Invasão marroquina no Qatar se divide entre festa e cuidados com segurança
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Nas próximas horas, mais ou menos 10 mil marroquinos vão invadir o Qatar para curtir a fase final da Copa do Mundo. Um acordo entre uma companhia aérea, a federação de futebol e o ministério de esportes do país criou uma ponte aérea inédita e com preço razoável de 30 aviões para o percurso entre as cidades de Casablanca e Doha.
Já entre as torcidas mais barulhentas e numerosas da Copa por ser a única seleção representante dos países árabes e do continente africano, Marrocos receberá este importante reforço de pessoas enquanto o Qatar se divide entre festa e preocupações com a segurança de quem chega para ver ao menos o jogo contra a França nesta quarta (14), às 16h (de Brasília), pelas semifinais.
A parte da festa é porque a chegada dos marroquinos mantém no Qatar o clima de euforia próprio da Copa do Mundo e que entre os outros semifinalistas só existe na torcida da Argentina. Nesta segunda-feira, quando os argentinos organizaram um "bandeiraço" com cantos nas ruas do mercado popular mais tradicional de Doha, só o som dos marroquinos e seu "olê, olê, olê, olê, Maghreb, Maghreb" tentou competir.
Os vendedores de lojinhas de lembranças também estão em êxtase. Os produtos expostos no espaço nobre das lojas são quase sempre de Marrocos, dividindo espaço com itens da Argentina. As quinquilharias brasileiras também eram populares, mas perderam espaço depois da eliminação da seleção nas quartas de final. Há muito pouco de França e Croácia, as outras semifinalistas.
Sohail Hussien, proprietário de uma loja de souvernirs na entrada do mercado Souq Waqif, é quem explica. "Ninguém esperava que Marrocos chegasse tão longe. Circulam por aqui muitos marroquinos e também muitas pessoas de outros países que simpatizam com Marrocos por causa da Copa. São os produtos favoritos dos consumidores nos últimos dias. Principalmente a shashia", diz, em referência ao chapéu tradicional que parece um gorro em formato cilíndrico.
Preocupações com a segurança
Apesar do clima de festa, existem no Qatar preocupações sobre a invasão marroquina prevista para os próximos dias. Parte desse grande volume de torcedores não tem ingressos para o jogo contra a França e nem para a hipotética final ou disputa do terceiro lugar.
"Eu cheguei há duas semanas, vi os três primeiros jogos e realmente não acreditei que Marrocos ia passar de fase, tanto é que não tenho mais ingressos. O sonho virou realidade, mas temos esse problema agora: não conseguimos achar ingressos e o preço é muito alto. Agora estão vindo muitos outros, mas como vão entrar no estádio? O que fazem? Precisamos de ingressos", diz Rachouk Kasawi, empresário em Casablanca.
A questão dos ingressos é tão delicada que já virou assunto na Fifa. Na primeira rodada da fase de grupos, empate por 0 a 0 entre Marrocos e Croácia, houve invasão de pelo menos mil marroquinos sem ingressos no estádio Al Bayt. O efetivo de segurança local, sem armamento ou preparação para jogos dessa dimensão, não conseguiu impedir.
Nos jogos seguintes houve reforço de segurança em todos os jogos de Marrocos na Copa do Mundo, com mais homens e de perfis mais ostensivos. Mesmo assim, houve episódios de tentativas de invasão registrados nos jogos contra Bélgica, Canadá, Espanha e Portugal. A Fifa não se manifestou oficialmente sobre as ocorrências, mas nas quartas de final houve confusão, empurra-empurra e problemas na entrada do estádio de Lusail.
Um torcedor chegou a ser preso por tentar pular a grade para ver o jogo, como registrou o UOL.
O governo do Qatar facilitou a entrada de estrangeiros no país durante a Copa. Além disso, as barreiras de ingressos são diferentes do que aconteceu nas últimas edições da Copa do Mundo, em que pessoas sem ingressos não conseguiam chegar perto do estádio como acontece agora, o que permite aglomerações e movimentos organizados na porta do estádio.
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