Topo

Na melhor final da história das Copas, Argentina é tri com dois de Messi

Jogadores da Argentina comemoram a vitória na final da Copa do Mundo contra a França, nos pênaltis - Divulgação/Fifa
Jogadores da Argentina comemoram a vitória na final da Copa do Mundo contra a França, nos pênaltis
Imagem: Divulgação/Fifa
Eder Traskini, Gabriel Carneiro, Igor Siqueira, Lucas Musetti Perazolli, Danilo Lavieri, Pedro Lopes e Rodrigo Mattos

Do UOL, em Doha (Qatar) e Santos (SP)

18/12/2022 14h55Atualizada em 18/12/2022 19h54

Classificação e Jogos

Os anos a chorar da Argentina acabaram hoje (18) pelos pés do gênio de uma era: Lionel Messi. O maior craque que o futebol viu desde a década de 1970 comandou sua seleção e marcou duas vezes no empate em 3 a 3 (e vitória de 4 a 2 nos pênaltis) com a França, na final da Copa do Mundo do Qatar.

Aos 35 anos, Messi finalmente tem uma Copa para chamar de sua. E da melhor maneira possível: a final que ele acaba de ganhar foi a melhor da história. A mais emocionante de todas. Como em um roteiro de cinema, o jogo teve domínio de um lado, um nó tático desfeito e um empate heroico, tudo corado com uma prorrogação cheia de emoções. Se dois gols já seriam o suficiente para 30 minutos de emoções, os dois times perderam chances no segundo tempo. Tanto argentinos, quanto franceses viram bolas na cara do gol defendidas quando uma alteração no placar mataria com as chances do rival.

Como cantaram os argentinos durante todo o mundial, Diego Maradona viu lá do céu a melhor final da história das Copas e "apoiou" Lionel Messi no tricampeonato mundial da Argentina.

  • Messi fez dois gols, um no tempo normal e outro na prorrogação. Argentina abriu 2 a 0 com Messi e Di María no primeiro tempo, mas levou o empate no fim do tempo normal com dois gols de Mbappé.
  • No tempo extra, o craques apareceram novamente: Messi e Mbappé fizeram um gol cada numa prorrogação maluca e levaram a final para os pênaltis. Os dois times tiveram chances claríssimas nos últimos instantes.
  • Nos pênaltis, Mbappé e Messi converteram as primeiras penalidades. O goleiro Dibu Martínez defendeu a finalização de Coman e Tchouameni também desperdiçou. 4 a 2 para a Argentina, com Montiel marcando na última cobrança.
  • O goleiro Martínez brilhou muito. Além do pênalti defendido, ele fez um milagre no fim da prorrogação, em chute de Muani.
  • A Argentina fez primeiro tempo perfeito. Em 35 minutos, o placar estava 2 a 0 e o título parecia perto. A superioridade teve participação direta de Lionel Scaloni, que surpreendeu com Di María na ponta esquerda. Foi ele quem sofreu o pênalti e marcou o segundo gol.
  • Didier Deschamps, treinador da França, reconheceu o nó tático e revidou com duas mexidas ainda no primeiro tempo. Muani e Thuram, que entraram muito bem.
  • Assim como contra a Holanda nas quartas de final, a Argentina teve força mental para superar a reação do adversário e vencer nos pênaltis.
  • Com o hat-trick, Mbappé superou Messi e foi o artilheiro da Copa do Qatar, com oito gols.
E, se uma Era está terminando, o próximo dono do planeta bola está pronto para pegar o bastão. Kylian Mbappé marcou três vezes na final e recolou a França no jogo quando tudo parecia perdido.
  • Com apenas 23 anos, Kylian Mbappé se tornou o maior artilheiro de finais de Copa. Ele chegou a quatro gols marcados em decisões. O hat-trick do francês contra a Argentina foi apenas o segundo da história em uma final de Copa --o primeiro foi de Geoff Hurst em 1966, pela Inglaterra contra Alemanha.
  • Mbappé passou Pelé em gols marcados (12) antes dos 24 anos em Copas do Mundo e recebeu os parabéns do Rei nas redes sociais. Seu gol na final de 2018, aos 19 anos, o tornou o segundo mais jovem a marcar em decisões, atrás apenas de Pelé.
  • O francês é apenas o quinto jogador da história a marcar em duas finais de Copa, ao lado de Pelé, Vavá, Zidane e Paul Breitner. Desses, apenas Vavá marcou em duas decisões consecutivas como Mbappé.
  • Com idade suficiente para jogar mais três Copas, Mbappé pode bater mais recordes: ele soma 12 gols e 11 vitórias contra 16 gols e 17 vitórias do recordista de ambos os quesitos, o alemão Miroslav Klose. No recorte francês, Mbappé está apenas um gol atrás de Just Fontaine, maior artilheiro da França em Copas.
Curiosidade: foi a primeira vez que um técnico fez substituições por ordem tática ainda no primeiro tempo. Deschamps mexeu aos 40 minutos e nem esperou o intervalo.

