Jovem promessa pretende se espelhar em ídolo para evitar quedas de rendimento, como em 2009
O atacante Neymar carregou antes mesmo de iniciar sua trajetória no futebol profissional um fardo que costuma 'derrubar' jogadores: o de ser a esperança de um time para retomar o caminho dos títulos após a saída de Robinho.
O início dos dois foi até parecido: tanto Neymar quanto Robinho deram alegrias aos torcedores logo de cara e largaram o status de promessa para assumir o de ídolo de uma torcida carente de referência após a aposentadoria do Rei Pelé.
Mas Neymar não manteve o ritmo, e caiu de produção no semestre passado. E em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o jogador aponta a falta de experiência como profissional como o principal motivo para que isso acontecesse.
Na entrevista, Neymar faz questão de reverenciar o retorno de Giovanni, a quem considera um ídolo mesmo sendo companheiro de equipe. O jogador fala em assumir responsabilidade, que está longe de ser craque e que quer recompensar o carinho do torcedor santista com títulos em 2010.
UOL Esporte: Você despontou no Paulista, depois teve uma queda de rendimento, e no final do ano voltou a jogar bem. A que se deve esta oscilação?
Neymar: Ah, acho que a idade e a falta de experiência. A medida que a gente vai pegando o ritmo de trabalho, mais experiência, vai ajudando. O ano passado para mim foi um aprendizado, já que era a minha estreia.
UOL Esporte: O Mancini e o Luxemburgo sempre tiveram muito cuidado ao te lançar, com medo de ‘queimar’ a sua carreira. Como cada um colaborou no seu futebol?
Neymar: O Mancini e o Luxemburgo me ajudaram bastante. O Mancini me deu oportunidade para jogar. O Luxemburgo me deu quando eu já estava jogando. Ele me tentou fazer crescer e entender como é o futebol. Tanto que depois com ele no fim do ano eu já estava mais esperto, mais amadurecido, e fui bem.
Trato o Giovanni como um ídolo ainda, pois ganhou muitas coisas, muitos títulos, é um craque. Não é só porque está do meu lado que deixo de achar que ele é meu ídolo
UOL Esporte: Você acha que ficou mais do que deveria na reserva neste ano? Como você encarou isso? Deu para tirar algo de lição?
Neymar: Não penso dessa forma [ser ruim ficar na reserva]. Eu tenho é que estar bem, mostrando meu trabalho e treinando bem. O que aconteceu comigo foi também porque o Vanderlei [Luxemburgo] foi me conhecendo aos poucos. Mas o momento que eu fiquei na reserva foi muito bom como aprendizado.
UOL Esporte: Após o jogo contra o Mogi no Paulistão, você mostrou sua idolatria pelo Giovanni. Esperava que um dia pudesse jogar com ele? Ansioso para que isso aconteça?
Neymar: Não pensava que jogaria com ele agora. Trato o Giovanni como um ídolo ainda, pois ganhou muitas coisas, muitos títulos, é um craque. Não é só porque está do meu lado que deixo de achar que ele é meu ídolo.
UOL Esporte: Você tem consciência de que você, Giovanni e Robinho representam as três últimas gerações promissoras do Santos? Chegou a sua vez da sua geração?
Neymar: Acho que sim. É a hora da nossa geração. Ainda mais agora com o Giovanni, que voltou ao Santos para mostrar tudo que sabe e conquistar título. Se Deus quiser vai dar tudo certo.
UOL Esporte: Você teme que o sucesso da geração do Robinho crie uma pressão exagerada na sua? Se vê preparado para enfrentar a muito provável cobrança da torcida santista?
Neymar: Estou preparado para essa pressão da torcida. Ano passado já foi assim. Esse ano não vai mudar nada.
UOL Esporte: Como você vê a ‘briga’ do meio para a frente no Santos? Você, Giovanni, Marquinhos, Madson, Ganso e André brigam por quatro posições na sua análise?
Neymar: Depende do estilo de jogo dele [Dorival]. Não estou preocupado em ser titular, mas sim em jogar futebol e me tornar um grande jogador. Esses seis jogadores são de qualidade, fora os outros que você não citou. Tem muito jogador bom aqui.
UOL Esporte: Você já se considera um craque ou acha que está se preparando para ser?
Neymar: Estou me preparando para ser, ainda não sou. Tenho 17 anos, ainda não sou nada. Necessito preparar bem para me tornar um craque como o Giovanni é. Tenho muita coisa para realizar na minha vida. Preciso treinar sempre.
Estou me preparando para ser, ainda não sou. Tenho 17 anos, ainda não sou nada. Necessito preparar bem para me tornar um craque como o Giovanni é. Tenho muita coisa para realizar na minha vida. Preciso treinar sempre.
UOL Esporte: Já teve algum tipo de conversa com o Dorival sobre o que ele espera de você para a temporada?
Neymar: Não tive nenhuma conversa [com o Dorival], mas achei o cara gente boa, muito legal, de grupo. Vamos pegando aos poucos o estilo dele. Acho que vai dar tudo certo.
UOL Esporte: O Robinho, desde que foi para a Europa, nunca conseguiu atingir o nível de futebol que desempenhou no Santos. Você vê nele um bom exemplo para esperar um pouco mais por proposta da Europa ou se pintar algo que agrade a você e ao Santos você iria?
Neymar: Não sei, depende mais do momento. Acho que tem muita coisa para acontecer no Santos ainda. Tem para acontecer de tudo: título, historia, gols...
UOL Esporte: A Copa de 2010 você irá assistir de casa. E a de 2014? Vê apenas como um sonho distante vestir a camisa da seleção principal ou acha uma meta viável?
Neymar: Não, tenho como meta estar na Copa de 2014. Mas se o Dunga me chamasse hoje, claro que eu iria (risos).
UOL Esporte: Como você analisa a passagem pela seleção sub-17? Por que paramos na primeira fase? Teme que este insucesso possa te atrapalhar na principal?
Neymar: Não tem nada a ver. O que aconteceu lá foi uma coisa que ninguém entende até hoje.
UOL Esporte: Qual é a sua meta para 2010? Quantos gols? Quantos títulos?
Neymar: Tenho metas que já vem sendo trabalhadas na cabeça, mas não parei para pensar muito nisso.
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