Adilson afirma que é preciso mudar a mentalidade no futebol, mas se diz vacinado com cobranças
As declarações do diretor de futebol do Cruzeiro, Eduardo Maluf, indicando que o clube mineiro não fará mudanças no comando técnico da equipe em função de pressões externas não tranqüilizaram Adilson Batista. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, na Toca da Raposa II, o treinador demonstrou-se incomodado com a frequência de questionamentos sobre uma possível demissão.
“Essa pergunta tem sido feita sempre após o resultado negativo ou algumas vaias. Vejo alguns colegas de vocês sempre mais fervorosos, insistentes, e isso faz parte. Tenho ido à igreja, rezando, pedindo paz, discernimento, sabedoria, lucidez para que eu continue fazendo do meu trabalho o melhor para o clube, para a instituição, que sempre respeitei”, afirmou.
Adilson afirmou que não muda a auto-avaliação depois de vitórias ou derrotas. Entretanto, o treinador acredita que haja uma mudança de análise sobre seu desempenho à frente do Cruzeiro.
“Gostaria que as pessoas tivessem um pouco de cuidado na hora de comentar, na hora de escrever. É ser humano, é profissional, ninguém é o dono da verdade. Quando perdemos para o Ipatinga (eliminação nas semifinais do Campeonato Mineiro), a entrevista do Zezé (presidente Zezé Perrella), era ‘quando vai sair? Vai mandar embora? Até quando?’, comentou.
“Aí você faz dois grandes jogos (vitórias sobre o Nacional nas oitavas de final da Copa Libertadores), já muda, virei gênio. Não é assim o futebol. O Cruzeiro preza pela organização, planejamento e respeito. É evidente que tem dificuldades, é normal, faz parte do esporte. Precisamos conscientizar o torcedor. Não me sinto o expert quando ganho, nem o fracassado quando perco. Precisamos aprender a dividir”, acrescentou.
Pressionado desde a queda no Estadual, o treinador disse, no entanto, que está acostumado com as cobranças. “Estou bem tranquilo, bem consciente, mas é questão cultural e precisamos mudar essa mentalidade. Não preciso ficar provando que tenho capacidade de dirigir um time. Não estou aqui porque conheci o Zezé em 1989 e me tornei amigo. Estou aqui porque venho fazendo um trabalho desde 2001. Estou tranquilo. A cobrança é grande e a responsabilidade também, mas estou vacinado já”, afirmou.
Questionado sobre uma possível supervalorização do papel do treinador, tanto no êxito quanto na derrota, Adilson atribuiu as constantes pressões sobre os técnicos do futebol brasileiro à falta de educação da população brasileira.
“Gostaria que o governo desse um pouco mais de atenção na área da educação. Está aí o reflexo de muitas coisas. No futebol, ficou um espaço muito grande. Sou do tempo de três jornalistas na Toca I e duas televisões. Hoje, todo mundo fala de futebol e o dia inteiro”, comentou.
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