![]() Anelka criticou Domenech por cena no fim do jogo contra a África do Sul |
Nicolas Anelka foi um dos protagonistas do fiasco francês na Copa do Mundo, quando a seleção foi eliminada ainda na primeira fase e viveu grave crise interna. O atacante foi excluído da seleção após discutir com o então treinador Raymond Domenech no intervalo da partida contra o México. O episódio motivou a “greve” que os atletas fizeram em seguida, recusando-se a treinar. Em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal France Soir, Anelka revelou detalhes da polêmica conversa e disse que Domenech deveria se envergonhar pela recusa em cumprimentar Carlos Alberto Parreira.
Discussão entre Domenech e Anelka no vestiário
se tornou manchete do L'Équipe e aumentou crise
“O técnico, e não os jogadores, deve se envergonhar após se recusar, na frente do mundo inteiro, a cumprimentar o técnico da África do Sul. [Carlos Alberto Parreira]. Eles dizem que não tenho respeito? Eu não respeito camicases. Se ele queria se matar, deveria fazer sozinho, e não nos envolver”, criticou, referindo-se à cena ocorrida ao final da partida entre França e África do Sul.
O jogador deu sua versão sobre a discussão com o treinador. “Todos querem saber. Decepcionarei muitos que pensaram em ficções de Hitchcock. Para falar a verdade, não foi nada de emocionante. Entramos no vestiário e os jogadores conversaram durante cinco minutos. O técnico [Domenech] chegou e me disse: ‘Nico, já te disse para parar de recuar e continuar na frente’. Eu lhe disse que, se eu seguisse avançado, não tocaria na bola”, disse o jogador.
Anelka relatou que Domenech insistiu no assunto, o que o irritou. “Não escutava mais o que ele me dizia. O técnico conseguiu tirar meu espírito do jogo; foi quando ele me disse ‘então você sai’ e pediu para chamar Gignac para entrar em campo. “Sem problema, faça sua equipe”, respondi, e fiquei resmungando no meu canto coisas que ficarão no segredo do vestiário, mas em momento algum foram as palavras que li no L’Équipe”, explicou.
O atacante se referiu à manchete do jornal francês sobre o episódio. A publicação estampou em sua capa a frase “Vá tomar no..., sujo filho da p...”, que teria sido dita por Anelka após se desentender com Domenech. “Não foi somente difamatório, mas assassino”, criticou o jogador.
Anelka revelou que pensou em deixar a seleção após o amistoso contra a Tunísia, pouco antes da Copa. “Já estava doente por jogar daquela forma, mas três jogadores me pediram para ficar. Continuei, mas não deveria. Meu maior lamento é que não tive chance de jogar na minha melhor posição. Se o técnico queria alguém para jogar dentro da área, não deveria ter me chamado. Ele errou na convocação”, analisou.
Por fim, o atacante ainda espera algo do treinador. “Gostaria de vê-lo confessar ao mundo que não usei aquelas palavras. Desejo que ele tenha a honestidade de dizer isso para a mãe dele também”, completou.
Conheça a carreira de mais de 10.000 atletas