14/01/2010 - 07h00

Privilegiados, 'vovôs' têm reforço muscular e treinos mais leves na pré-temporada

Do UOL Esporte

Em São Paulo*

Sávio é um dos que terá preparação diferenciada

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O mercado da bola brasileiro de 2010 apontou para uma tendência entre os clubes: optar por jogadores acima de 30 anos na hora de contratar. Mas se os ‘vovôs’ contribuem com a experiência no futebol, também levam aos seus novos clubes uma preocupação especial na questão da preparação física.

Partindo dessa premissa, o UOL Esporte entrevistou alguns preparadores físicos sobre o tipo de treinamento que deve ser aplicado aos ‘vovôs’. As respostas seguem a mesma linha: é necessário um reforço muscular e treinos mais leves para que eles possam aguentar a temporada disputada no país.

"Normalmente são atletas mais propensos a lesões musculares. É preciso cuidado na intensidade e no volume de exercícios, além do tipo de trabalho e cuidar bastante da musculação", disse Emerson Buck, preparador do Avaí, que terá o ex-flamenguista Sávio, 36, no seu elenco.

Além de Sávio, o mercado de transferências deste ano tem como destaque os veteranos Giovanni (38, Santos), Viola (41, Brusque), Marcelinho Paraíba (34, São Paulo), Edílson (39, Bahia), El Loco Abreu (33, Botafogo) e Dodô (35, Vasco), entre outros.

Mas o caso mais emblemático é o do Corinthians. Dos sete reforços confirmados, quatro tem pelo menos 30 anos: os meias Tcheco e Danilo (33 e 30), o atacante Iarley (35), e o lateral Roberto Carlos (36) – além deles, mais cinco ‘trintões’ estão no elenco.

VOVÔS PODEM IMPULSIONAR O MERCADO NACIONAL

Além de auxiliar dentro de campo, a chegada de jogadores experientes aos grandes clubes também pode se transformar em um grande incremento para o mercado do futebol. Segundo Amir Somoggi, diretor da divisão Esporte Total da consultoria Crowe Horwath RCS, o crescimento na utilização dos 'vovôs' pode fomentar a cultura de manutenção dos ídolos no país. "O Ronaldo, em seis meses, trouxe R$ 25 milhões que o Corinthians não tinha. Caso os veteranos consigam efeito similar, dentro dos padrões de cada clube, as instituições devem passar a avaliar se não é viável pagar R$ 2 milhões de salário a um ídolo jovem, que pode ajudar dentro e fora de campo. Por isso, os 'vovôs' podem criar um legado e transformar em realidade o que já acontece na Europa, Ásia e Estados Unidos", afirmou. No entanto, diferentemente de Ronaldo e até Roberto Carlos, que prestes a completar 37 anos assinou com o Corinthians, a nova safra de 'vovôs' acabou sendo uma saída barata aos clubes. Edilson, que fechou com o Bahia, receberá R$ 3 mil por cada jogo que disputar, transformando o salário em uma espécie de cachê.

Além de auxiliar dentro de campo, a chegada de jogadores experientes aos grandes clubes também pode se transformar em um grande incremento para o mercado do futebol. Segundo Amir Somoggi, diretor da divisão Esporte Total da consultoria Crowe Horwath RCS, o crescimento na utilização dos 'vovôs' pode fomentar a cultura de manutenção dos ídolos no país.

"O Ronaldo, em seis meses, trouxe R$ 25 milhões que o Corinthians não tinha. Caso os veteranos consigam efeito similar, dentro dos padrões de cada clube, as instituições devem passar a avaliar se não é viável pagar R$ 2 milhões de salário a um ídolo jovem, que pode ajudar dentro e fora de campo. Por isso, os 'vovôs' podem criar um legado e transformar em realidade o que já acontece na Europa, Ásia e Estados Unidos", afirmou.

No entanto, diferentemente de Ronaldo e até Roberto Carlos, que prestes a completar 37 anos assinou com o Corinthians, a nova safra de 'vovôs' acabou sendo uma saída barata aos clubes. Edilson, que fechou com o Bahia, receberá R$ 3 mil por cada jogo que disputar, transformando o salário em uma espécie de cachê.

A ‘maior idade’ do grupo do Corinthians obrigou o preparador físico Walmir Cruz a elaborar um treino específico para cada um. “A gente vai individualizar bastante os treinos. A carga para um jogador de 33 anos é diferente em comparação a um de 18, o corpo é muito diferente", explicou.

"É preciso saber onde cada um pode chegar. São exercícios diferentes para cada grupo de atletas. Cada treino faz determinados jogadores renderem mais e visa melhores resultados no futuro", completou.

Outro caso que chama atenção é o do Atlético-PR. O clube paranaense contratou dois colombianos (Vanegas, 33, e Serna, 30), que se juntam aos três ‘trintões’ de destaque na equipe – Paulo Baier, Alex Mineiro e Claiton (35, 34 e 31).

O preparador físico do clube, Riva Carli, reconheceu que os casos de Paulo Baier e Alex Mineiro necessitam de cuidados especiais. "Ele tem uma capacidade física e aeróbica muito boas e precisa mais de trabalho de força, de potência, para manter a massa muscular", disse sobre Paulo Baier.

Um trabalho especial também é feito com Alex Mineiro, que sofreu muitas lesões no passado. "O Alex requer estrutura na musculatura. Ele não pode perder força e massa magra, algo que se acentua com a idade. Neste caso entra também a alimentação, que é reforçada com complementos", declarou.

O Atlético-MG, agora com o técnico Vanderlei Luxemburgo, optou não só por manter mas também por apostar em dois veteranos como referências da equipe em 2010: Ricardinho e Júnior. O treinador conta com a experiência dos dois, mas reconhece que não poderá aproveitá-los sempre.

“Todo time precisa contar com a experiência de jogadores e no nosso grupo temos o Júnior, que é campeão mundial, além do Ricardinho, que ganhou tudo por onde passou. Então são jogadores que conto para a temporada e vão me ajudar ao longo dela. Mas não vamos colocá-los em todos os jogos, só em momentos importantes, alternados”.

Referência na área de preparação física, Antônio Mello não acredita que a idade pese no condicionamento dos atletas, mas sim a consciência de cada um em saber se cuidar da melhor forma.

“O mais importante são estes jogadores retribuírem ao elenco com a sua qualidade e a sua técnica. Já trabalhei com jogadores experientes que tinham uma condição física invejável e que se cuidavam. O mais importante é a consciência de cada jogador, isso que influencia em uma condição física adequada”.

*Com reportagem de Alexandre Sinato, Daniel Cassol, João Carlos de Santa e escritório de Minas Gerais.