O gênio do atacante Antonio Cassano rendeu até um neologismo criado pelo técnico italiano Fabio Capello: as "Cassanatas". A última fez com que ele perdesse o emprego. Após se recusar a acompanhar o presidente da Sampdoria em uma premiação, o jogador discutiu com Riccardo Garrone, xingou o chefe e foi demitido do clube. A atitude chegou a surpreender porque, depois de se casar e ter filhos, Cassano havia mudado radicalmente seu comportamento. Depois da recaída, ele pediu desculpas publicamente, mas o presidente já avisou que ele não veste mais a camisa da Sampdoria. Restará ao seu próximo clube torcer para que outra dessas "Cassanatas" não se repita.
Aos 19 anos, Antonio Cassano era conhecido como a "joia de Bari", e foi comprado pela Roma por 30 milhões de euros, cerca de R$ 67 milhões. Desde então, sua carreira passaria a ser marcada não só pela habilidade como atacante, mas também pela sua rebeldia. Na Roma, ele arrumou briga com o técnico Fabio Capello pela sua falta de disciplina nos treinos. Como se não bastasse, criou rixa com o capitão Francesco Totti, e teve sua passagem marcada ainda por uma discussão com o juiz na final da Copa da Itália de 2003, em que fez o sinal de "corno" para o árbitro.
A relação "dócil" de Cassano com Capello teria um novo capítulo no Real Madrid. Antes de um jogo contra o Espanyol, ele foi flagrado pela leitura labial fazendo críticas ao técnico e debochando junto com o francês Diarra. Até Ronaldo Fenômeno participou da brincadeira, mas sobrou mesmo para o italiano, que já estava desgastado pelo seu excesso de peso. Como o apelido de "El Gordo" já era de Ronaldo, Cassano passou a ser chamado de "Gordito". E não demorou a ser liberado, já na temporada seguinte. O então presidente do Real, Ramón Calderón, chamou o comportamento do atacante de "insustentável".
Se Cassano tem dificuldade de se relacionar com seus técnicos, colegas e dirigentes, imagine com os árbitros. Já na Sampdoria por empréstimo após sua passagem apagada pelo Real Madrid, o atacante levou sua revolta com o juiz a tal ponto que decidiu abandonar o jogo. Aos 38 minutos do segundo tempo da partida contra o Catania, Cassano não gostou de uma marcação e resolveu sair de campo. Os colegas tentaram convencê-lo a voltar, mas o técnico precisou mesmo gastar uma substituição. Na ocasião, o presidente da Sampdoria, Riccardo Garrone (f), defendeu o atacante e disse que ele estava lesionado.
Gestos obscenos e chantagem emocional já não eram suficientes, e Cassano enfim resolveu ser mais prático em suas táticas de intimidação aos juízes no jogo da Sampdoria contra o Torino, em 2008. Expulso aos 43 minutos do segundo tempo, o atacante por pouco não bateu no árbitro Nicola Pierpaoli. Seus companheiros evitaram um incidente maior, mas Cassano não se aquietou. Tirou a camisa, jogou no gramado e chamou o juiz para a briga: "Te espero aqui fora". Depois, ele pediu desculpas, mas não evitou a punição com multa e cinco jogos de suspensão.
Lembra quando Maradona prometeu ficar pelado se a Argentina fosse campeã? Para Cassano, isso é normal. Basta uma vitória sobre o seu ex-clube, a Roma, para ele ficar só de cueca desfilando pelo campo, como aconteceu no começo do ano. Mas ele já tinha feito isso quando jogava pela própria Roma, e também pela seleção italiana, quando se classificou na Eurocopa de 2008. Ele repetiu o gesto também na vitória sobre o Sevilla na Copa da Uefa do ano passado, e não teve vergonha de abraçar o técnico José Mourinho sem roupa quando a Sampdoria eliminou a Internazionale da Copa da Itália de 2009.
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