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Brasil estaria à altura da final histórica entre França e Argentina?

Neymar, da seleção brasileira, em jogo contra a Croácia pela Copa do Mundo - JEWEL SAMAD / AFP
Neymar, da seleção brasileira, em jogo contra a Croácia pela Copa do Mundo Imagem: JEWEL SAMAD / AFP
, Danilo Lavieri, Igor Siqueira, Gabriel Carneiro e Pedro Lopes

Dos enviados do UOL a Doha

19/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

A final da Copa-2022 entre Argentina e França impressionou pela qualidade técnica, alternativas táticas e intensidade exibidas durante a partida. Um total de seis gols e viradas no domínio, gols nos minutos derradeiros e dois craques incríveis, Mbappé e Messi, levaram o jogo a ser classificado por muitos como a maior decisão da história.

Sob o ponto de vista brasileiro, a partida também gera um debate sobre o nível da seleção em relação aos dois rivais. Desclassificado nas quartas, diante da Croácia, o Brasil estaria à altura de uma decisão como esta? Haveria condições de enfrentar em igualdade os dois finalistas?

Não há respostas objetivas para essas duas perguntas. Não existe "se" no futebol: é impossível determinar exatamente o que aconteceria caso o Brasil tivesse passado dos croatas e jogasse na semifinal e na final, respectivamente, contra Argentina e França. Mas é possível apresentar fatos para alimentar um debate racional e lógico. Vamos a eles:

O que indica que o Brasil não está à altura dos dois rivais

1) França e Argentina têm em seus craques, Messi e Mbappé, jogadores com desempenho muito melhor em Copas do que o principal atleta da seleção, Neymar. O brasileiro tem oito gols em 13 partidas em um total de três edições do Mundial.

Com apenas 23 anos, e duas Copas, Mbappé já tem 12 gols em 14 jogos no evento. Foi mais saudável e mais eficaz do que Neymar nos Mundiais. Com quatro edições, Messi tem 13 gols. Ambos já tinham levado seus times até a final do Mundial anteriormente.

2) Tite fez mais mudanças no time do que na Copa-2018, com a inclusão na estreia de três atacantes e deslocamento de Neymar para o meio-de-campo. Foi uma evolução em relação à Rússia quando se manteve fiel à mesma formação até o final.

Mas continua a ser um treinador mais conservador do que Scaloni e Deschamps. O técnico argentino trocou a escalação para a final da Copa, com a inclusão de Di María, para explorar fragilidades do rival. Já o técnico francês tirou dois atacantes titulares, Giroud e Dembélé, antes de acabar o primeiro tempo, porque via que seu time estava sendo dominado.

3) O Brasil não tem um goleiro com a capacidade de decisão de Dibu Martinez nas penalidades. Ele foi protagonista em duas disputas, Holanda e França. Pegou pênaltis e mostrou capacidade de desestabilizar os adversários, como fez com Tchouámeni, em que jogou a bola longe após fanfarronices. Além disso, fez uma defesa decisiva no lance final de Kolo Mouani.

4) O Brasil chegou à semifinal da Copa pela última vez em 2014. Em cinco edições, parou nas quartas-de-final em quatro ocasiões. A Argentina já tinha disputado uma final em 2014. E a França jogou sua terceira no período de 20 anos.

O que indica que o Brasil, sim, estaria à altura da final

1) O Brasil já enfrentou a Argentina durante o ciclo da Copa-2022 e houve equilíbrio nos resultados. A seleção venceu os argentinos em uma semifinal de Copa América, e perdeu em uma final. Derrotou os rivais em um amistoso, e foi derrubada em outro. Houve ainda um empate pelas eliminatórias.

Há um detalhe: as vitórias brasileiras foram obtidas no início do ciclo, e as argentinas no final. E a última partida entre os times foi em novembro de 2021, isto é, há um ano. Ou seja, isso mostra que o time de Scaloni evoluiu.

O Brasil também teve uma campanha nas eliminatórias superior à da Argentina. Acabou como 1º lugar, com 14 vitórias e 3 empates.

2) Excluídos da análise os craques dos times, a seleção brasileira tem um nível de elenco abaixo da França, mas superior ao da Argentina. É o que se pode constatar pelo nível das ligas onde jogam brasileiros, argentinos e franceses.

O time de Tite tem atacantes do Real Madrid, Tottenham e PSG. Seus zagueiros são do PSG e Chelsea, assim como os laterais da Juventus. Além disso, há Casemiro, volante de nível mundial. Estão acima dos argentinos, que têm como principal atacante Julián Álvarez, do City, e Lautaro Martínez, da Inter. De resto, os argentinos têm vaga ainda em times de menor porte, ainda que estejam em ascensão, como Enzo Fernández.

Em relação à França, a seleção brasileira tem menos opções se consideramos todos os jogadores disponíveis. Seu ataque ideal seria composto por Dembélé, Benzema (fora por contusão) e Mbappé, que superaria o brasileiro. Além disso, mesmo com contusões, teve várias opções para o meio como Tchouaméni, Rabiot e Griezmann. A maioria atua em times grandes.