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Dança sobrevive e mostra que Marrocos é o Brasil na Copa do Mundo

Sofiane Boufal, do Marrocos, comemora com sua mãe após classificação na Copa - Juan Mabromata/AFP
Sofiane Boufal, do Marrocos, comemora com sua mãe após classificação na Copa Imagem: Juan Mabromata/AFP

Do UOL, em Doha (Qatar)

14/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

As dancinhas dos jogadores da seleção brasileira para comemorar gols na Copa do Mundo do Qatar viraram polêmica. Além de ex-jogadores estrangeiros, até o técnico da Croácia — equipe que tirou Neymar, Vini Jr e Paquetá do torneio — disse que "não gostaria" que seus jogadores dançassem.

O Brasil foi eliminado e a Croácia também já ficou para trás na semifinal contra a Argentina, ontem (13), no estádio de Lusail. Mas as dancinhas, para desespero de Roy Keane, Zlatko Dalic e companhia, ainda marcam presença nos estádios do Qatar. Os principais representantes são os jogadores da seleção de Marrocos, que enfrenta a França nesta quarta-feira, às 16h (de Brasília), pela segunda vaga na decisão da Copa.

O que muda dos brasileiros para os marroquinos são o momento e os parceiros de dança. Se a seleção de Tite comemorava com passinhos durante as partidas entre os próprios jogadores, os comandados de Walid Regragui o fazem depois das partidas e com familiares.

Depois da classificação contra Portugal nas quartas de final do Mundial, correu o mundo a imagem do atacante Sofiane Boufal de mãos dadas, dançando e sorrindo com sua mãe dentro do gramado do estádio Al Thumama ao som da música que tocava nos alto-falantes. Outros familiares também foram convidados a entrar no gramado e se divertiram por alguns minutos, numa demonstração de felicidade que poderia facilmente vir de brasileiros.

"A música e a dança no Marrocos têm um significado muito importante. Além de confraternização, são maneiras de mostrar a cultura e falar das suas raízes. Acho isso muito parecido com o Brasil", conta ao UOL Mirelle Tomé, que é brasileira e promove viagens de brasileiros ao Marrocos há cinco anos.

"Os brasileiros gostam de ir para o Marrocos porque existem muitas conexões culturais. O povo marroquino é família, está sempre cercado de amigos, é um povo alegre, que ama dançar, e tem uma receptividade incrível. Mesmo com tantos problemas sociais e econômicos, eles recebem os visitantes com sorrisos, carinho, querendo que o brasileiro conheça mais da cultura, experiente a comida, vá para suas casas, apresente sua família. Isso é incrível e não vemos em todos lugares. Vemos no Brasil e em Marrocos", diz, antes de completar:

"Dentre os países na fase final, o Marrocos é o que mais parece com o Brasil por causa da alegria."

Nos últimos dias, brasileiros manifestaram nas redes sociais sua torcida pela seleção de Marrocos baseados nessa conexão e também na campanha histórica dos semifinalistas, a primeira seleção africana e árabe a chegar tão longe numa Copa do Mundo.