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A Croácia veio para os confrontos diante do Brasil e da Argentina com o mesmo plano de jogo: controlar a bola com o seu ponto forte, o meio de campo, e proporcionar uma disputa lenta e morna no setor. O time argentino, entretanto, estava preparado, e adotou uma forma de jogar bem diferente da brasileira: preferiu ceder espaços ao rival para gerar contra-ataques, enquanto o Brasil insistiu em jogar avançado.
O jogo croata é centralizado no seu meio-campo de alta qualidade, Brozovic, Modric e Kovacic. Por ali, circula a bola. Dependendo da posição, os atacantes recuam ou os defensores avançam, gerando superioridade numérica no setor.
No primeiro tempo das quartas-de-final, contra o Brasil, a Croácia teve 46% de posse de bola, contra 42% dos brasileiros - a Fifa conta alguns momentos como "bola em disputa". A seleção optou por marcar pressão os croatas ou a partir do seu meio-campo. É o estilo de Tite, cujo sistema prevê roubar logo a bola depois de perder, o chamado "rec 5" (recuperação em até 5 segundos).
O plano da Argentina foi bem diferente. Deu até mais a bola para Croácia no primeiro tempo: o time europeu reteve 53% da posse. Só que os argentinos recuaram e prepararam o contra-ataque. Além disso, reforçou o meio de campo, escalando Enzo Fernández, Paredes e De Paul. Foi o que explicou após o jogo o técnico Lionel Scaloni.
"Eles tem três ou quatro meias que jogam sempre juntos, há muito tempo e são muito difíceis de marcar e a sensação era de que eles tinham sempre a bola, mas a gente entendeu que a partida era para jogar assim mesmo", explicou.
Além do técnico, Lionel Messi também mostrou que todos os atletas sabiam dessa orientação por conta da preleção antes de a bola rolar. "O corpo técnico é muito bom, não deixa nada passar e isso nos ajuda muito no campo, porque sabemos todos os momentos o que a gente precisa fazer. A gente sabia o que fazer quando eles tentavam mexer de um lado para o outro, com muita posse, mas a gente sabia que a gente ia ter força quando recuperasse a bola".
Em dois escanteios a favor da Croácia, os sul-americanos recuperaram a bola e saíram em arrancadas fulminantes com a velocidade de Julian Alvarez. O primeiro foi em uma bola longa em que o atacante foi derrubado pelo goleiro Livakovic, pênalti para Messi converter. No lance seguinte, de novo, recuperação, o camisa 10 dá um toquinho e a bola chega em Alvarez, que arranca, vai atropelando a defesa croata e faz o segundo. Ao final da etapa, a Argentina teve quatro arremates no gol, mas três deles perigosos. O Brasil teve no mesmo período três conclusões na meta, todas sem grande perigo.
Com vantagem no placar, a Argentina postou-se ainda mais defensivamente. Baixou totalmente suas linhas para deixar o treinador croata Dalic empilhar atacantes no time, Vlasic, Orsic e Petkovic, responsável pelo gol contra a seleção. Mas sempre foi um problema para Croácia atacar times fechados. O contra-ataque que os croatas emplacaram contra o Brasil, faltando cinco minutos para o final, foi possível porque havia sete jogadores brasileiros no campo ofensivo.
No caso argentino, a Croácia continuou a ter a posse de bola acima de 50%, girando em volta da defesa argentina fechada em duas linhas — só Messi e Alvarez sobravam.
Aí agiu a genialidade de Messi, que girou duas vezes em cima de Gvardiol, melhor defensor da Copa, para servir Alvarez no terceiro gol.
É preciso lembrar que o Brasil fez um bom segundo tempo diante da Croácia: criou pelo menos três chances claras para os pés de Neymar. A diferença, neste caso, foi a eficiência da Argentina nas conclusões.
Ao final do jogo, os argentinos arremataram 7 vezes na direção do gol. O Brasil conseguiu 11 conclusões. Só que o time albiceleste fez três gols e o canarinho, zero, nos 90 minutos.
Há diferentes formas de controlar um adversário. A Croácia manejou o Brasil com a posse de bola, a Argentina manipulou os croatas com os espaços no campo.
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