UOL Esporte Futebol
 
27/07/2010 - 15h36

Maradona recusa imposições de Grondona e deixa a Argentina

Das agências internacionais*
Em Buenos Aires (Argentina)
  • Maradona não aceita mudanças impostas por Grondona e deixa o comando da Argentina.

    Maradona não aceita mudanças impostas por Grondona e deixa o comando da Argentina.

No más. Devido a divergências com Julio Grondona, presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino), Maradona encerrou nesta terça-feira sua passagem no comando técnico da Argentina. Em nota oficial, a entidade confirmou a saída do treinador.

"O presidente da Associação de Futebol Argentino, Julio Grondona, apresentou aos membros do Comitê Executivo o que foi conversado com Diego Maradona, expondo os pontos da reunião. Por unanimidade e de forma plena, o Comtê Executivo decidiu não renovar o contrato de Maradona como treinador da seleção", informou a AFA.

Algumas horas antes, o preparador físico da seleção, Fernando Signorini, que acompanhou a equipe na Copa do Mundo da África do Sul, havia adiantado a saída do técnico. “A situação é irreversível. Grondona está acostumado a se impor e deveria agradecer à Maradona pelo seu desempenho na seleção”, apontou Signorini, em entrevista ao programa 90 minutos.

De acordo com o preparador físico, Grondona impôs a saída de alguns membros da comissão de Maradona já sabendo que o técnico se oporia ao ato e não continuaria.

“Ele (Grondona) sabia que seria assim. Ninguém é tão ingênuo para achar que Diego aceitaria. Não tenho dúvidas de que não o queriam. Maradona é uma pedra no sapato do poder”, finalizou Signorini.

Em 7 de setembro, a Argentina receberá a campeã do mundo Espanha, em Buenos Aires. Segundo a imprensa argentina, Sergio Batista, treinador das seleções de base, poderá assumir as funções de Maradona enquanto as inúmeras suposições sobre quem será seu substituto dominam as discussões do país.

Um dos favoritos ao cargo é Alejandro Sabella, atual técnico do Estudiantes de La Plata. Outros nomes bem cotados são os de Ramón Diaz, que está no San Lorenzo, e Américo Gallelo, atualmente sem clube.

À frente da seleção da Argentina desde outubro de 2008, Maradona viveu uma turbulenta e emocionante passagem. No início do trabalho, o time não possuía um esquema tático definido, o que gerou muitas críticas por parte da imprensa e torcedores. O auge destas foi em 2009, após a goleada por 6 a 1 imposta pela Bolívia, na altitude de La Paz. Ironicamente, Maradona anteriormente se manifestara a favor dos jogos em cidades muito acima do nível do mar, inclusive posando para fotos com o presidente boliviano Evo Morales.

No mesmo ano, a Argentina levou a partida contra o Brasil pelas Eliminatórias para Rosário, onde acreditava que com a força da torcida, conseguiria intimidar o time de Dunga. O resultado foi uma incontestável vitória brasileira por 3 a 1.

A classificação para a Copa do Mundo veio após um dramático triunfo sobre o Uruguai, em Montevidéu. Com um gol de Bolatti nos cinco minutos finais do jogo, a Argentina conquistou a vaga para o Mundial e Maradona respondeu bem à sua maneira às críticas que recebera durante seu trabalho.

Com pesados palavrões proferidos aos jornalistas, o técnico acabou sendo punido pela Fifa com dois meses de suspensão e uma multa. Posteriormente o treinador pediu desculpas, mas apenas às mulheres e crianças.

Na Copa do Mundo, a Argentina, liderada por Messi dentro de campo, mostrou um futebol ofensivo que imediatamente a credenciou como grande favorita ao título. Passou fácil pelo seu grupo e eliminou o México nas oitavas de final, com um gol irregular de Tevez quando a partida ainda estava 0 a 0.

Mas o último capítulo de Maradona com a seleção foi o pior possível. Como em 2006, e novamente nas quartas de final, os alemães apareceram no caminho. Quando o povo argentino ainda comemorava a eliminação brasileira no dia anterior, o time de Maradona foi atropelado por Klose e companhia no gramado do Green Point, na Cidade do Cabo, com um placar inapelável de 4 a 0. O sonho de conquistar a terceira Copa foi adiado.

Eliminados, os argentinos foram recebidos com festa por mais 20 mil torcedores no aeroporto de Buenos Aires e havia um clamor popular para que Maradona permanecesse no cargo. Nas últimas semanas, o treinador não se pronunciou, o que aumentou o suspense. Mas com a atitude de Grondona, premeditada ou não, um dos mais carismáticos treinadores a passar por uma Copa do Mundo deixou o seu cargo. Tal como no Brasil, resta à Argentina começar uma nova era.

 *Atualizada às 18h07

Placar UOL no iPhone

Hospedagem: UOL Host