UOL Esporte Futebol
 
10/01/2010 - 07h01

Na comissão de Mano, filho de Lula atualiza pai boleiro sobre o Corinthians

Alexandre Sinato
Em Itu (SP)

ILUSTRE FAMÍLIA CORINTIANA

  • João de Sal/Folha Imagem

    Lulinha na festa de premiação do Paulistão-2008, quando integrava a comissão técnica do Palmeiras

  • Jorge Araújo/Folha Imagem

    Agora no time de coração do presidente, Lulinha informa o pai "boleirão" sobre os atletas do clube

Lulinha trabalha na preparação física do Corinthians e muitas vezes passa despercebido entre Ronaldo, Roberto Carlos e companhia. Orienta jogadores, carrega o material de treino e ajuda a comissão técnica. Mas o sobrenome famoso (Lula da Silva) indica uma peculiaridade: ele é filho do presidente do Brasil. Não à toa, seu telefone não para de tocar. Ávido por notícias do time, Lula encontra tempo entre despachos, reuniões e viagens para ligar diariamente para o filho.

 “Ele me liga todos os dias para perguntar como estão Ronaldo, Roberto Carlos... Pergunta se o Danilo está treinando bem. Outro dia, recebi umas fotos do pessoal do Corinthians e mandei. Ele parecia não acreditar. Meu pai é boleirão”, conta Lulinha em entrevista ao UOL Esporte.

Um dos três auxiliares de Walmir Cruz, Luís Cláudio Lula da Silva virou um “informante” do gabinete presidencial assim que chegou ao clube, no início deste ano. Transmite ao pai ansioso as impressões da equipe alvinegra durante a pré-temporada.

Lula desfruta de prestígio entre líderes mundiais, é um dos homens mais influentes da atualidade e goza de popularidade no Brasil. Quando o assunto é Corinthians, porém, ele é só mais um. Vive dominado pelas mesmas aflições de boa parte dos corintianos.

“Meu pai quer saber como o time está ficando para a Libertadores. Ele está louco pela Libertadores. Tento tranquilizá-lo e falo que os jogadores estão aproveitando muito bem o tempo aqui em Itu”, diz Lulinha.

FAMÍLIA EM PRANTOS

Não foi só o presidente quem chorou ao ver pela primeira vez o filme “Lula, o Filho do Brasil”, que entrou recentemente em cartaz e conta a trajetória do presidente desde a infância. Lulinha também foi à sessão especial realizada em São Bernardo do Campo no ano passado.

“Sou suspeito para falar, chorei como criança. Meu pai também chorou para caramba, é um filme muito bonito. É emocionante ver a história da sua mãe fazendo de tudo para te criar e ver a sua infância no telão”, diz Lulinha.

Aos 24 anos, o preparador esbanja simpatia e diz não gostar de política. O contato maior sobre o tema é em época de eleições, quando consulta o pai. “Fui criado tanto no meio disso tudo que acabei não pegando gosto pela coisa.” No entanto, seu parentesco lhe impõe alguns cuidados. Ele, por exemplo, é acompanhado 24 horas por dia por quatro seguranças. “No começo incomodou um pouco, mas me acostumei.”

 O preconceito também rondou Lulinha, que antes de chegar ao Corinthians trabalhou para São Paulo, Palmeiras e Santos. Ele já ouviu comentários de que só chegou tão cedo aos clubes grandes por ser filho do presidente. “Quem me contratou sabe que mereço estar aqui. Não importa o que falam, só importa a opinião de quem é do futebol e conhece meu trabalho.”

Lula se preocupou com as insinuações quando a proposta do Corinthians surgiu. O presidente é conselheiro do clube e não esconde de ninguém sua paixão. “Ele ficou receoso que falariam coisas por eu ser seu filho, mas depois conversou com o Andres [Sanchez, presidente do clube] e ficou muito feliz, com o sorriso de orelha a orelha.”

ELOGIOS E 'MEDO' DE DILMA

Lulinha conheceu Dilma Rousseff, ministra e pré-candidata à presidência, ainda na infância. E, garoto, tinha suas cismas. “Ela tem cara de brava, mas é muito gente boa. Quando eu era criança, eu pensava: ‘essa tia vai me bater’”, lembra o filho de Lula, entre risadas.

Mas como prefere não se envolver com política, Lulinha não revela para quem será seu voto nas eleições presidenciais deste ano. Apenas elogia a ministra. “Nos últimos quatro anos voltei a conviver mais com ela, é muito inteligente.”

Como o pai, Lulinha é corintiano. Nos últimos anos, ele afirma que deixou a paixão um pouco de lado ao trabalhar nos rivais. “Estou voltando a ser corintiano [risos]. Não dava para ficar torcendo para o Corinthians e trabalhando no Palmeiras.”

 Suas recordações de infância sobre futebol são marcantes. Ele confessa que Lula já chorou muito por causa do Corinthians. Feliz ou triste. “Na final do Mundial de 2000 ele quase teve um ataque cardíaco, chorava demais. E eu torcendo ajoelhado na frente dele. É um momento que vai ficar marcado para o resto da minha vida.”

A principal decepção foi no mesmo ano, na derrota para o Palmeiras nas semifinais da Libertadores. Na oportunidade, Marcos defendeu o último pênalti cobrado por Marcelinho Carioca. “Ele chorou bastante. Xingava o Marcelinho e o Marcos.” Atualmente, o motivo de alegria para Lula é ver o filho no clube de coração. Para deixar tudo mais perfeito, falta “só” o título da Libertadores.

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