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A última Copa de Messi e CR7

As principais histórias do último mundial dos melhores jogadores do século

¿Qué mirás, Copa? Messi encarou, sofreu e soltou o grito de campeão

Lionel Messi teve papel decisivo na vitória da Argentina em cima da França na decisão - REUTERS/Carl Recine
Lionel Messi teve papel decisivo na vitória da Argentina em cima da França na decisão Imagem: REUTERS/Carl Recine

Colunista do UOL, em Doha (Qatar)

18/12/2022 15h30

Classificação e Jogos

A Copa do Mundo encarou e desafiou Messi por cinco vezes. Em quatro oportunidades, franziu as sobrancelhas e fez mais cara feia. Levou a melhor especialmente na edição de 2014, no Brasil, quando o duelo resistiu até ao último jogo e caminhou para uma fatídica provocação final da Alemanha. Um forte e ardido sopro nos olhos.

Em 2022, no Qatar, o craque argentino fez valer na perfeição o posto de um dos maiores de todos os tempos. O maior, talvez. Olhou fixamente, sem nem sequer piscar. Insistiu na afronta. Instigou e foi instigado. Sofreu, e muito. Bateu no peito, chamou a responsabilidade e superou todas (sim, todas) as provações para soltar o grito de campeão. Pela primeira e última vez.

A história demorou vários anos, teve requintes de crueldade, mas foi escrita com gotas de suor e lágrimas. Antes tarde do que nunca. Sorte de quem acompanhou de perto ou mesmo de longe um magistral camisa 10 que fez de tudo e um pouco, sobretudo na decisão, para assegurar um lugar cativo no exclusivo panteão de vencedores mundiais. Mais do que merecido. Altamente necessário.

A bicampeã França parecia ter entregado os pontos, incapaz de segurar o ímpeto daquele que começou a perseguir, ainda em 2006, na Alemanha, o tão sonhado tricampeonato para a Argentina. Daquele que, mesmo aos 35 anos, também foi o melhor jogador e, de quebra, o vice-artilheiro em solo qatari, com sete gols.

Dois toques bastaram para o capitão albiceleste provocar os franceses e começar a fazer a diferença, assim como já tinha acontecido contra México, Austrália, Holanda e Croácia. Novamente de pênalti, o quinto na competição, abriu o placar na finalíssima no Lusail. Depois, com um toque sutil, deu origem ao contra-ataque mortal finalizado por Di María.

Transformou o mínimo em máximo, quase como em um toque de mágica. Colocou uma mão e meia no troféu. De repente, no entanto, viu ressurgir das cinzas um surpreendente Kylian Mbappé. Estava quieto, quase esquecido, porém acordou. Do nada. Também balançou a rede duas vezes e levou o confronto para a prorrogação.

Fez, então, o possível e o impossível para igualar o ídolo e não menos histórico Diego Maradona. Marcou mais um, mas, novamente, foi empurrado contra as cordas pelo companheiro do PSG: 3 a 3. Um suado e inesquecível título para ser decidido nas penalidades máximas. Na garra. Na dor.

Abriu a contagem a favor da Argentina, sofreu mais um pouco e, com Emiliano Martínez em alta, pôde vibrar com - e como - um verdadeiro Dios. Feito alcançado. Para a partir de hoje caminharem juntos, lado a lado, como campeões mundiais e figuras inatingíveis de um país que respira e exala futebol.

Gigante. De cabeça erguida. Imponente. Acima de tudo, com a taça nos braços. Se ainda havia alguém ou algo capaz de desafiar ou criticar Lionel Messi, favor agora se esconder na insignificância dos amargurados e derrotados. O planeta, enfim, está todo aos pés dele. Para sempre.