A coroação de Messi

Se a torcida argentina cantou que voltou a sonhar foi por causa de Lionel Messi. Na final, ele ditou o ritmo de jogo e foi decisivo. Converteu o pênalti sofrido por Di María logo no início deslocando o goleiro Lloris. Depois, deu toque de classe de primeira para possibilitar o contra-ataque que terminou no gol de Di María.

Quando tudo já parecia perdido para a França, foi outro craque, Mbappé, quem recolocou os franceses no jogo. Converteu pênalti sofrido por Kolo Muani em toque de Otamendi e, depois, tabelou com Thuram e bateu de primeira para vencer Emiliano Martínez. Tudo isso em dois minutos e faltando dez para o fim do jogo.

Depois de Mbappé aparecer, empatar e levar o jogo para a prorrogação, Messi de novo brilhou. Lautaro Martínez bateu, Lloris defendeu e o camisa 10 apareceu dentro da pequena área para empurrar para as redes. Koundé tentou tirar, mas a bola já tinha cruzado a linha de gol.

A prorrogação teve diversas chances claras para ambos os lados. Os principais erros de finalização foram de Lautaro Martínez e Muani. Muani, nos acréscimos da segunda metade do tempo extra, errou cabeceio na pequena área e, no último lance, saiu cara a cara com Martínez e parou no goleiro.

Messi foi eleito o craque da Copa. Ele já tinha levado o prêmio de melhor em campo quatro vezes na campanha que levou a Argentina até a final: na partida contra o México, decisiva para a classificação na fase de grupos, e em todos os jogos do mata-mata até a decisão.

  • Como Maradona, agora Messi tem uma Copa para chamar de sua e conquistou definitivamente seu lugar no coração dos argentinos. Não há mais qualquer asterisco na carreira de um dos maiores jogadores da história.
  • A torcida da Argentina cantou durante toda a Copa que, do céu, Diego Maradona, seu pai e sua mãe estavam "apoiando Lionel". Obviamente não é possível afirmar, mas o título deve servir para sempre como prova disso para qualquer argentino.
  • Messi quebrou dois recordes na final: é agora quem mais jogou na história das Copas com 26 partidas e também o jogador com mais participações diretas em gols - foram 21, sendo 13 gols e oito assistências.
  • Di María foi a chave da decisão. Reserva em todo o mata-mata, ele foi escalado de forma inteligente por Scaloni como um autêntico ponta, atuando colado à linha lateral para aproveitar o espaço dado pela França. A Argentina buscava a inversão de jogo para Di María a todo momento e teve sucesso. O time piorou quando ele precisou ser substituído..
  • Do outro lado, Mbappé deixou escapar seu segundo título de Copa do Mundo, o que o colocaria ao lado de Pelé como maior vencedor do torneio antes dos 24 anos de idade, mas vendeu caro a derrota.

Disputa tática

A França viu a Argentina dominar de forma absoluta a partida durante todo o primeiro tempo e Didier Deschamp fez duas alterações ainda na primeira etapa. O técnico francês tirou o autor do pênalti, Dembélé, e o centroavante Giroud para as entradas de Kolo Muani e Marcus Thuram; os dois participariam dos gols de Mbappé mais tarde.

  • Dembélé vinha sofrendo para marcar Di María e o setor melhorou com Kolo Muani. A saída de Giroud liberou Mbappé para jogar mais centralizado, ora como centroavante, ora como um camisa 10.

