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Tri da Argentina na Copa é resposta à 'panelinha' dos europeus na Nations

Gabriel Carneiro, Igor Siqueira, Danilo Lavieri, Pedro Lopes e Rodrigo Mattos

Do UOL, em Doha (Qatar)

18/12/2022 14h56

Classificação e Jogos

A vantagem que nós, europeus, temos é que sempre jogamos uns contra os outros e temos partidas de alto nível, como na Liga das Nações. Quando chegamos à Copa do Mundo, estamos preparados. Brasil e Argentina não têm esse nível. Na América do Sul, o futebol não está tão avançado quanto na Europa".

Envelheceu muito mal a declaração de Kylian Mbappé — embora ele tenha feito três gols na final de hoje (18). A Argentina conquistou o tri mundial ao vencer a França nos pênaltis, após empate no tempo regulamentar e na prorrogação.

Na primeira Copa do Mundo desde que a Uefa resolveu isolar ainda mais as seleções europeias do resto do planeta — formando uma "panelinha" —, a campeã foi a Argentina. Trata-se do primeiro título não-europeu e, ao mesmo tempo, sul-americano desde 2002, quando o Brasil conquistou o penta.

Não deixa de ser uma ironia diante da preocupação, do lado de cá do Atlântico, com um possível enfraquecimento das seleções sul-americanas pela falta de jogos contra europeus no ciclo. Ao mesmo tempo, os europeus levantaram o nariz — não só pelo fator Nations, mas também pelo número de títulos e finais entre si que fizeram em três das quatro Copas anteriores.

Só que, no Qatar, restou à França do próprio Mbappé o vice-campeonato. Inicialmente, a seleção francesa foi completamente dominada pela equipe sul-americana. Depois, reagiu com dois gols do camisa 10 francês. Na prorrogação, um gol para Messi e outro para Mbappé. A Argentina venceu nos pênaltis. No geral, uma atuação de alta competitividade por parte dos argentinos.

A Croácia, outra seleção europeia, fechou o pódio da Copa do Qatar, depois de desbancar Marrocos na decisão de terceiro lugar. Chegar às semifinais foi um resultado inédito para uma seleção africana, em uma façanha que ganhou peso por deixar pelo caminho a Bélgica (fase de grupos), a Espanha (oitavas de final) e Portugal (quartas). Todos times considerados de peso na celebrada Nations League.

Veja fotos do encerramento e da grande final da Copa do Mundo do Qatar

A Argentina teve um termômetro recente no enfrentamento contra europeus, que foi a Finalíssima, vencida sobre a Itália. O jogo aconteceu depois de um acordo entre Uefa e Conmebol para colocar frente a frente os campeões da Copa América e da Eurocopa.

Comercialmente, a Nations se mostrou um produto interessante, embora a Copa tenha mostrado que ela não foi tão decisiva assim para elevar o nível dos europeus de foram à Copa. O interesse na competição existe por parte da Conmebol, cuja aproximação à Uefa tem como planos colocar Brasil e Argentina para entrarem em competições no futuro.

Mas esse desejo não será concretizado até a Copa de 2026, já que a maioria das associações nacionais da América do Sul — o Brasil foi exceção — aprovou a manutenção do formato atual das Eliminatórias para a Copa. Com 18 datas, fica inviável abrir espaço para jogos de argentinos e brasileiros na Nations do Velho Continente.

O que a Fifa planeja para amenizar isso, numa tentativa de tomar as rédeas do processo, é lançar uma World Series. Nas datas Fifa de março, em anos pares, seleções de diferentes continentes poderiam se enfrentar em torneios amistosos. A entidade, no entanto, ainda precisa amadurecer e desenvolver a ideia, embora já tenha sido anunciada pelo presidente Gianni Infantino.

Por ora, a Argentina respondeu em campo e de forma contundente ao elitismo de Mbappé. Messi se consagrou no Qatar e agora são os europeus que precisam trabalhar para voltarem ao topo do mundo. Hoje, os donos são sul-americanos.