Com enterro do tiki-taka, França e Argentina jogam final do contra-ataque
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Quando a Espanha foi campeã mundial em 2010, parecia que o futebol rumava para um curso definitivo: controlar a bola seria o novo santo graal do esporte. Passados 12 anos, com o tiki-taka enterrado, França e Argentina disputam a final da Copa do Mundo do Qatar com postura oposta: deixam a bola com seus rivais e ganham com contra-ataques.
Atual campeã do mundo, a França teve posse de bola na casa de 35% diante de Marrocos e da Inglaterra, na semifinal e nas quartas de final, respectivamente. É verdade que os gols cedo condicionaram de certa forma o andamento da partida. Mas tem sido uma preferência francesa jogar recuperando a bola com agressividade no meio para proporcionar as arrancadas de Mbappé.
Já a Argentina também teve posse de bola na casa de 30% nos 90 minutos das partidas contra Holanda (quartas) e Croácia (semi). A diferença é que, diante dos holandeses, os argentinos tomaram a bola para si na prorrogação, jogando de forma mais impositiva.
"Eles (França e Argentina) dão mais a bola para o outro time. E explodem com uma velocidade na arrancada com qualidade", explicou o capitão do grupo técnico da Fifa, o ex-jogador e ex-técnico da Alemanha Jürgen Klinsmann. "É fascinante para nós técnicos porque prevemos que os dois devem ser mais precavidos. Queremos ver quem vai fazer esse gol", acrescentou.
Argentina e as arrancadas de Messi
A diferença entre as duas equipes está na forma como aproveitam seus craques. Messi costuma trabalhar arrancadas a partir do meio-campo, Mbappé, mais à frente.
"Os dois times jogam em estilo parecido. A característica de Mbappé é receber atrás dos defensores. E a de Messi é receber no meio-campo. A Argentina vai tentar bloquear o lado direito do campo. E França vai tentar evitar o jogo no meio", contou o chefe de desenvolvimento do futebol da Fifa, o francês Arséné Wenger, ex-técnico do Arsenal.
De fato, em seus jogos nas semifinais, os destaques em arrancadas são para os dois protagonistas do PSG. Mbappé deu nove corridas com a bola, enquanto Messi, sete. Não por acaso a França ataca mais pela esquerda, setor de seu craque, e os argentinos pelo meio.
Até pela presença dos dois jogadores é impossível dizer que os dois times são defensivos, apesar de jogarem mais preocupados com a ocupação do espaço do que em ter a bola o tempo inteiro. O time francês concluiu 14 vezes ao gol, 12 delas dentro da área contra Marrocos. E foi igualmente agressivo diante da Inglaterra.
Um símbolo do time é o meia-atacante Antoine Griezmann, que tem desempenhado um papel defensivo vital para a França ao mesmo tempo que é líder de assistência do Mundial, com três.
Já a Argentina conseguiu dez conclusões a gol diante da Croácia, sendo sete na direção do gol. Lembremos que Julián Álvarez fez seus gols frente a frente com o goleiro croata Dominik Livakovic, e Messi marcou de pênalti.
"O que posso dizer que vi durante a Copa é que são bem organizados (os argentinos). São bem fortes defensivamente e agressivos na pressão sobre quem tem bola. E se aproveitam dos erros de quem perde a bola. Argentina sempre produziu grandes talentos, tivemos Maradona e agora Lionel Messi. São lendas", descreveu o goleiro francês Hugo Lloris.
Formações variáveis
Lionel Scaloni, por sua vez, vê os dois times com formações variáveis, não necessariamente presos ao modelo de contra-ataque. Não quis revelar qual será sua formação — se repetirá os quatro homens de forte marcação e pressão no meio, usados contra Croácia. Deixou claro saber o perigo de dar o contra-ataque para os rivais na final.
"A França tem variações. Eles podem jogar com posse de bola e sem posse de bola. São muito rápidos nos contra-ataques. Talvez seja bom para a França se a Argentina tiver a bola porque eles podem ser letais", disse o treinador da Argentina.
Neste cenário, é imprevisível se teremos uma repetição da chuva de gols do confronto entre as duas equipes na Copa da Rússia, em 2018. Naquela ocasião, a França eliminou a Argentina nas oitavas de final após vencer por 4 a 3.
"São só sete jogadores que estavam presentes em 2018. Não é o mesmo time, não dá para comparar esse jogo. Antes, eram oitavas e o time era diferente. A escalação é diferente, o plano de jogo é diferente", descartou Didier Deschamps, treinador da França.
Certo é que dificilmente veremos as longas trocas de passes como os jogos dos espanhóis. No novo rumo traçado para o futebol, é preciso correr o mais rápido possível em direção ao gol ou ele não sai.
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