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Louco para receber Copa, Marrocos deixa Qatar com mais força nos bastidores

Jogadores do Marrocos comemoram gol sobre a Croácia que não evitou o quarto lugar na Copa - Fabrizio Bensch/Reuters
Jogadores do Marrocos comemoram gol sobre a Croácia que não evitou o quarto lugar na Copa Imagem: Fabrizio Bensch/Reuters

Do UOL, em Doha (Qatar)

18/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

Marrocos terminou a Copa do Mundo em quarto lugar. É a primeira vez que uma equipe africana chega tão longe em quase cem anos de história do torneio. Apesar da derrota contra a Croácia deste sábado (17), a seleção deixa o Qatar com o orgulho da campanha bem-sucedida, vários jogadores valorizados e uma força nos bastidores que pode ser importante para o futuro do país.

O primeiro sinal da conquista de capital político foi o anúncio nesta semana de que Marrocos será sede do Mundial de Clubes em 2023. O conselho da Fifa que definiu o caso aconteceu no Qatar, já em meio à campanha histórica e também justificada por ela, além do envolvimento dos torcedores nos jogos.

Mas Marrocos trabalha para que não pare por aí. O objetivo final é sediar uma edição da Copa do Mundo.

O país já se candidatou cinco vezes e nunca foi escolhido. Em 1994, teve sete votos contra dez dos Estados Unidos, onde o Brasil acabou sendo tetracampeão mundial. Já em 2010 foram dez votos contra 14 da África do Sul, sede da consagração do tiki-taka da Espanha. Marrocos também apresentou candidaturas em 1998, 2006 e 2026, sendo derrotado em todas as oportunidades.

Para 2026, o Marrocos recebeu 65 votos contra 134 dos vencedores Canadá, Estados Unidos e México. Um dos votos foi do Brasil e gerou um incidente diplomático para a CBF, que tinha entrado em acordo para votar em bloco com os outros membros da Conmebol e descumpriu pelas mãos de seu então presidente, o Coronel Nunes.

Marrocos também trabalha para ser candidata em 2030, mas ainda não há um formato fechado. Há a possibilidade de o país se lançar sozinho ou dividir jogos com Portugal e Espanha, que também organizam candidatura. Outra chapa conjunta que se apresentou é formada por Arábia Saudita, Egito e Grécia.

Apesar de tudo, a candidatura considerada favorita nos bastidores tem Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai como países-sedes. O favoritismo é porque em 2030 se completam exatos cem anos da primeira Copa, que aconteceu no Uruguai.

A decisão será tomada só em 2024.

Até lá, Marrocos costura nos bastidores para reverter essa força em campo em capital político. O rei Mohamed VI é envolvido em assuntos esportivos, construiu um potente centro de desenvolvimento de jovens jogadores em 2009 e comemorou nas ruas o sucesso da seleção na Copa do Mundo, sendo elogiado até pelo técnico Walid Regragui.

"Em todos os jogos vimos as pessoas do Marrocos tomando as ruas do país para celebrar as vitórias, o rei também foi junto para o povo e essas imagens foram bonitas. Isso é o que eu quero lembrar dessa Copa do Mundo."

Marrocos já recebeu o Mundial de Clubes em 2013 e 2014, quando Bayern de Munique-ALE e Real Madrid-ESP foram campeões, e sabe que é reconhecido pela Fifa como possível sede de Copa para o futuro. O desempenho no Qatar é a chave para essa decisão ser acelerada.