21/04/2010 - 07h06

Estevam agradece apoio de Joel e diz: 'Também me sinto campeão estadual'

Pedro Ponzoni

No Rio de Janeiro

Joel Santana assumiu o Botafogo durante do Campeonato Estadual e mesmo tendo em mãos um grupo desacreditado, desafiou todas as previsões e conquistou o título no último domingo, após vitória da equipe sobre o Flamengo por 2 a 1, pela final da Taça Rio, segundo turno do regional. Nas comemorações, o técnico não esqueceu seu antecessor e fez questão de colocar que Estevam Soares também pode ser considerado campeão.

Estevam Soares observa uma atividade do Botafogo, quando ainda era técnico da equipe
O profissional foi um dos responsáveis por evitar o rebaixamento do time para a Série B, ano passado

O treinador, atualmente sem clube, ficou feliz e agradecido com as palavras de Joel. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o profissional concordou com o atual comandante do Botafogo e afirmou que torceu pelo clube mesmo após sua demissão.

Ele foi desligado um dia após o Alvinegro ser goleado pelo Vasco por 6 a 0, pela terceira rodada da Taça Guanabara. Na oportunidade, mesmo tendo recebido o apoio da diretoria após a partida, acabou sendo comunicado da demissão pouco mais de 24 horas após o compromisso disputado no Engenhão.

Ano passado, Estevam foi contratado durante a disputa do Campeonato Brasileiro, após a saída de Ney Franco e mesmo sob muita desconfiança ajudou a evitar o rebaixamento do Botafogo para a Série B do Campeonato Brasileiro. O alívio veio somente na última rodada, após a vitória sobre o Palmeiras por 2 a 1, no Engenhão.

Nessa conversa por telefone, o treinador colocou que o time pouco mudou desde sua saída e um dos méritos de Joel Santana foi recuperar alguns jogadores que vinham sendo criticados pela torcida, como Alessandro, Fahel, Lucio Flavio e Eduardo. O último acabou perdendo espaço durante a Taça Rio, mas no primeiro turno foi titular durante toda a campanha.

Confira a entrevista com Estevam Soares:

UOL Esporte – Como você recebeu as palavras de Joel Santana? Ele afirmou que você também pode ser considerado campeão.

Estevam – Fiquei feliz com as palavras dele. É difícil quando um profissional inicia o trabalho e não termina. Eu torci muito pelo Botafogo porque ninguém acreditava na conquista. Também me sinto campeão estadual.

UOL Esporte – Qual foi seu grande mérito quando o time foi entregue ao Joel? Até que ponto a pré-temporada disputada em Saquarema foi importante?

Estevam – No final do Campeonato Brasileiro do ano passado tinha dito que em 2010 o time precisava ter saúde. Acho que o título desse ano passou por isso. Lembro-me que quando cheguei ao clube, precisei de 40 dias para deixar meu time inteiro. Esse ano, todos os contratados tiveram perfis de atletas com poucas lesões. A pré-temporada, em Saquarema, foi uma das melhores que comandei. Em minha visão, entreguei o time voando nas mãos do Joel.

UOL Esporte – Quais jogadores do time campeão foram considerados suas apostas?

Estevam – Teve um jogador que eu apostei, assim como tinha feito com o Jobson, foi o Somália. Ele era um atleta desconhecido. Outro legado da minha parte foi o Caio. Eu lancei esse jogador. Ano passado, ele chegou a ser relacionado para dois jogos do Campeonato Brasileiro.

UOL Esporte – Caso você continuasse no clube, o time iria engrenar?

Estevam – Alguns jogadores melhoraram na parte física muito depois que eu saí. O Loco Abreu, o Herrera e o Marcelo Cordeiro, por exemplo, estavam “mortos” quando chegaram. O Somália passou por um trabalho especial com a nutricionista para entrar em forma. Após o jogo contra o Vasco, conversei com os atletas por uma hora e coloquei que seria importante dar a volta por cima. Felizmente, isso acabou acontecendo.

UOL Esporte – O time mudou muito após sua saída? Em sua opinião, como o Joel agregou valor ao time?

Estevam – O time não mudou. Da equipe que foi campeã do primeiro turno, por exemplo, somente o Fábio Ferreira não jogou comigo porque estava sem condições. O Wellington que estava jogando. Eu colocava o Fahel para atuar como terceiro zagueiro também. Acho que o grande mérito foi manter no time o Alessandro, o Fahel, o Lucio Flavio e Eduardo. Eles vinham sendo muito criticados pela torcida.

UOL Esporte – Como está sua vida após a saída do Botafogo? Recebeu alguma proposta para voltar a trabalhar?

Estevam – Estou aqui em São Paulo com a minha família esperando por um convite. Recebi algumas propostas do futebol brasileiro, mas elas não me interessaram.