Terceiro lugar de Modric no adeus à Copa é mais do que prêmio de consolação
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Olha para lá, olha para cá, ajeita o cabelo, gira, protege e dá um passe completamente acima da média dos demais. Luka Modric tem um ritual em campo, dá para perceber. A passada cadenciada, alterna de ritmo obedecendo um cérebro brilhante. É nessa pulsação que a Croácia chegou tão longe, conquistando o terceiro lugar da Copa depois de derrotar Marrocos.
Na próxima Copa, em 2026, não haverá mais Luka no time. Alguém vai ter que assumir o papel de ritmista croata. A campanha no Qatar marca a despedida do maior jogador croata dos Mundiais. Aquele que já foi melhor do mundo capitaneou o time rumo a duas campanhas marcantes e históricas nos últimos quatro anos e meio — o vice-campeonato na Rússia e este terceiro lugar no Qatar.
Em um país tão jovem como a Croácia, que se tornou independente da Iugoslávia em 1991, acumular campanhas tão relevantes e de forma consistente nas Copas do Mundo tem elementos de brilhantismo. A geração liderada por Modric faz parecer mais comum do que é o terceiro lugar da Croácia em 1998, logo na primeira participação do país em Copas.
Nas últimas duas edições, Luka subiu os degraus necessários para ser o maior da lista de ídolos que tem, por exemplo, Suker, Boban, Prosinecki e Jarni.
Hoje (17), o terceiro lugar conquistado diante do Marrocos não tem cara de prêmio de consolação. Parece mais um prêmio justo à consagração de Modric e de um time que tem a consistência de fazer o que é necessário para chegar ao mais longe possível.
Além de fazer a Bélgica cair na fase de grupos e eliminar o Brasil nas quartas de final, o limite da Croácia no Qatar foi a genialidade de Messi e da Argentina.
Em Modric está a figura do líder e a representação do talento. Quem não o conhece pode até desvalorizar esse homem quase de meia idade, que mede 1,72m. Mas o desempenho em campo e o que representa fora dele confirmam o gigantismo de Modric.
A essa altura do campeonato, a vitória por 2 a 1 sobre Marrocos teve um Modric que jogou como primeiro volante, com mais responsabilidades defensivas, mas "carimbando" praticamente todas as bolas na construção do jogo croata.
Como a seleção jogou sem Brozovic, Kovacic foi o "melhor amigo" de Modric no jogo, em uma formação que talvez seja a do futuro croata a médio prazo, quando Luka não estiver mais em ação — pode ser que ele atue na Eurocopa de 2024, quando terá 39 anos.
Kovacic e Brozovic, inclusive, são os herdeiros desse setor de meio-campo tão consistente e que deu trabalho ao Brasil de Tite. A nova geração ainda tem o zagueiro Gvardiol, de 20 anos, como principal representante.
Mas nenhum deles é Luka. Nenhum deles será parecido com Modric.
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