  • O esquema tático da França teve Koundé, zagueiro de origem, atuando como lateral-direito desde o segundo jogo. Quando questionado sobre a decisão, Deschamps foi vago e disse que Pavard, titular da função, "não estava com boa disposição". Koundé fechava mais para o meio em linha de três no momento da construção e quando a Argentina retomava a bola era Dembélé quem cobria a ala direita. Foi esse o espaço explorado por Scaloni com Di María titular.
Na prorrogação, as orientações táticas ficaram para trás e os espaços se abriram por causa do cansaço dos times. Desorganizadas, as seleções cederam chances claríssimas e o placar poderia ter sido até mais dilatado.

Veja fotos do encerramento e da grande final da Copa do Mundo do Qatar

Os gols

1x0. Aos 22 minutos, Di Maria driblou e foi calçado por Dembélé na área. Na cobrança de pênalti, Lionel Messi bateu com categoria no canto direito e Lloris foi para o esquerdo.

2x0. Aos 35 minutos, a Argentina ampliou em contra-ataque perfeito. Mac Allister, acionou Messi, que tocou de três dedos para Álvarez na direita. De primeira, o centroavante passou para Mac Allister. O meio-campista começou e terminou a jogada numa assistência para Di Maria, que bateu de primeira para vencer Lloris.

2x1. Aos 35 minutos do segundo tempo, Otamendi derrubou Muani na área. Mbappé converteu. Dibu Martinez acertou o canto, mas não conseguiu defender.

2x2. Aos 37 minutos do segundo tempo, Messi perdeu a bola para Coman, a bola chegou em Mbappé e ele tabelou com Thuram para bateu bonito, de voleio, e deixar tudo igual.

3x2. Aos quatro minutos do segundo tempo da prorrogação, Messi fez de novo. Enzo Fernández acionou Lautaro Martínez, que bateu forte. Lloris defendeu e Messi, no rebote, fez de direita. Koundé tirou, mas a bola já tinha cruzado a linha.

3x3. Aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação, Mbappé deixou tudo igual outra vez. Ele converteu pênalti cometido por Montiel e deslocou Dibu Martinez novamente, bola no canto esquerdo e o goleiro no direito.

Veja fotos da despedida de Lionel Messi das Copas do Mundo

Opiniões dos colunistas

Casagrande: Argentina campeã! Viva Messi! Viva a América do Sul! Maradona está girando a camisa em algum lugar do universo, tenho certeza.
Juca Kfouri: Não que Mpabbé não mereça, ou Griezmann, ou Lloris. Mas ninguém mais merecia do que Lionel Messi
Diego Garcia: Não falta mais nada a Lionel Messi. Se a Copa do Mundo era o que separava o argentino do panteão dos deuses do futebol, isso acabou neste domingo.
Vitor Guedes: Argentina 3 x 3 França foi uma ode ao futebol., um clássico com todos os ingredientes que merecem uma final de Copa do Mundo.

FICHA TÉCNICA
ARGENTINA 3 (4) x 3 (2) FRANÇA

Data: 18 de dezembro de 2022 (domingo)
Horário: 12h (de Brasília)
Local: Estádio Lusail, em Doha (Qatar)
Árbitro: Szymon Marciniak (POL)
Assistentes: Pawel Sokolnicki e Tomasz Listkiewicz (POL)
VAR: Tomasz Kwiatkowski (POL)
Público: 88.966
Cartões amarelos: Enzo Fernández, Acuña, Paredes e Montiel (Argentina) e Rabiot, Giroud e Thuram (França)

GOLS:

Argentina: Messi e Di Maria, aos 22 e 35 minutos do 1T; Messi, aos 4 minutos do 2T da prorrogação
França: Mbappé (3), aos 35 e 37 minutos do 2T, e aos 11 minutos do 2T da prorrogação

ARGENTINA: Emiliano Martínez; Molina (Montiel), Romero, Otamendi e Tagliafico (Dybala); Enzo Fernández, De Paul (Paredes) e Mac Allister (Pezzella); Di María (Acuña), Messi e Julián Álvarez (Lautaro Martinez). Técnico: Lionel Scaloni

FRANÇA: Lloris, Koundé (Disasi), Varane, Upamecano e Theo Hernandez (Camavinga); Tchouaméni, Rabiot (Fofana) e Griezmann (Coman); Dembélé (Muani), Mbappé e Giroud (Thuram). Técnico: Didier Deschamps