Má fase em campo, turbulência política, briga interna, insubordinação e demissões. O cenário descreve exatamente o momento do Palmeiras seis meses atrás, mas bem que poderia ser de hoje. Desde que Obina e Maurício protagonizaram uma briga no meio de um jogo em rede nacional pouca coisa ou praticamente nada mudou no Palestra Itália.
Obina e Maurício brigam no intervalo do jogo contra o Grêmio em 2009 e acabam afastados do clube
Na Copa do Brasil, Diego Souza respondeu às provocações da torcida com xingamentos e um gesto obsceno. Não quis se explicar e foi liberado
Na segunda-feira, Antônio Carlos brigou com Robert após um ato de indisciplina e foi demitido
Para aumentarem as coincidências, na noite de segunda-feira mais um desentendimento no ambiente interno do elenco veio à tona. E de maneira mais grave por envolver o técnico Antônio Carlos, que acabou demitido após três meses no comando.
A diretoria confirmou uma discussão entre o atacante Robert e o treinador no ônibus da delegação, ainda no Rio de Janeiro, depois do melancólico empate sem gols contra o Vasco, pelo Brasileiro. Isso porque os jogadores tiveram um tempo livre, mas três deles extrapolaram o horário permitido e Zago repreendeu a atitude. Robert não concordou.
Segundo a rádio Globo, as desavenças não ficaram no campo das ideias e ambos partiram para agressões físicas, trocando socos e pontapés. Tiveram que ser apartados até pelos outros jogadores presentes.
É inevitável a comparação com a briga entre Obina e Maurício no fim do ano passado, exatamente seis meses atrás, em 18 de novembro. Na ocasião, os dois caminhavam para o vestiário no intervalo do jogo contra o Grêmio, no Olímpico, quando começaram a discutir sobre o lance do primeiro gol adversário.
O zagueiro tentou desferir um tapa sobre o companheiro e em seguida levou um soco do atacante. Resultado: ambos foram expulsos e o Palmeiras praticamente deu adeus à disputa do título brasileiro com a derrota por 2 a 0.
A cúpula alviverde se reuniu após a partida e decidiu pelo afastamento dos dois. As palavras do vice-presidente de futebol, Gilberto Cipullo, em Porto Alegre se confundem com o discurso do presidente Luiz Gonzaga Belluzzo na noite de segunda-feira após o episódio protagonizado por Antônio Carlos e Robert.
“Exigimos respeito à entidade Palmeiras. Quem se adequar, permanece. Não se pode admitir uma atitude como essa, que mancha a história do clube", disse Cipullo, na época. “Nunca tive noção de ocorrência semelhante no momento em que o time precisa se reafirmar. Tem que ter respeito ao clube, mostrar empenho e dedicação. É a carreira deles, foi uma atitude muito pouco profissional, não pode ser tolerada”, afirmou Belluzzo, à rádio Jovem Pan, recentemente.
A briga em 2009 já dava provas do racha no elenco, que se dividia no apoio ao alto salário de Vagner Love. Mas representou muito mais o ápice da tensão de um grupo que teve o Campeonato Brasileiro nas mãos e deixou escapar. O time liderou por 19 rodadas com boa vantagem à frente do segundo colocado, mas não evitou uma queda vertiginosa e ficou fora até da Libertadores.
Este ano não é diferente. O Palmeiras faz uma temporada para esquecer. Eliminado precocemente no Campeonato Paulista com uma das piores campanhas de sua história, caiu nas quartas de final da Copa do Brasil para o modesto Atlético-GO.
Ainda viu sua principal estrela, Diego Souza, ser afastada após se desentender e fazer gestos obscenos para a torcida e não dar explicações ao comando do clube. Mais uma das várias semelhança com o ano passado, quando Vagner Love preferiu se transferir para o Flamengo após entrar em conflito e partir até para a agressão física com um grupo de aficionados que cobrava por melhor desempenho em campo na porta de uma agência bancária, em São Paulo.
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