Cadê a bola? Marrocos chega à semifinal com menos posse que rivais
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"Eu sou egoísta em uma coisa: sempre quero que meu time tenha a bola". A frase de Pep Guardiola resume a ideia que predominou no futebol mundial dos últimos anos. Na Copa do Mundo do Qatar, essa cultura predominante tem um adversário ferrenho nas semifinais: Marrocos, a grande surpresa do torneio.
Neste sábado (10), a seleção marroquina venceu Portugal por 1 a 0 e tornou-se a primeira equipe africana a alcançar a fase semifinal de uma Copa. O feito histórico foi alcançado com apenas 26,7% da posse de bola, segundo dados da Opta.
Não foi uma exceção. Em todos os seus jogos, a seleção marroquina teve menos a bola que o adversário. Contra a Espanha, a diferença de estilos ficou ainda mais clara: foram 23,2% de posse para a seleção do treinador Walid Regragui diante dos comandados de Luis Enrique.
O mesmo aconteceu em todas as partidas anteriores. O jogo em que os marroquinos mais tiveram posse de bola foi contra o Canadá: 41,2%.
Na média, Marrocos tem a bola apenas 31,2% do tempo. É o segundo pior índice de toda a Copa do Mundo, à frente apenas da Costa Rica, que teve 30,1% nos três jogos da fase de grupos e não foi adiante no Mundial.
Se na Copa do Mundo o índice de posse de bola de Marrocos já é pequeno, ele fica ainda menor se comparado aos de clubes das grandes ligas europeias. Na Premier League, em que o Manchester City de Pep Guardiola domina as últimas temporadas e tem média de 66,6% de posse, o time que menos tem a bola no torneio atual é o Bournemouth, com 37,9%.
No Campeonato Espanhol, o time com menos posse de bola é o Getafe, com 38,2%. O Barcelona é quem mais tem a bola, com 64,9%. No país que será o rival dos marroquinos na semifinal, a França, o campeonato nacional tem como líder da posse de bola o PSG, com 59,8%; o Stade Reims é a equipe que menos tem a posse, 42,3%.
Um time objetivo
A seleção marroquina pode não ter a bola, mas isso está longe de significar que não cria chances ofensivas. A diferença é que os ataques duram menos tempo: trata-se de um time mais direto, que toca menos a bola antes de acabar as jogadas.
Um número que mostra que Marrocos não especula com a bola nos pés é o de finalizações. Na vitória por 1 a 0 sobre Portugal, apesar de terem menos a bola e completarem apenas 171 passes (contra 592 dos rivais), os africanos chutaram 9 vezes, com 3 finalizações certas; os portugueses acabaram o duelo com 11 chutes, e os mesmos 3 acertos.
Diante da Espanha, essa efetividade também havia ficado evidente: foram 3 chutes certos dos marroquinos contra apenas 1 dos espanhóis. Uma estatística que fica ainda mais impressionante ao comparar a quantidade de posse de bola (77% a 23%) e o número de passes certos (967 a 223) para os europeus.
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