da fase de grupos da Copa. O Brasil venceu por 1 a 0, com gol de Casemiro, já no segundo tempo, e Tite virou na hora para abraçar Matheus. O tema foi abordado na coletiva de imprensa depois do jogo.

"Sou por excelência um humanista, é minha característica. Tem gente que se identifica, outros não. Eu sou assim e tenho um grande profissional do meu lado, como é o César [Sampaio] e são os outros. Eu sei da sua qualificação. Tal qual Ancelotti, que tem filho auxiliar, Dorival Júnior, outros grandes músicos que têm filhos músicos. Tal qual Dr. Aloir, meu médico a vida toda, e que tem toda a família médica, eu tenho a felicidade de ter um grande profissional e um filho que amo do lado", disse o agora ex-técnico da seleção.

Matheus Bachi é formado em Ciência do Exercício na Carson-Newman University, dos Estados Unidos, onde também teve curta carreira como jogador. Em 2015, começou o trabalho fora de campo como auxiliar do Caxias, então comandado pelo técnico Paulo Turra. Após o Estadual, fez períodos de estágio no Barcelona e no Flamengo [com Vanderlei Luxemburgo] e foi contratado pelo Corinthians. Em seguida, pela seleção.

Matheus Bachi - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Matheus Bachi durante treino da seleção brasileira na Copa do Mundo, sua despedida do cargo
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Como assistente de Tite, Matheus Bachi foi peça importante na montagem e execução de treinamentos de bolas paradas ofensivas e defensivas, o que foi uma arma da seleção ao longo dos últimos anos. Ele também era o profissional da comissão técnica com mais conexão com os jogadores jovens da seleção, como Paquetá, Rodrygo e Vini Jr, e o membro da comissão que participava de reuniões e conferências sobre atualizações de arbitragem.

Embora saia frequentemente em defesa, Tite já deu uma bronca pública no filho em outubro de 2021. Na época, vazaram curtidas de Matheus em postagens preconceituosas nas redes sociais. Entre as publicações com seu 'like' na internet há mensagens com teor machista, antifeminista, homofóbico e transfóbico, além de ironias à atividade da imprensa, ao Supremo Tribunal Federal e à violência contra a mulher.

"Todo preconceito não deve existir. Estamos em processo de sociedade de igualdade de cor, raça e sexo", disse Tite, na época.

Sampaio - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
O auxiliar técnico da seleção brasileira César Sampaio, que deixa o cargo junto com Tite
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

César Sampaio também será treinador

Aos 54 anos, o ex-volante com passagens pelos quatro grandes clubes de São Paulo, futebol japonês e espanhol, decidiu se aventurar na carreira de técnico depois da Copa.

Titular da seleção como jogador na Copa do Mundo de 1998, quando até marcou três gols na campanha vice-campeã, César Sampaio chegou à CBF em 2019 para uma experiência como assistente que deveria durar quatro jogos como substituto de Sylvinho, que pediu demissão para ser técnico do Lyon.

O ex-volante foi escolhido porque tinha sido colega de classe de Tite nas aulas da Licença Pro de treinador na CBF. Ambos participaram de trabalhos nos mesmos grupos e trocaram ideias sobre futebol. Na experiência pontual, Sampaio agradou e ficou.

O curioso é que a seleção foi a primeira experiência de César Sampaio em função técnica. Antes disso ele tinha feito carreira na área da gestão depois da aposentadoria. Entre outros clubes de menor expressão, chegou a trabalhar dois anos como gerente de futebol do Palmeiras. Em 2018, foi contratado como comentarista da ESPN e iniciou os tais cursos de treinador.

A decisão de ser treinador foi amadurecida nos últimos meses e já está tomada.

Assim, o único dos três auxiliares diretos de Tite que não pretende ser treinador é Cleber Xavier, braço direito do ex-técnico da seleção desde o Grêmio, no começo de 2021. Xavier deve esperar os próximos passos da carreira de Tite, que planeja um período sabático de pelo menos seis meses antes de voltar a trabalhar.

Tite nunca escondeu o desejo de trabalhar no futebol europeu. Os seis meses servem para a conclusão da temporada no Velho Continente. Por questões de comunicação, o técnico se vê, a princípio, na Espanha e na Itália -- a segunda opção, pelas raízes familiares que levaram os Bachi a ter uma noção da língua.

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