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Excesso de calor e chuva afetam equipes, e atletas pedem 'bom senso' a dirigentes

UOL Esporte

Em São Paulo

06/02/2010 07h03

Calor em excesso, raios, tempestades, El Niño. Fora do normal, as intempéries das últimas semanas afetaram diretamente o cotidiano de clubes de futebol brasileiros.

CLIMA ATRAPALHA ROTINA DE EQUIPES

  • Divulgação/Grêmio

    Jogadores do Grêmio se refrescam durante partida contra o São Luiz, sob Sol de mais de 40 graus

  • No Maracanã, a sensação térmica beirou os 50 graus no jogo Fluminense 3 x 0 Bangu

  • Flávio Florido/UOL

    O Corinthians terminou seu treino antecipadamente temendo raios durante tempestade em SP

Na última quarta-feira, um episódio que já se popularizou pela Internet simboliza bem o calor que os gaúchos vêm enfrentando nas partidas do Estadual: durante a transmissão do jogo entre Grêmio e São Luiz, o ex-jogador e comentarista Batista desabou, desmaiado, enquanto analisava a partida diante das câmeras. Os termômetros do Olímpico marcavam 37º C.

CONFIRA O VÍDEO DO DESMAIO

E Batista estava nas cabines, à sombra. Já os jogadores tiveram de aguentar até 41º C, sem proteção. "A gente respeita a questão da televisão, mas isso é uma falta de respeito ao ser humano. Prejudica a saúde e o espetáculo", desabafou o zagueiro gremista Rafael Marques à Rádio Gaúcha.

Diante do problema sentido literalmente na pele, a Justiça do Trabalho gaúcha proibiu a realização de partidas das Séries A e B locais entre os horários de 10h e 18h, a pedido do Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Sul.

A decisão, anunciada na última quinta pelo juiz do trabalho Rafael da Silva Marques e aprovada por dirigentes de Inter e Grêmio, foi recorrida pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF), que teme problemas com as emissoras de televisão.

"Temos um compromisso, um contrato assinado dando autonomia à televisão para definir os horários", se defende o presidente da FGF, Francisco Noveletto. Ele propõe que a questão seja discutida apenas para 2011.

Rio 50 Graus

A falta de bom senso dos dirigentes também foi denunciada pelo atacante Fred, do Fluminense, após a vitória por 3 a 0 em cima do Bangu, há duas semanas. A partida foi realizada às 16h (na verdade às 15h, fora do horário de verão), sob um Sol de 39º C - dentro do Maracanã, se repercutia em uma sensação térmica beirando os 50º C.

“Dentro do possível até que fizemos um bom jogo, mas estava quente demais, o calor era insuportável. É uma situação quase desumana em campo. A sensação que senti era de pelo menos uns 50 graus. Os dirigentes deveriam repensar e mudar o horário dos jogos”, apelou o atacante.

Apesar da reclamação em uníssono por parte dos atletas, a Taça Guanabara continuará a ter jogos sob o inclemente Sol carioca: neste fim de semana, Vasco e Botafogo jogam às 17h (16h sem o horário de verão).

“Terra da Enxurrada”

Já em São Paulo, se um dia de verão começa ensolarado é sinal de que o mundo desabará ao fim da tarde. Com a passagem do El Niño, a situação só tende a piorar – somente nos três primeiros dias de fevereiro já choveu 30% do que é esperado para o mês.

Na última quinta-feira, as tempestades confirmaram a situação fora do normal. Enquanto a forte chuva de verão já alagava diversos pontos da capital paulista, a equipe do Corinthians teve de encerrar seu treinamento após meia hora de atividades, com medo de que os raios pudessem atingir os jogadores.

“Aqui em São Paulo não é nem o trânsito e os alagamentos que têm me assustado, já que moro perto do clube. O que mais assusta são os raios. Impressionante como tem ocorrido raio”, comentou o meio-campista Tcheco, na Fazendinha, zona leste da cidade.

Do outro lado da “Terra da Enxurrada”, a chuva causou queda de energia no Palestra Itália poucos minutos antes da partida entre Palmeiras e Portuguesa, que teve início às 17h. Além da imprensa, que viu sua sala inutilizada e que teve problemas para realizar a transmissão radiofônica do clássico, foram os poucos torcedores presentes que tiveram de aguentar, ensopados, uma partida comprometida pelas más condições do gramado.

O técnico Muricy Ramalho também apontou a falta de bom senso dos dirigentes da Federação Paulista. “Cinco horas da tarde, na quinta-feira, é pedir para ninguém ir. Depois reclamam que a torcida não vai. Não dá para entender quem marca esses jogos. Não pensam no torcedor, me lamento. Quanto à natureza não podemos dizer nada, fazia tempo que não tinha chuvas como essas”, declarou o comandante alviverde.

Quem escapou de chuva e calor foi o Cruzeiro, que decidiu uma vaga para a fase de grupos da Libertadores contra o Potosí na noite de quarta-feira e viu um bom público presente.

“Você jogando com o apoio de 40.000 torcedores, jogando uma vaga à noite, com mais tranquilidade, com uma temperatura mais fresca, até o torcedor grita mais, incentiva mais”, comemorou o técnico Adílson Batista na última sexta-feira, na Toca da Raposa.